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O que a marcação a mercado muda na renda fixa?
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Os extratos dos investimentos terão a data da última atualização do preço dos ativos
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Com os dados atualizados, o investidor saberá se é melhor reinvestir já ou esperar até o vencimento do papel
A renda fixa está passando por uma grande mudança.
A partir de janeiro, bancos e corretoras vão precisar marcar a mercado o valor de alguns títulos de renda fixa, como Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Imobiliário (CRIs), debêntures e títulos públicos adquiridos portesouraria.
A marcação a mercado vai permitir que investidores pessoa física consigam acompanhar todos os dias quanto vale o patrimônio que adquiriram.
A marcação a mercado é a atualização do valor dos papéis, segundo os preços que estão sendo negociados no mercado.
A regra foi estabelecida pela Anbima no início do ano e tem como objetivo padronizar as aplicações para que o investidor possa acompanhar suas rentabilidades, e, assim comparar os títulos.
O que muda para você? Vamos lá:
O que vai acontecer com a renda fixa em 2023?
Papéis como debêntures (incentivadas ou não), CRIs, CRAs e títulos públicos comprados em tesouraria passarão a ser marcados a mercado por bancos e corretoras.
Assim, você terá os valores atualizados desses ativos, de acordo com os preços pelos quais estão sendo negociados no mercado.
E os extratos dos investimentos terão a data da última atualização do preço dos ativos.
Agora, se você ficar com os ativos em carteira até o vencimento, vai receber a taxa de remuneração que foi contratada quando os comprou.
Com a mudança, você vai acompanhar os preços e saberá se poderá ter um ganho se vender o papel antes do prazo.
O que é a marcação na curva, como ocorre hoje?
Hoje, os bancos e corretoras atualizam os investimentos de renda fixa com base na marcação na curva.
Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa para pessoa física do Itaú BBA afirma que a diferença está na taxa utilizada no cálculo.
Um título marcado na curva tem o valor atualizado todo dia pela mesma taxa contratada pelo investidor.
Qual é a diferença entre a marcação a mercado e a na curva?
A marcação na curva faz sentido para investidores que queiram resgatar o valor aplicado apenas no vencimento.
Com a marcação a mercado, o movimento será diferente: a atualização do valor será realizada a partir da taxa que estiver sendo negociada no mercado para aquele investimento no dia.
Essa taxa normalmente deve mudar todos os dias.
A marcação a mercado não valerá para quais ativos?
A mudança não atinge CDBs, LCAs e LCIs, que continuarão com a marcação na curva.
Esses títulos são emitidos por instituições financeiras que garantem a recompra dos papéis com base na marcação na curva.
Já no caso de CRIs, CRAs e debêntures, a empresa emissora não recompra o papel quando o investidor deseja.
Ele precisa encontrar outro investidor no mercado secundário.
Quais títulos de renda fixa já são marcados a mercado?
Os títulos do Tesouro Direto são marcados a mercado. Por isso, o preço do papel varia todos os dias.
Assim, quando o mercado passa a precificar uma alta na curva de juros, por exemplo, a tendência é de que as taxas dos títulos públicos subam.
Como consequência, o valor dos papéis recua.
O contrário também é verdadeiro: se as projeções para a Selic recuam, as taxas oferecidas nos títulos públicos caem – e os preços avançam.
Além dos títulos do Tesouro Direto, fundos que investem em ativos de crédito também marcam a mercado, como CRIs, CRAs e debêntures.
Todo investidor terá títulos com marcação a mercado?
Sim, mas apenas os investidores qualificados, aqueles que têm mais de R$ 1 milhão em aplicações financeiras, poderão escolher se preferem a marcação a mercado ou na curva.
Se optarem pela marcação na curva, terão que formalizar esse pedido junto à corretora.
Como será feito o cálculo?
As instituições devem usar como referência os dados apurados pela Anbima.
A Anbima realiza uma coleta de preços todos os dias, quando as instituições associadas enviam as cotações pelas quais os papéis estão sendo negociados no mercado, da mesma forma como acontece com os títulos públicos.
A Anbima analisa os valores e verifica se há números muito discrepantes entre os diferentes bancos e corretoras.
Em seguida, ela estabelece um preço de referência, disponibilizado no Anbima Data, um sistema que pode ser acessado por todos.
Segundo as corretoras, as taxas dos CRIs, CRAs e debêntures têm como base os dados publicados pela associação no dia útil anterior (D-1).
O que a Anbima considera no valor dos papéis?
A associação verifica se o papel tem liquidez e avalia os últimos preços de negociação para entender quanto os agentes financeiros estão dispostos a pagar pelo título.
Também são verificadas as características do emissor, como o risco de crédito.
Quando os títulos serão marcados a mercado?
Pelo menos uma vez por mês.
A razão é que os investidores que compram papéis desse tipo não costumam negociá-los todos os dias. Esse prazo é suficiente para o investidor ter uma noção de quanto o papel vale.
Se algumas corretoras já oferecem a marcação a mercado, o que muda?
Queiroz, do Itaú BBA, destaca que a diferença a partir de janeiro de 2023 é que todos os distribuidores passarão a oferecer a marcação a mercado, o que deve incentivar os investidores a girar a carteira antes do vencimento dos investimentos de renda fixa – o que poderá ajudar o mercado a ter mais negociações e uma formação de preços mais precisa.
Quem poderá ser beneficiado?
O mercado secundário pode ser beneficiado com a possibilidade de saída antecipada.
A marcação a mercado atualizada traz a oportunidade do investidor ver se pode ter um ganho para reinvestir, ou se é mais vantajoso esperar até o vencimento do papel até o vencimento, esclarece.
Para Queiroz, a marcação a mercado é a possibilidade de criar um ciclo positivo para a renda fixa.
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