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GNV, etanol ou gasolina: qual combustível vale mais a pena?
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A instalação do kit GNV só compensa para quem roda mais de 1.500 km por mês
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A mudança custa entre R$ 3 mil e R$ 9 mil, de acordo com modelo e ano do carro
Desde que o governo federal zerou os impostos federais dos combustíveis e o Rio reduziu o ICMS sobre a gasolina e o etanol há duas semanas, o preço dos dois combustível nas bombas começou a cair. Com as médias de valores dos três combustíveis — incluindo o GNV — na casa dos R$ 5, motoristas fluminenses se questionam se o etanol continua mais vantajoso que a gasolina, se a redução de preço já reverteu o quadro, e até se o GNV ainda é o combustível campeão em custo x benefício.
O levantamento mais recente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), realizado entre 10 e 16 de julho, mostra que o m³ do GNV custava, em média, R$ 5,03 no Estado, e R$ 4,97 no município. Já o preço da gasolina estava em R$ 6,06 no Estado, e R$ 5,98 na cidade. E o etanol saía por R$ 5 no estado do Rio e R$ 4,95 na média carioca. Sendo assim, a dúvida mais fácil de sanar é a da compensação do GNV, para quem já tem kit-gás no carro.
Etanol, gasolina ou GNV?
O m³ de GNV rende mais de 12 km, bem acima dos 10 km que rende 1 litro de gasolina e dos 7 km que rende 1 litro de etanol. Ou seja, no estado do Rio, a economia para quem usa GNV chega a 41,3% frente a quem usa etanol, e de 30,8% em comparação com quem usa gasolina. Na cidade do Rio, quem usa GNV economiza 41,4% em comparação com quem usa etanol e 30,7% em comparação com quem usa gasolina.
No Estado fluminense e na capital, a gasolina já sai mais barata do que o etanol. O motorista que não tem o carro convertido e precisa decidir rapidamente no posto qual combustível usar pode multiplicar o preço do litro da gasolina por 0,7 e, se ficar abaixo do preço do litro do etanol, saberá que a gasolina está mais vantajosa.
“A diferença caiu muito, e em geral, a gasolina tem sido mais vantajosa”, diz Paulo Henrique Pêgas, professor de Contabilidade do IBMEC-RJ.
Vale converter para GNV?
E quem ainda não tem o carro convertido para receber GNV, vale a pena fazer a mudança neste momento? O professor Marcio D’Agosto, da Coppe/UFRJ, explica que a vantagem depende do quanto o carro é usado: “Como o carro à GNV faz em média 12 km/m³, não é o rendimento que define, mas se você consegue com a economia mensal da mudança do combustível ter retorno do investimento usado na conversão do carro em até uns seis meses”, avalia o engenheiro mecânico e de automóveis.
Preços de combustíveis
Segundo o Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios (Sindirepa), a instalação do kit-GNV no estado do Rio custa, atualmente, R$ 3.900, em média.
Sendo assim, no Estado do Rio, e em sua capital, o tempo de retorno do investimento, projetando hoje, iria variar entre quatro e até 42 meses, a depender do perfil do motorista.
Um motorista convencional que roda 500 km por mês e substituir gasolina por GNV a partir da conversão do carro terá o custo da instalação compensado em 42 meses. Se estava habituado a usar etanol, a compensação acontecerá em 26 meses. Para quem roda 3 mil quilômetros por mês e trocar gasolina por GNV, a compensação ocorrerá em sete meses. Para quem trocar etanol por GNV, quase quatro meses.
Dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) mostram que antes dos tributos PIS/Cofins e Cide serem zerados — a primeira das reduções tarifárias — o litro da gasolina saía por em média R$ 7,23 no país. No estado do Rio, o preço médio era de R$ 7,77. Na capital fluminense, R$ 7,75. Enquanto isso, o litro do etanol saía por R$ 6,04 na cidade, R$ 6,10 no estado, e por R$ 4,91 na média federal.
Mudanças no Rio
As mudanças nas bombas provocaram também mudanças nos hábitos dos consumidores. Em um posto no Maracanã, na Zona Norte, os abastecimentos “pingadinhos” — com motoristas colocando pouco combustível para gastar menos — que eram recorrentes há algumas semanas, já são menos vistos.
