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Como investir na Europa a partir do Brasil? Confira as opções disponíveis
Investir no mercado europeu pode ser uma ótima opção para diversificar a carteira e, ao mesmo tempo, diminuir a exposição à turbulência da economia brasileira. Mas, afinal, como investir na Europa a partir do Brasil? A Inteligência Financeira mostra o caminho.
Por que investir na Europa?
Ao lado do dólar norte-americano, o euro é uma das moedas mais estáveis do mundo. Logo, a parcela dos investimentos que estão em euro normalmente mantém o poder de compra. Assim, a moeda da União Europeia serve como porto seguro em momentos de crise econômica e de tensão nos mercados.
“Entre as vantagens significativas de se investir na Europa, encontramos a exposição a uma das moedas mais fortes do mundo. Isso pode oferecer benefícios em termos de diversificação de ativos em moedas além do dólar. Sem esquecer que o mercado europeu de ações abriga algumas das empresas mais renomadas e bem-sucedidas do mundo”, pontua Thiago Armentano, analista-chefe de ativos globais do Simpla Club.
Nesse sentido, Armentano destaca “exemplos notáveis” daquele continente. Ele cita gigantes da indústria como a LVMH, líder em artigos de luxo, a BMW, uma das principais fabricantes de automóveis, e a Adidas, marca global de esportes e estilo de vida.
“As empresas europeias que tiveram bom momento recente foram as empresas de luxo, justamente pela volta do consumidor chinês. Essas empresas acabaram se beneficiando um pouco mais. Além disso, a gente viu um europeu dono de marcas de luxo se tornar o homem mais rico do mundo no ano passado. Isso foi bem emblemático”, analisa Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Investir na Europa a partir da bolsa dos EUA? Sim, é possível (e fácil)
Quando se pensa em investir no exterior, via de regra, os EUA são a primeira opção. Thiago Armentano reforça que é comum investir no mercado americano devido ao seu tamanho significativo.
Ele cita também a diversidade de ativos disponíveis, além de grande parte das receitas dessas empresas virem de fora do país. Nesse sentido, nos Estados Unidos, os investidores têm acesso a uma ampla gama de opções de investimento, incluindo ações, REITs, ETFs e muito mais.
“Além disso, vale destacar que muitas empresas europeias optam por listar suas ações nas bolsas americanas. Isso proporciona aos investidores a oportunidade de investir nelas por meio das ADRs (American Depositary Receipts), um mecanismo semelhante aos BDRs aqui no Brasil”, explica o analista especialista em investimentos no exterior.
Vale a pena investir na Europa neste momento?
Segundo Armentano, embora o cenário atual apresente alguns desafios importantes, como a persistente inflação e a tensão resultante da guerra na Ucrânia, a Europa continua a oferecer boas oportunidades de investimento.
O analista diz ser crucial que o investidor não foque em ruídos momentâneos. Sendo assim, ele reforça a necessidade de se adotar uma perspectiva de longo prazo. “Os desafios de curto prazo podem criar volatilidade nos mercados. Porém, os investidores que têm paciência frequentemente colhem os benefícios da estabilidade econômica e das sólidas oportunidades de crescimento que a Europa ofereceu ao longo da sua história”, afirma Armentano.
Para Gustavo Cruz, “pensando na conjuntura atual, é necessário ficar atento porque a economia na Europa está desacelerando, talvez até mais cedo do que nos EUA”.
“Estamos vendo reflexos de uma economia um pouco mais frágil, de uma Alemanha, que depende muito da indústria, tendo ano ruim. Tudo isso está acontecendo por lá, mas isso não quer dizer que não existam opções interessantes. Por ser uma região bem diversificada, com empresas em diferentes setores, sempre vai ter posições atraentes”, avalia o estrategista-chefe da RB Investimentos.
É fácil investir na Europa?
Há quem pense que aplicar dinheiro fora do país, seja na Europa ou nos Estados Unidos, é algo muito difícil. Mas não é bem assim. “Hoje em dia, os mercados estão cada vez mais acessíveis e democráticos aos brasileiros, diferentemente da falta de opções que se tinha alguns anos atrás. Pode-se acessar vários mercados no mundo todo, inclusive o europeu, por meio de uma corretora brasileira, ou até mesmo através do mercado norte-americano”, explica Armentano.
Em relação às empresas europeias em alta neste momento, Armentano cita duas gigantes: a francesa LVMH Moet Hennessy e a ASML Holding. Também destacada por Gustavo Cruz, a primeira é o maior conglomerado de luxo do mundo, com Louis Vuitton, Moët & Chandon, Hennessy, Dior, Fendi, TAG Heuer, Bulgari e Tiffany & Co em seu portfólio. E, como dissemos, seu fundador, Bernard Arnault, é uma das pessoas mais ricas do planeta pela revista Forbes.
