De cada dez famílias brasileiras, quase oito estão endividadas. O dado foi constatado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), e já estava em patamares altos mesmo antes da pandemia de Covid-19. Inflação, juros altos e crédito cada vez mais caro exigem o dobro de cuidado na administração das contas e no pagamento das dívidas. Kelly Possebon, Head Educacional da Ativa Investimentos, conversou com a Inteligência Financeira para trazer cinco dicas que vão te ajudar a sair do vermelho. Vamos a elas:
1. Coloque o dinheiro que entra e o que sai no papel
Anotar o dinheiro que entra e o que sai da sua conta corrente é imprescindível para criar uma estratégia. Kelly explica que, quando o sinal vermelho acende nas suas finanças, “é de extrema importância encarar a verdade e colocar toda a situação a limpo, montando um orçamento e entendendo o quão comprometida está ou ficará a situação. Por quê? Porque a maioria das pessoas corre para pegar um empréstimo novo, sem pensar”. Ela alerta para o fato de que a parcela do empréstimo pode não caber no orçamento mensal, tornando o problema ainda maior.
Cartão de crédito e cheque especial são modalidades para quem precisa adiantar um dinheiro que não é seu. Mas veja: os juros cobrados em ambos os casos são altos. “Estamos falando de juros gigantescos”, salienta Kelly. “A partir do orçamento que foi colocado no papel, a pessoa terá compreensão do que ela pode encarar, ao invés de trocar um problema pelo outro.”
3. Venda o que puder ou procure os juros mais baratos
Se você tiver algo que possa ser vendido rapidamente para quitar uma dívida, venda-o. Se isso não for possível e um empréstimo for inevitável, pesquise os juros mais baratos no mercado financeiro. Nas modalidades de empréstimo, 1% a menos pode significar uma economia bastante razoável. Os empréstimos consignados tendem a ter taxas menos agressivas.
4. Atenção redobrada às dívidas que geram problemas judiciais
Algumas dívidas podem levar a leilão o seu imóvel ou à apreensão de bens, por isso exigem um cuidado maior. Se você está envolvido com um financiamento habitacional, o próprio imóvel é dado como garantia em caso de inadimplência, com base na lei de alienação fiduciária. Neste caso, o leilão é a saída encontrada pelo seu credor para quitar a dívida. Atenção também para dívidas com o condomínio e o IPTU. Além da casa, muitos outros bens podem ser penhorados.
Kelly recomenda que, se você estiver endividado, procure informações de confiança. Comece pelo começo: entenda o que é sua dívida, como ela foi formada, quais juros e taxas o credor está te cobrando, se há espaço para negociação. Tendo tudo em mãos, você terá mais clareza sobre onde errou e qual estratégia adotar para contornar a situação e não errar novamente. Também é importante conversar com pessoas da sua confiança. “Muitas vezes as pessoas estão envolvidas demais no problema e acabam não enxergando saídas óbvias”, afirma Kelly.