“O GNV é nosso “carro chefe”, tem muita procura, mas desde a redução dos preços, uma parte dos clientes já tem procurado mais a gasolina e o etanol, de igual para igual. E já completando o tanque”, conta a subgerente do local, Kátia Freitas.
Conversão cai 60% nas lojas cariocas
Na rede Del Gás, que faz instalação de kit-GNV, a procura caiu muito este mês. Segundo o Sindirepa, a média de queda na instalação de kit-GNV em carros é de cerca 30% no Estado do Rio, também impactada perlo período de férias escolares, que historicamente faz cair o número de conversões.
Carros a gás natural: vale a pena?
A situação em São Paulo é diferente. O preço mais alto do gás não desmotivou a procura pela instalação do kit gás natural veicular (GNV) nos carros que circulam pela capital paulista. A procura subiu mais de 120% nos primeiros cinco meses deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Detran-SP. O sistema GNV permite que o carro rode sem combustível líquido e o preço do gás é menor nas bombas.
Mesmo com o desconto no valor dos combustíveis após determinação federal para redução de cobrança do ICMS, o preço médio do GNV é cerca de 25% mais barato nas bombas em relação à gasolina comum, com base nos dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Em 2022, o preço da gasolina ultrapassou os R$ 7, baixando para cerca de R$ 6,50 em julho após abatimento de parte do imposto nos Estados.
Com a volatilidade dos preços, a dúvida do motorista é se vale a pena continuar com o combustível líquido ou se ainda é rentável instalar o kit GNV no veículo.
Vale a pena optar pelo GNV?
O professor de economia do Ibmec-RJ Caio Ferrari explica que o ponto central é o tempo que o motorista irá levar para compensar os gastos da instalação do kit GNV no veículo. A conversão custa entre R$ 3 mil e R$ 9 mil, de acordo com modelo e ano do carro. “Para pessoas que utilizam pouco o carro, para distâncias muito curtas ou esporadicamente aos finais de semana, o tempo em que vai compensar financeiramente a conversão pode ser muito longo, de mais de dois anos”, explica o professor.
Portanto, a conversão é indicada para os motoristas que utilizam muito o veículo, como taxistas, motoristas de aplicativo ou pessoas que percorrem longas distâncias e ultrapassam os 1.500 km rodados no mês. O professor destaca também que para um motorista que troca o carro com frequência, a conversão pode ser não tão recomendável. “Até por questões de garantia que as concessionárias praticam em muitos casos.”
Em resumo: mesmo com o aumento do gás nas bombas e ainda que o gás custe o mesmo que a gasolina comum, Caio Ferrari recomenda o GNV pela maior autonomia do metro cúbico em relação ao litro, além do benefício do abate no IPVA. “Em uma economia anual, mesmo com tarifas de inspeção de GNV e etc, ainda sai mais barato em termos de custo fixo com o carro.”
De quanto é a economia com GNV?
Para saber quanto você pode economizar, vamos pedir ajuda aos cálculos. E, para isso, usaremos um dos carros de passeio mais vendidos no Brasil em 2022, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores.
O Chevrolet Onix Plus 1.0 roda 14 km/l com gasolina e 10 km/l com etanol na cidade, segundo o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), do Inmetro.
Vamos considerar uma média de 13 km/m³ com GNV para este veículo e o preço médio nacional dos combustíveis calculado pela ANP para julho deste ano: gasolina comum a R$ 6,49, etanol a R$ 4,52 e GNV a R$ 5,16.
A despesa de quem roda cerca de 2 mil quilômetros por mês com cada um dos combustíveis será de, aproximadamente:
- GNV: R$ 793;
- Gasolina Comum: R$ 927;
- Etanol: R$ 904.
Para esse perfil de motorista, seria necessário pouco mais de um ano para compensar os custos de instalação do kit GNV no carro.
Cuidado com os preços
Mesmo com essa redução de custos, o professor de macroeconomia do Ibmec-SP Ricardo Hammound explica que é importante ter muita cautela. “Os preços são muito voláteis e você tem que fazer um planejamento de longo prazo”, alerta Hammound.
Além disso, é importante levar em consideração a quilometragem rodada pelo seu veículo para cada tipo de combustível. O professor sugere o uso de calculadoras on-line para simular as despesas. “Para quem dirige muito, com certeza vale a pena, mas tem que ter muita cautela na hora dessa mudança”, complementa.
Colaborou Anne Dias
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