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Ações: Quais setores podem subir quando o dólar cair?
As projeções para o dólar em 2023 vêm caindo. O mercado reduziu a expectativa para a moeda americana ao final do ano de R$ 5,15 para R$ 5,11, segundo Boletim Focus da última semana de maio. A XP tem apostado em um patamar ainda mais baixo ainda, de R$ 5. No início do ano, a projeção era de R$ 5,30.
Com a tendência de um dólar mais baixo, levando em conta que a moeda fechou 2022 em R$ 5,27, ações de algumas empresas brasileiras podem se beneficiar. Analistas consultados pela Inteligência Financeira dizem que setores de aviação, tecnologia, agropecuária, varejo e saúde são os mais cotados para ganhos em um cenário de dólar mais fraco.
Contudo, os especialistas destacam que o desempenho deve ser desigual dentro de cada setor, a depender da exposição das empresas a exportações.
Real mais forte
O dólar deve se valorizar no cenário internacional no curto prazo por conta do acerto relacionado ao novo teto da dívida nos EUA, que deve ser divulgado nos próximos dias. Porém, até o final do ano, “a alta do real deve ser ainda mais forte”, diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank.
A moeda brasileira tende a valorizar por conta do clima político e econômico. Agora, a tendência é que os investidores se animem “com o arcabouço fiscal passando no Senado, a inflação cedendo e a Selic caindo mais adiante”, diz Bresciani.
O principal efeito do Arcabouço Fiscal é sobre a redução das incertezas fiscais, que tem potencial para atrair mais investimentos estrangeiros, concorda Acilio Marinello, coordenador do MBA Executivo em Digital Finance da Trevisan Escola de Negócios.
“Isso acaba sendo uma alavanca para atrair mais dólares para o mercado brasileiro, o que reduz o valor no mercado local e faz com que a moeda se mantenha, pelo menos a curto prazo, abaixo dos R$ 5”, aposta Marinello.
Moedas emergentes em alta
Sob o mesmo ponto de vista, a perspectiva é que o dólar engate novas quedas em relação ao real. Isso porque a política de alta de juros do FED deve chegar ao fim, segundo avaliação de Marco Saravalle, analista CNPI-P e sócio-fundador da SaraInvest. “Perde força a tendência de os investidores migrarem para os EUA procurando por títulos locais”, diz Saravalle.
Consequentemente, parte desses investidores deve se voltar às moedas de países emergentes, o real entre elas, fortalecendo essas divisas em relação ao dólar, e beneficiando, nesses locais, empresas que dependam menos de exportações e mais do mercado interno.
Em quais setores você deve ficar de olho?
Com o suporte de analistas do mercado, a Inteligência Financeira listou os setores que podem ter as ações valorizadas com a desvalorização do dólar. São eles:
1. Varejo: setor para acompanhar
Assim, varejo e saúde também podem ter ganhos importantes. No primeiro caso, há ganho de competitividade em relação a players externos. No segundo, redução de custos, já que as empresas do setor estão expostas aos preços internacionais de químicos e máquinas.
Nesse sentido, no varejo, o Magazine Luiza (MGLU3) registrou valorização na bolsa, passando de R$ 3,88 no dia 12, data da queda do dólar abaixo de R$ 5, para R$ 4,38 até meados de maio. Depois, as ações caíram com as incertezas sobre os juros.
2. Área de saúde já tem ganhos
Já no setor de saúde, os analistas apontam pelo menos uma empresa que já vem ganhando força: a Hapvida (HAPV3). Tanto que as ações da companhia passaram de R$ 2,68 para R$ 3,91 no mesmo período.
3. Aviação entre as maiores beneficiadas
Assim, com a valorização do real, um dos insumos que deve ficar mais barato é o querosene de aviação, o que pode impulsionar consideravelmente as ações das aéreas. Por isso, o setor de aviação comercial deve ser um dos principais beneficiados, diz Saravalle,
“Esse setor é sempre beneficiado com a valorização do real em relação ao dólar. As empresas expandem margens, primeiramente, porque acompanham o preço do petróleo, que é dolarizado. E, depois, porque as passagens são comercializadas em reais”, destaca.
Nesse sentido, desde o dia 12 de abril, quando o dólar teve queda sensível, as ações das aéreas sobem. A Azul (AZUL4) saltou de R$ 12,15 para os atuais R$ 16,44. A Gol (GOLL4) passou de R$ 7,05 para R$ 8,26.
Além da queda da moeda americana, as empresas têm sido beneficiadas pelos balanços positivos do primeiro trimestre e pela nova política de preços da Petrobras.
4. Tecnologia: custos em dólar
O setor de tecnologia também pode ser beneficiado por esse cenário de dólar em queda. Destaque, segundo analistas, para a Positivo (POSI3). A empresa que monta computadores tem parte importante dos seus custos em dólar. Destaque para chips e outros componentes de alto valor agregado.
Contudo, apesar da promessa de um cenário favorável com a queda do dólar, as ações da Positivo vêm sofrendo na bolsa. Desde meados de abril, os papéis caíram de de R$ 8 para R$ 6,80.
A Multilaser, ao contrário, saiu de R$ 1,84 para os atuais R$ 2,36.
5. Agropecuária ganha com insumos mais baratos
Com a valorização do real sobre o dólar, empresas exportadoras, com destaque para os frigoríficos, sofrem impacto negativo porque reduzem seus ganhos.
Assim, JBS (JBSS3), Minerva Foods (BEEF3) entre outras, sofrem impacto negativo porque são muito dependentes das exportações.
Embora percam receita com o dólar mais barato, as empresas do agro podem se beneficiar do barateamento de fertilizantes, especialmente as que trabalham para o mercado interno.
“O dólar mais baixo barateia o custo de produção, que acaba dando uma melhor margem para negociação, nem que seja para o mercado local”, explica Marinello.
A São Martinho (SMTO3), inclusive, experimenta alta sensível na bolsa desde meados de abril. Os papéis passaram de R$ 29,34 para R$ 35,23.
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