Já a ASML Holding é a empresa líder no setor de semicondutores que são utilizados no mundo todo. A empresa possui sede na Holanda, mas com escritórios e fábricas em todo o mundo, com as ações negociadas na bolsa de valores de Amsterdã e de Nova York.
Além disso, o estrategista-chefe da RB Investimentos acrescenta que “qualquer empresa europeia que esteja conectada à fronteira tecnológica de saúde ou à fronteira tecnológica da área da Inteligência Artificial está realmente em um bom momento”.
Como investir na Europa: confira quatro opções
Além de BDRs diretamente, o investidor brasileiro pode acessar o mercado europeu principalmente por meio de ETFs, que são fundos de índice negociados em bolsa. Também vale explorar fundos de investimento voltados para ativos internacionais.
“Há fundos disponíveis nas plataformas que investem só na Europa, ou fundos internacionais, ou mesmo fundos multimercado que acompanham o mercado europeu, que fazem posições em crédito corporativo, em dívidas de governos locais, em ações etc. E isso tudo está disponível para o brasileiro, sim”, destaca Gustavo Cruz, da RB Investimentos.
“No entanto, é crucial que o investidor esteja atento às taxas de administração cobradas pelos gestores, que, em alguns casos, podem ser mais elevadas do que o desejado”, alerta Armentano.
A seguir, confira as principais formas de investir na Europa a partir do Brasil: ETFs, BDRs e fundos de investimento.
ETFs
Uma das maneiras mais fáceis para investir na Europa é comprar ETFs, também chamados de fundos de índices. A negociação ocorre por meio da B3. São fundos de investimentos que visam replicar a carteira teórica de um índice do mercado financeiro, refletindo o seu desempenho. Por essa razão, eles são conhecidos como fundos de gestão passiva.
O primeiro ETF lançado no Brasil com foco em ações europeias é o Trend ETF MSCI Europa, negociado por meio do ticker EURP11. O fundo replica a carteira teórica do MSCI Europe, índice que engloba empresas de média e alta capitalização de mercado da Europa. O ETF EURP11 possui uma taxa de administração de 0,39% ao ano.
BDRs (Brazilian Depositary Receipts)
Outra maneira simplificada de obter exposição ao mercado europeu é por meio da compra de BDRs (Brazilian Depositary Receipts), também conhecidos como certificados de depósito de valores mobiliários, que representam ativos internacionais na B3. Nesse caso, o investimento nos ativos europeus se dá de forma indireta, já que os certificados são lastreados nessas ações.
Na B3, é possível encontrar BDRs de empresas como AstraZeneca (A1ZN34), Unilever (ULEV34), Deutsche Bank (DBAG34), Credit Suisse (C1SU34), e Shell (RDSA34), entre outras.
Há, inclusive, os BDRs de ETFs, como é o caso do BIEV39. Esse BDR representa o ETF iShares Europe, que, por sua vez, acompanha o S&P Europe 350. O índice S&P Europe 350 é composto por 350 empresas líderes de primeira linha, provenientes de 16 mercados europeus desenvolvidos.
Fundos de investimento
Também é possível alocar recursos na Europa por meio de fundos de investimento internacionais. Nessa modalidade, os investidores adquirem cotas do fundo e os recursos são aplicados em conjunto no mercado acionário europeu por um gestor profissional.
O Jupiter European Growth Advisory FIA IE é um exemplo desse tipo de fundo. O fundo investe majoritariamente em ações de empresas da Europa com perspectivas de alto crescimento, sendo a carteira composta tipicamente por 35 a 45 papéis.
Em relação a esses fundos, o investidor deve ficar atento porque, além das taxas de administração, terá de pagar, em alguns casos, taxas de performance.
Conta em corretora da Europa
Para quem busca mais autonomia na hora de investir no mercado europeu, a opção mais indicada é a abertura de uma conta internacional em uma corretora europeia.
Porém, não é um caminho muito simples. Além de apresentarem pré-requisitos distintos para a abertura de conta, algumas não aceitam brasileiros.
A grande vantagem de investir por esse caminho é justamente o acesso a mais opções de produtos da Europa do que os oferecidos nas corretoras brasileiras, que contam com a opção de investimento no exterior por meio de contas internacionais. Portanto, a partir do Brasil, é ainda muito mais fácil ter acesso às opções do mercado norte-americano quando comparadas às alternativas do mercado europeu.
Além disso, com uma conta em uma corretora europeia, você vai ter mais liberdade na escolha dos ativos, sobretudo dos títulos de renda fixa europeus, que normalmente não são oferecidos pelas instituições brasileiras. Vale lembrar que os ETFs com exposição a títulos de renda fixa europeus disponíveis no Brasil são muito limitados.
As desvantagens de investir a partir de uma conta de uma corretora da Europa, porém, incluem gastos adicionais com IOF (imposto sobre operações financeiras), câmbio e tributação.
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