Pix pode evoluir e permitir pagamento de compras em prestações

Pix Crédito pode ser em 2024 a nova geração do sistema de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central

Tela do site do Banco Central com informações sobre o funcionamento do Pix. Foto: Marcelo Casal Jr./Agência Brasil
Tela do site do Banco Central com informações sobre o funcionamento do Pix. Foto: Marcelo Casal Jr./Agência Brasil

O Banco Central pode evoluir em 2024 para uma funcionalidade do Pix que permitirá o pagamento de compras em prestações. Trata-se do Pix Crédito, uma transação que dispensa bandeiras de cartões e que, por ter um intermediário a menos, poderá também ter menos custos, o que deve resultar em taxas e juros menores do que os cobrados hoje em transações com cartões de crédito.

O produto está sendo desenvolvido por meio do Lift, um hub de inovação apoiado pelo BC, em parceria com a Fenasbac, a federação de funcionários do próprio regulador, além da cooperativa de crédito Ailos. O laboratório, criado dentro da Agenda BC+, trabalha também em inovações como o real digital e o open finance.

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Segundo o diretor de Inovação da Fenasbac, Rodrigoh Henriques, o PIX Crédito pode chegar ao mercado no segundo semestre do ano que vem, alguns meses após a entrada em vigor do Pix Automático. O mecanismo seria a alternativa ao débito automático para pagar despesas recorrentes, como contas de água e luz. Há também a possibilidade de transferência de valores por aproximação de dispositivos como o celular. Ambos os serviços estão previstos para abril de 2024.

“O Pix Crédito será a próxima grande evolução do Pix”, disse Henriques à Inteligência Financeira.

O executivo calcula que a eliminação de intermediário pode reduzir em cerca 30% a taxa cobrada sobre os lojistas nas compras a prazo em relação aos valores atuais nas operações com cartão de crédito. “Isso com certeza impacta no preço final ao consumidor”, disse.

Além disso, ele explicou que o modelo em desenvolvimento dará às instituições financeiras maior poder para financiar compras usando modelos mais flexíveis do que os tradicionais.

“Ao conhecer mais diretamente os hábitos de consumo de seus clientes, o banco poderia por exemplo conceder limites de crédito diferentes dependendo do tipo da compra, e não apenas um limite único”, explicou ele. Por último, as instituições também terão chances de alcançar faixas da população que não conseguem aprovação para ter um cartão de crédito, adicionou.

Pix tem mais de 3 bilhões de transações

Lançado pelo BC em outubro de 2020, o PIX, inicialmente um sistema de transferências instantâneas entre pessoas, se popularizou rápido e superou o cartão de débito como principal meio de pagamento no país, com mais de 3 bilhões de transações e R$ 1,3 trilhão de reais mensais. Gradativamente, a tecnologia vem incorporando possibilidades, como Pix troco e o pagamento para empresas.

O Pix Crédito teria um modelo similar ao BNPL (sigla em inglês para compre agora, pague depois), sistema que se popularizou em vários países durante a pandemia e que também permite o pagamento de compras em prestações mensais, mas sem intermediação de uma bandeira de cartão.

Para Henriques, por ter um modelo mais flexível, que facilitará por exemplo que as instituições financeiras busquem garantias de clientes como forma de ofertar linhas de crédito mais competitivas, o Pix Crédito pode contribuir para a redução das taxas de juros de uma das linhas de financiamento mais caras do país.

Segundo o dado mais recente do Banco Central, a taxa de juros média das compras parceladas com juros estava em 201% ao ano no fim de abril.

Bancos tentam se antecipar

Tentando se antecipar a essa inovação, nos últimos meses, grandes bancos no país sinalizaram iniciativas próprias nessa direção. O Santander Brasil lançou o Divida o Pix, com pagamento em até 24 vezes.

O Nubank criou uma função que permite realizar uma transferência com limite do cartão de crédito via Pix com a possibilidade de parcelar o valor em até 12 vezes. O Itaú Unibanco planeja uma modalidade de Pix parcelado em até 72 parcelas para clientes com perfil pré-aprovado.

Para Henriques, as inciativas mostram interesse dos bancos nesse tipo de solução, mas em sua maioria ainda usam o modelo tradicional de aprovação de crédito, o que deve evoluir quando o sistema desenvolvido pelo BC entrar em vigor.

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