Gasto dos brasileiros com TV e streaming sobe 200% em um ano, aponta pesquisa
Salto foi provocado pelo público de maior renda, que aumentou o gasto com o segmento
Na dúvida de qual streaming assinar, os brasileiros estão optando por ter vários serviços e gastando cada vez mais com essa modalidade. A conclusão é de um levantamento da empresa de pagamentos Elo. A companhia analisou 43 milhões de cartões de crédito ativos e verificou um aumento de 201% no segundo trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período do ano passado.
O percentual considera todo o gasto com o segmento que contempla os serviços de streaming e a TV por assinatura. Em entrevista à Inteligência Financeira, Mirian Prosti, diretora de Business Analytics da Elo, afirma que o movimento foi puxado pelo público de alta renda. Nessa faixa, o valor das transações com serviços desse tipo subiu 336% no período.
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Os mais endinheirados gastam, em média, R$ 270 por mês com esse tipo de gasto. É mais do que se gasta com recreação e lazer (R$ 167) e com livrarias, papelarias e afins (R$ 69). Por outro lado, entre o público de menor renda, o gasto também subiu, mas a média é quatro vezes menor, de R$ 68 por mês.
Na média nacional, os brasileiros gastaram R$ 189 por mês com TV, streaming e serviços por assinatura, contra R$ 111 do mesmo período do ano passado. No geral, foram 77% mais transações, sendo que cada transação teve um custo médio 70% maior.
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Em qual streaming assistir Barbie e os últimos lançamentos?
A avaliação de Mirian é que a alta foi motivada por dois fatores, um maior número de ofertas combinadas entre serviços e operadoras de internet e a explosão no número de serviços disponíveis, com a pulverização do catálogo e da transmissão de eventos.
“Hoje no Brasil, dificilmente o consumidor terá seus eventos favoritos (filmes, séries, shows, torneios esportivos, por exemplo) em um único serviço de assinatura. Por razões simples que envolvem portifólio, direitos autorais e proposta de valor e missão de produto”, afirma Mirian.
Por exemplo, o filme hit de bilheterias “Barbie” é uma produção da Warner Bros. Discovery. A menos que a empresa decida licenciar a terceiros, o filme deve ser exclusivo do catálogo da HBO Max no Brasil. Da mesma maneira, outros títulos muito assistidos, como “Avatar” e “Isabella: o caso Nardoni” são exclusivos, respectivamente, da Disney+ e da Netflix.
Em outra medida das empresas para maximizarem seus ganhos, os filmes que saem do cinema ficam disponíveis para aluguel em outras plataformas. “Barbie” será incluso na assinatura apenas na HBO, mas pode ser alugado na Amazon Prime, ClaroTV+, Google Play e demais plataformas, a custo a partir de R$ 49,90, mais do que uma mensalidade convencional.
Outro fator citado por Mirian Prosti, da Elo, é o aumento no valor das mensalidades e os esforços para combater o compartilhamento de assinaturas, como os empreendidos pela Netflix. A empresa passou a cobrar pelo uso compartilhado de contas, através da identificação dos endereços onde os conteúdos estão sendo vistos.
Gasto geral com lazer se manteve estável
O aumento dos gastos com streaming não se refletiu em uma alta geral do custo do lazer. De acordo com os dados obtidos pela Elo, ao todo os brasileiros gastaram cerca de 3% a menos com esse tipo de consumo, o que a empresa avalia como um cenário de estabilidade.
Planejadores financeiros recomendam que se reserve um percentual fixo da renda familiar para os gastos com lazer. Assim, caso haja o aumento com um gasto dentro dessa categoria, o recomendável é que se procure reduzir outros custos a fim de ter um equilíbrio.
Mirian pondera, no entanto, que há uma sazonalidade nos dados. No segundo trimestre deste ano, houve uma queda nos gastos feitos no cartão, por exemplo, com shows de atividades artísticas. É preciso aguardar os próximos trimestres para ver se os eventos do segundo trimestre não vão elevar o total do gasto com lazer e acender um sinal de alerta.
A diretora da Elo diz ainda que a empresa verificou uma outra tendência ao analisar os gastos do segundo trimestre, com mais compras, mas de menor valor. “As pessoas estão gastando menos por compra, mas estão consumindo mais vezes categorias de lazer. Os números mostram que esse movimento é plural, e não está confinado menor renda ou maior renda”, afirma.