Você já ouviu falar em debêntures? Pelo nome, pode parecer algo complexo, mas a lógica é simples: classificada como um investimento de renda fixa, a debênture é um recurso usado por empresas não financeiras para captar dinheiro. Esse capital pode ser utilizado para expansão de negócios, em obras, novos projetos ou até mesmo para melhorar a saúde financeira da empresa.
“Sob a ótica do investidor, ele se torna um credor da companhia, tendo em vista que a debênture é um título de dívida. A rentabilidade desse investimento está relacionada à uma taxa que é acertada no momento da aquisição mais algum indicador, como o IPCA ou CDI“, explica Matheus Jaconeli, economista da Nova Futura Investimentos.
O investimento em debêntures é feito por uma corretora. Esse tipo de ativo pode ser negociado tanto na Bolsa de Valores quanto no mercado balcão — um ambiente onde investidores negociam títulos e valores mobiliários. As debêntures são divididas em algumas categorias. Vamos a elas:
Debêntures conversíveis
Como o próprio nome diz, as debêntures conversíveis podem ser convertidas em ações depois de um determinado período. Ou seja, em troca do empréstimo recebido, a empresa oferece aos investidores uma participação acionária. As debêntures conversíveis costumam ter boa liquidez para negociação.
Debêntures simples
As debêntures simples, ou não conversíveis, não podem ser convertidas em ações. Quem investe nelas recebe a rentabilidade da aplicação diretamente na conta bancária ou na corretora de valores.
Debêntures permutáveis
O processo é semelhante ao das debêntures conversíveis. A diferença é que o investidor pode receber ações de outra empresa como forma de pagamento da dívida. “Se você está buscando por um investimento mais flexível, as debêntures permutáveis podem ser uma boa escolha. Neste modelo, o investidor pode escolher entre adquirir ações ou ativos da empresa/instituição que corresponda ao valor investido somado aos juros”, explica Matheus.
Debêntures incentivadas
São lançadas com a finalidade de arrecadar recursos para a execução de alguma obra de infraestrutura ou serviços que beneficiem o país — como, por exemplo, estradas e aeroportos. “Este tipo é muito encontrado por empresas que prestam serviço para o governo”, ressalta Matheus.
Quais são as vantagens das debêntures?
Ao investir em debêntures, você se torna credor da companhia. E, segundo Matheus, essa é uma das grandes vantagens destes papéis. “A empresa passa a ter uma obrigação com o investidor. A outra vantagem é que você conhece no início do contrato a rentabilidade do título”, explica. Segundo o economista, as debêntures também costumam ter um rendimento melhor quando comparadas aos outros ativos de renda fixa.
A principal desvantagem é a pressa. “O investidor precisa ficar atento ao vencimento. Solicitar o resgate antecipado pode gerar prejuízo. Mesmo sendo um título de renda fixa, ele fica exposto às oscilações das taxas a ela atrelada e ao valor da própria debênture até o vencimento. É no vencimento que o valor acordado no início é pago ao investidor”, explica Matheus.
Como selecionar debêntures no mercado?
Com a alta da Selic, a elevação da curva de juros e a inflação, muitos investidores estão migrando para títulos de renda fixa, entre eles as debêntures. Mas, atenção: se você pensa em investir no ativo, deve avaliar os riscos. “Como todo investimento, quanto maior o risco a ele associado, maior é o rendimento. Porém, esse risco deve ser equalizado, pois um retorno potencial muito elevado pode não compensar”, ressalta Matheus.
Para fazer essa análise, é importante monitorar a situação financeira – ou rating – da empresa que está emitindo a debênture. Assim como os brasileiros têm um score de crédito, as empresas também passam por uma avaliação de risco. O rating mensura a capacidade daquela empresa de honrar seus compromissos financeiros. “A rentabilidade oferecida e o setor de atuação da companhia também são importantes”, ressalta o economista da Nova Futura.