Aplicativo chinês usa gamificação para ensinar jovens a poupar

Um aplicativo móvel está ajudando os jovens consumidores chineses a acumularem poupança aos poucos, tornando o processo mais divertido, com um toque inspirado no modelo de ficção interativa paga por capítulo.

Em uma das narrativas de romance, um universitário cavalheiro faz um convite inesperado para um encontro em um café no fim de semana. O leitor precisa escolher um presente para levar ao encontro: um chaveiro de pelúcia ou uma capinha de celular.

A primeira opção custa 25 yuan, enquanto a segunda sai por 18 yuan (aproximadamente US$ 3,50 e US$ 2,50, respectivamente). Esse valor é debitado da conta bancária do usuário e depositado em uma conta dentro do aplicativo — parte da plataforma Alipay, operada pelo Ant Group, braço fintech do Alibaba Group Holding.

Os usuários precisam transferir dinheiro para desbloquear cada etapa da história. Ao final dos 40 capítulos, eles terão acumulado até 2.644 yuan (cerca de US$ 360). Segundo o Ant Group, 200 mil usuários registrados jogaram essa história de romance no ano passado, economizando um total de 55 milhões de yuan (US$ 7,59 milhões).

Dinheiro real

Diferente das compras normais dentro de jogos, o dinheiro transferido para o app pode ser utilizado no mundo real, facilitado pela ampla adoção de transações cashless na China.

Além das narrativas românticas, o aplicativo oferece outras opções, como viajar no tempo para 20 anos atrás e comprar uma casa quando os imóveis eram mais acessíveis.

Em 2024, 1,3 milhão de pessoas nascidas a partir do ano 2000 economizaram dinheiro por meio das histórias interativas.

O app também permite que os usuários abram uma conta conjunta com um cônjuge ou parceiro para economizar dinheiro para objetivos em comum, como viagens. Até o último verão, 3,5 milhões de casais haviam criado contas desse tipo no ano anterior, acumulando em média 9 mil yuan.

Houve um tempo em que muitos jovens chineses, otimistas com o futuro, gastavam todo o salário do mês assim que o recebiam.

Mas, nos últimos anos, essa “geração luz de lua” (que gasta tudo antes do próximo pagamento) tornou-se minoria, devido à prolongada desaceleração econômica da China, tornando os consumidores mais cautelosos com os gastos. Na pesquisa mais recente do Banco do Povo da China com depositantes urbanos, mais de 60% dos entrevistados disseram que querem economizar mais dinheiro.

No entanto, nem todos esses poupadores têm uma visão pessimista da economia.

“Gosto da sensação de economizar sem precisar pensar nisso”, disse um jovem de 21 anos, da cidade de Dandong, no nordeste da China, ao falar sobre o aplicativo.

Com informações do Valor Econômico