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Debêntures incentivadas e Fiagro são oportunidades no mercado de crédito
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O Fiagro investe em cadeias do agronegócio
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O estresse da pandemia serviu para que as empresas se ajustassem
Os fundos de debêntures de infraestrutura listados em Bolsa e os fundos de investimento nas cadeias produtivas agroindustriais, os Fiagros, são algumas das melhores oportunidades no mercado de fundos de crédito neste momento. A conclusão veio a partir de um debate sobre o assunto promovido pelo BTG Pactual. Nele, executivos das gestoras BTG Pactual Asset Management, Itaú Asset e Riza Asset, afirmaram que esse segmento passa por um bom momento no Brasil, especialmente com o amadurecimento não só da indústria e dos produtos como também dos investidores.
Eduardo Arraes, sócio e gestor de fundos de crédito da BTG Pactual Asset Management, explica que a estratégia da gestora nos últimos dois anos foi criar uma grade de fundos diversificada não só em relação aos produtos como também em relação aos indexadores. E um dos produtos de maior destaque, segundo o executivo, são os fundos de infraestrutura de debêntures incentivadas.
“Eles têm isenção fiscal de rendimento e também do ganho de capital. E outra coisa interessante é que o investidor consegue ter liquidez de curto prazo, pois ele vende a cota do fundo dele, que é negociado em bolsa, e recebe em dois dias”, afirma. Ele lembra que a listagem na Bolsa garante a liquidez aos investidores, mas mesmo assim, os gestores conseguem alocar o dinheiro do fundo em operações mais longas, que garantem um retorno mais interessante.
Sergio Goldstein, da Itaú Asset, destaca que outro produto interessante é o Fiagro. Ele se assemelha aos fundos imobiliários, mas tem o foco no setor de agronegócio, com as carteiras compondo papéis que financiam este mercado ou ativos que estejam ligados a ele.
“O Fiagro investe em cadeias do agronegócio e é fantástico, porque o Brasil é um país agro. Se tem um setor que somos competitivos independente do incentivo é o agro. O Brasil é competitivo mundialmente independente disso, e temos cada vez mais tecnologia no campo, estamos cada vez mais ligados nas mudanças. Então, estamos começando a ver o Fiagro como um produto para os próximos anos”, afirma.
Daniel Lemos, presidente e fundador da Riza Asset concorda que tanto os fundos de debêntures incentivadas quanto o Fiagro são bons produtos, mas destaca que algumas mudanças precisam ser feitas para desenvolver ainda mais o mercado de fundos de crédito no país. Uma delas, segundo o executivo, é a isenção para estrangeiros, que traria ainda mais capital externo para o mercado.
“O Brasil é um país que não tem poupança. Então, o investimento é baixo, a capacidade de financiar empresas no mercado local é restrita. Para acessar mercado estrangeiro a gente usa mercado de bonds (títulos de dívidas do exterior) e deixa o mercado local. Uma solução seria isentar as debêntures para estrangeiro. Assim, o estrangeiro entra no Brasil e a gente exporta poupança”, afirma.
Apesar disso, o executivo acredita que o mercado passa por um bom momento, com amadurecimento dos produtos. “Não tem mais muito o que inventarmos do ponto de vista de produto. O mercado se alongou, [o vencimento dos títulos] foi para sete, 10 anos, o número de setores também aumentou, mas existe essa ineficiência para amplificar liquidez, presença de novos gestores”, diz.
Arraes, do BTG, reforça que a crise trazida pelo coronavírus também ajudou o mercado a criar mais resiliência, assim como os investidores. “Em 2020 foi um período de teste forte, mas que fundos passaram bem. Não vimos nenhum que precisou ser fechado por liquidez, todos os relevantes conseguiram vender para fazer frente aos resgates. E o mercado performou bem em relação a isso”, afirma.
Ele destaca, inclusive, que nesse período outros participantes começaram a aumentar sua participação no segmento. “Temos agora mais participantes no mercado de crédito, temos as tesourarias, o mercado de pessoas físicas também aumentou bastante e isso traz liquidez. O mercado de debêntures em si cresceu bastante”, afirma.
Lemos, da Riza, mostrou que o comportamento dos investidores também mudou, especialmente em relação ao entendimento do produto e ao comportamento em momentos mais turbulentos. “Eu focaria em dois resultados dessa crise: o primeiro é o fato de que muitos investidores entenderam a volatilidade de fundos líquidos, mesmo que tenham resgate em um, cinco, 30 dias úteis, os investidores entenderam como é a liquidez. E o segundo aprendizado que ficou é a percepção de que o investidor de renda fixa pode ir pra veículos mais longos e muitas vezes até com menor volatilidade”, afirma.
O lado bom da crise
Por fim, os executivos também falaram que a crise foi boa para ajudar as próprias empresas a se reestruturarem e, assim, emitirem títulos melhores. “Um ponto que vale mencionar é que o estresse que passamos com a pandemia serviu para empresas se ajustarem um pouco, reduzindo custos, aumentando a eficiência e a produtividade e isso fará diferença nesse momento mais duro que será 2022”, afirma Goldstein, do Itaú.
Com reportagem do Valor Investe
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