Com o aumento do IPCA no mês de outubro, a inflação acumulou alta de 8,24% no ano e de 10,67% nos últimos meses – o maior índice para um intervalo de doze meses desde janeiro de 2016, quando chegou a 10,71%. Segundo Tarcísio Duarte, assessor de investimentos e sócio da Philos Invest, esse é um cenário esperado com a pandemia. “Todos os preços aumentaram, principalmente em logística e transporte. Falando de investimentos, estamos batendo muito na tecla de que esse é um bom momento para ser mais conservador”, ressalta.
De acordo com estimativas do boletim Focus, a pressão da inflação tende a permanecer em alta. Segundo a última divulgação do levantamento, a inflação prevista para 2021 é de 9,77%, enquanto a Selic deve fechar o ano em 9,25%. “Entendo que os investidores precisam ter uma “pimentinha” a mais na carteira para longo prazo, com ativos de risco, mas é o momento de concentrar um pouco mais em renda fixa“, avalia Tarcísio Duarte.
Ativos atrelados à inflação continuam em destaque. Uma boa opção são os títulos públicos, como o Tesouro IPCA+, que combina uma taxa prefixada com uma rentabilidade indexada à inflação e medida pelo IPCA. “É muito provável que essa inflação não se mantenha a longo prazo. Nesse caso, independentemente do que acontecer com ela, você vai ter um juro real positivo”, explica o assessor. Em linhas gerais, para ganhar da inflação, você deve ter em mente a importância de diversificar suas escolhas.
De olho nos fundos imobiliários
Outra opção em investimentos com a alta da inflação são os fundos imobiliários. Nesse momento, segundo Tarcísio, o ideal é optar pelos fundos de papel, já que o período ainda é nebuloso e os fundos de tijolo podem continuar instáveis. “Esses fundos não dependem dos imóveis alugados, que podem ser prejudicados por uma série de fatores. Os FIIs são bons investimentos para quem quer viver de rendimentos. Outra opção interessante e ainda nova no mercado são os fundos imobiliários do agronegócio, conhecidos como Fiagro”.
Por fim, o assessor também destaca os ativos dolarizados, ou seja, aqueles que são cotados e negociados em dólar e que estão ligados à economia estadunidense. Em caso de piora do cenário macroeconômico, a tendência é o dólar subir. Assim, pode ser interessante ter uma parte dos investimentos em BDRs ou fundos cambiais, por exemplo. “Hoje não faz mais sentido o investidor brasileiro só ter exposição a ativos locais. Os ativos estrangeiros estão cada vez mais acessíveis, com barreiras menores”, ressalta Tarsício Duarte.