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Equity crowdfunding está crescendo, mas só invista sabendo que você pode perder tudo
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O equity crowdfunding funciona como uma vaquinha de investidores
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Mudanças na regulação devem impulsionar o mercado em 2022
Nem todo mundo vai conseguir investir em um unicórnio no início de sua jornada e ter um retorno de 1.000%. Afinal, poucas pessoas conheciam marcas como C6 Bank, QuintoAndar, iFood ou 99 antes delas se tornarem o que são hoje. O mercado de equity crowdfunding percebeu isso e deu um jeito de conectar pequenos investidores a pequenas e médias empresas com potencial de crescimento. O objetivo é poder investir em empresas que precisam de capital inicial e abrem mão de uma parcela da sociedade para seus novos investidores.
O que é equity crowdfunding?
O equity crowfunding acontece quando várias pessoas se juntam para investir em uma empresa de capital fechado, em troca de uma participação societária. É como uma vaquinha de gente grande. O equity crowdfunding é mediado por plataformas online e alcança pequenas e médias empresas que querem expandir seus negócios, mas precisam de caixa para isto.
Hoje, 50 empresas operam plataformas nesse mercado no Brasil. Elas escolhem companhias que podem dar bons resultados no futuro e abrem para o público em uma rodada de investimentos. Os interessados encontram nas plataformas a história da empresa, um resumo de sua atividade e uma apresentação do que a companhia pretende fazer com o dinheiro arrecadado. A atividade é regulamentada pela CVM desde 2017.
É uma aplicação de altíssimo risco, afinal não há como prever o que vai ser da empresa no futuro. Camila Nasser, CEO do Kria, plataforma pioneira em equity crowdfunding no Brasil, tem um mantra que passa para seus clientes que é o seguinte: “não invista se não souber que pode perder todo o seu capital aportado”. Nesse tipo de investimento, a liquidez também é um desafio. O investidor pode precisar esperar até cinco anos para que a empresa compre de volta sua participação na sociedade.
Porém, com dois dos três pilares dos investimentos – risco e liquidez – se mostrando desafiadores nesse instrumento, o terceiro – rentabilidade – pode trazer uma grande recompensa. Tudo vai depender do desempenho da empresa.
O grande objetivo do equity crowdfunding é democratizar o acesso ao capital privado para empresas, já que empréstimos podem ser caros e difíceis de conseguir. Do lado do investidor, a ideia é dar a oportunidade de fazer um investimento rentável, que antes só era acessível a grandes investidores na bolha de fundos de private equity.
Quem pode entrar?
A oportunidade de se tornar sócio de uma pequena ou média empresa com faturamento de até R$ 10 milhões anuais está aberta a qualquer investidor. O valor mínimo do aporte varia entre as empresas, mas pode chegar a R$ 500.
O mercado atraiu investidores mais jovens em seus poucos anos de existência no Brasil. Patricia Stille, CEO da beegin, conta que a plataforma de investimentos alternativos tem investidores de 20 a 40 anos, aproximadamente. Eles investem, em média, R$ 30 mil nas empresas que procuram o equity crowdfunding. No Kria, o ticket médio é um pouco mais baixo, de R$ 9 mil.
Há investidores institucionais nas plataformas de crowdfunding, mas as pessoas físicas são maioria no mercado, que deve crescer ainda mais nos próximos anos. “As plataformas vão atrair cada vez mais gente à medida que a classe vai sendo difundida”, diz Patricia.
Para onde olhar
Como este é um mercado que apresenta oportunidades de alto risco, os interessados em colocar dinheiro em alguma empresa precisam analisar com cuidado os prospectos. Segundo Guilherme Champs, CEO do Champs Corporate Law, é preciso conhecer os fundadores da companhia, seus gestores e a organização societária, afinal, você fará parte dela.
Além disso, é muito importante saber para onde a empresa quer ir. As plataformas disponibilizam um material que a empresa prepara dizendo quanto quer arrecadar e o que fará com o dinheiro. “O investidor deve se perguntar se o time que está na empresa tem consistência para executar o que está sendo planejado”, diz Patricia Stille.
Mudanças para 2022
O mercado de equity crowdfunding no Brasil é regulado pela Instrução 588/2017 da CVM. Nela, a autarquia impôs alguns limites: as captações não podem passar de R$ 5 milhões e as empresas aceleradas não podem ter faturamento superior a R$ 10 milhões por ano. A CVM colocou esses limites como um teste para esse mercado, que se comportou bem e agora está prestes a ter regras mais flexíveis.
A nova regulação do mercado, que pode permitir captação de até R$ 10 milhões e divulgação intensa das ofertas, deve ser publicada no primeiro trimestre de 2022. Segundo Camila Nasser, a mudança regulatória vai permitir que o mercado triplique de tamanho.
Uma das mudanças mais aguardadas está no modo de divulgação das ofertas. Hoje, quando uma empresa vai ao mercado de equity crowdfunding, as plataformas não podem fazer propaganda da oferta. É permitido apenas comunicar que uma empresa está captando recursos e os interessados devem acessar a página da oferta para conhecer todos os detalhes.
Com a atualização, a divulgação das oportunidades será muito mais forte. As plataformas poderão usar as redes sociais para mostrar os detalhes das ofertas, o que vai diminuir o obstáculo de precisar ir até o site das plataformas. “Com a mudança, fica mais fácil trazer gente para esse mundo”, avalia Patricia Stille.
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