Quem sonha em ter a casa própria pode encontrar no financiamento uma alternativa para tirar os planos do papel. No Brasil, o financiamento imobiliário chegou a R$ 255 bilhões em 2021, um recorde na série histórica da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
A pandemia ainda trouxe um dado interessante: a busca por financiamento imobiliário fora dos grandes centros urbanos deu um salto. De acordo com um levantamento feito pelo Itaú Unibanco, o volume de crédito concedido para financiamentos em municípios que não são as capitais de seus estados cresceu 161% de janeiro a dezembro do ano passado.
“A maioria dos brasileiros não tem condições de pagar à vista. Assim, acabam financiando o imóvel e se planejando para pagar as parcelas ao longo dos anos”, ressalta Carlos Castro, planejador financeiro CFP pela Planejar.
Apesar do crescimento no ano passado, a Abecip espera uma desaceleração dos volumes de financiamentos imobiliários neste ano, com uma expectativa de alta de 2%. Em 2021, o aumento do volume negociado foi de 46%. Um dos fatores que influenciam esse cenário é a alta da Selic, que voltou para os dois dígitos neste ano e, consequentemente, encareceu taxas praticadas nos negócios imobiliários.
Por que os financiamentos estão mais caros?
Com a alta da Selic, as instituições financeiras que oferecem esse tipo de crédito costumam repassar a variação para as taxas cobradas nos contratos. Além disso, em janeiro deste ano, os custos da construção aumentaram 0,64%, de acordo com o Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) – o que também impacta no valor dos financiamentos.
Em fevereiro, por exemplo, a Caixa Econômica Federal alterou a taxa de juro do crédito com recursos da poupança (SBPE) para financiar a compra de imóveis de 8,3% ao ano para 8,7% anuais, acrescidos da Taxa Referencial (TR). “Quem pensa em financiar um imóvel precisa saber que estamos em um cenário de alta de juros. Esses contratos tendem a ficar ainda mais caros”, ressalta Carlos.
Como escolher a melhor opção
É importante entender que existem vários tipos de correções para financiamento imobiliário. Os contratos podem ser reajustados com base na Taxa Referencial (TR), por uma taxa prefixada, ou ainda juros atrelados à rentabilidade da poupança ou ao Índice de preços ao consumidor amplo (IPCA).
A Taxa Referencial nada mais é do que juros aplicados sobre ativos de médio a longo prazo, entre eles os financiamentos imobiliários. Já o IPCA é o indicador que mede a inflação, que também é usado nesses contratos. A melhor opção, segundo Carlos, varia de acordo com o cenário econômico. “O IPCA costuma ser mais volátil. Muita gente que está em um financiamento com contrato baseado nessa taxa acabou tendo que pagar muito mais com a alta do índice. O financiamento ficou muito caro. Considero essa opção mais arriscada. Ela pode fazer mais sentido para financiamentos de curto prazo”, ressalta.
Para contratos mais longos, o planejador aconselha a correção pela Taxa Referencial. Mas, é claro, o importante é colocar todas as opções no papel e fazer as contas, já que o custo efetivo total (CET) do imóvel depende também de outros fatores, como o prazo do financiamento, sistema de amortização escolhido e até mesmo a sua idade.
“Se possível, minha dica é esperar um pouco, já que estamos em um período de muita oscilação. O ideal é acompanhar o mercado e, com a queda da Selic, buscar melhores opções para o seu bolso”, aconselha Carlos.
Este é o segundo conteúdo do especial Meu primeiro imóvel. Acompanhe os próximos aqui na Inteligência Financeira!