Desde 2020, você já pode ouvir várias canções de uma nova maneira: com ouvidos de um investidor ou de uma investidora. Isso porque já possível comprar parte do direito autoral de músicas catalogadas e receber royalties toda vez que o som for reproduzido em streamings, emissoras de rádios, televisão, shows ou redes sociais. Por que você faria isso? Porque curte o som, ou talvez também viva da música, para apoiar seus cantores do coração e, claro, também pela grana. Essa é uma opção a mais para quem busca diversificar a carteira e quer fugir dos produtos financeiros tradicionais.
Como funciona o investimento em música?
Inspirados no mercado internacional, a fintech Hurst Capital, fundada em 2017, deu início a esse tipo de negócio que passou a vigorar no Brasil com financiamento coletivo. A equipe seleciona artistas e compositores cujas músicas tocam nas plataformas. Aí, há um estudo sobre o histórico de arrecadação recebida pelos artistas e uma projeção do quanto eles devem gerar em um tempo determinado.
Então, por meio de um contrato direto com o artista detentor dos direitos de autor e conexos, a fintech adianta aquele valor estimado que ele receberia em, por exemplo, 10 anos. Isso foi um alívio para artistas que estavam estagnados financeiramente durante a pandemia de Covid-19.
Arthur Farache, CEO da Hurst, explica que, através de contratos com os artistas, o investidor se torna titular de uma fração dos recebíveis por determinado período de tempo ou até mesmo para sempre. Os royalties passam pelas agregadoras ou pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD) e o recebível é enviado para a Hurst, que repassa aos investidores participantes da rodada. O aporte mínimo para investir com a Hurst é de R$ 10 mil.
Rock, pagode, sertanejo, funk, gospel: faça sua escolha
Outra empresa que atua no ramo é a Adaggio, especializada em royalties musicais e formada por músicos e executivos do mercado fonográfico, administrada pela Arbor Capital. No seu catálogo de sucessos, estão músicas famosas, como “Será”, da Legião Urbana, “Nuvem de Lágrimas”, de Chitãozinho & Xororó e até autores de canções mais recentes como “Baby, me atende”, de Rodrigo Reys. Compositores pouco conhecidos, mas que compuseram para grandes nomes, também estão no jogo. No total, são mais de 10 mil obras catalogadas e o fundo já levantou R$ 60 milhões. “Enquanto a Bolsa de Valores estava caindo nos últimos meses, nosso rendimento estava firme e forte, mesmo com uma queda de arrecadação de shows vindo do ECAD”, afirma João Luccas Caracas, CEO da Addaggio.
Já no catálogo de canções da Hurst, Arthur Farache destaca cases de sucesso, como operações junto a Luiz Avellar, com retorno esperado de 16,19% ao ano, e uma das operações do Cecilio Nena, compositor de sucessos do Sertanejo como “Temporal do Amor” e “Dou a vida por um beijo”, com rentabilidade esperada de 17,7% ao ano. Farache explica que “ambas as operações estão rendendo para os investidores mais do que o esperado no cenário base do investimento”.