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Crédito privado pode pagar mais, porém especialistas recomendam cautela com debêntures
Depois da forte e abrupta desvalorização das debêntures de Americanas (AMER3) e Light (LIGT3), investidores estão mais receosos com o crédito privado, mesmo com títulos pagando mais para compensar o risco. Especialistas explicam que, agora, o investimento carrega muito risco e não é recomendado para o investidor pessoa física.
Se de um lado há investidores desconfiados, do outro há as empresas que evitam a emissão de dívida. Vale lembrar que debêntures funcionam como empréstimos que empresas pegam com investidores. Em troca, elas devolvem o dinheiro investido com um prêmio. Com a Selic alta, em 13,75%, esse tipo de captação de dívida fica mais cara.
Observando as condições do mercado, a Petz (PETZ3) anunciou o adiamento de sua terceira emissão de debêntures. A oferta levantaria R$ 400 milhões. A Rede D’Or (RDOR3) até vai emitir R$ 1 bilhão, mas a oferta deve ser encarteirada pelo Itaú e os ativos distribuídos quando os preços voltarem ao normal.
Para diminuir a percepção de risco sobre esses papéis, as empresas que vão acessar o mercado de crédito privado planejam colocar prazos menores nos títulos, mostrou reportagem do Valor Econômico.
É hora de investir em novas debêntures?
Carregando o selo de arriscados, esses títulos precisam pagar bem para atrair investidores. Mesmo assim, especialistas recomendam cautela até que o cenário, que hoje tem crise de empresas, juros altos e inflação que atrapalha, esteja estabilizado.
“Com a restrição ao crédito que os bancos estão praticando em virtude dos últimos acontecimentos, as novas emissões devem pagar um prêmio maior do praticado anteriormente por conta da restrição e aumento de risco”, explica Fabio Gallo, professor da Fundação Getúlio Vargas e colunista da IF.
Felipe Lima, gestor na FL Asset, afirma que há momentos em que é necessário ser conservador “para aproveitar a próxima janela de oportunidade”. Para ele, essa janela está fechada atualmente. Gallo faz coro: “o investidor que não está no mercado de crédito privado deve evitar comprar agora”.
Lima explica que a relação risco x retorno oferecida atualmente pelo mercado de crédito privado não é boa. Na sua visão, não vale a pena procurar títulos que pagam bem, mas correr mais risco por essa escolha.
Um dos sintomas do risco que o investidor corre ao entrar em papéis emitidos “em meio ao caos”, como classifica Lima. “Empresas que não precisam não estão emitindo dívida agora, em um cenário de estresse”.
Quando o mercado de crédito privado volta ao normal?
Entre os fatores que culminaram na atual crise do crédito privado estão juros altos, desconfiança com empresas – especialmente as varejistas – e incerteza fiscal.
Este último pode iniciar o alívio para o mercado. Isso porque empresários e gestores esperam o anúncio do novo arcabouço fiscal brasileiro até abril.
Se a novidade for bem recebida, um dos fatores que aumenta a percepção de risco dos títulos privados é resolvido e a procura pode crescer.
Portanto, o melhor caminho é esperar; e não deve demorar para a próxima janela de oportunidade ser aberta.
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