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Crianças e mesada: como falar sobre planejamento financeiro com os filhos?
Sou planejador financeiro e pai. Eu e minha esposa sempre desejamos que nosso filho, Nuno, aprendesse desde cedo como lidar com dinheiro. Em outra ocasião aqui na Inteligência Financeira, comentei como utilizo “moedas Pokémon” para que meu filho tivesse suas primeiras noções de finanças. Resumindo, funciona assim: se cada Pokémon custa R$ 1 e um brinquedo mais caro custa R$ 10,00, logo, seriam 10 Pokémons – e com isso, ele mesmo passou a fazer sua própria avaliação de caro e barato, se valeria a pena ou não, usando sua própria moeda como balizador.
Filhos e dinheiro
Mas queria ir além. Com os anos se passando, o lúdico precisava se alinhar com algo mais prático no dia a dia. Por isso, buscamos exercícios diferentes com objetivo de potencializar o estímulo ao Nuno de como lidar com o dinheiro desde cedo.
E não queríamos somente dar o dinheiro transmitindo a visão de dinheiro fácil: queríamos algo mais eficaz, com foco também em seu desenvolvimento infantil e no seu preparo para situações futuras.
Foi aí que chegamos na Mesada Educativa, uma medida de educação financeira infantil com uma mesada, com delimitação de frequência (semanal, quinzenal, mensal) com objetivo de ensiná-lo a lidar com o dinheiro na prática.
Não existe regras, valores, nem idade para começar, cabe aos pais ou responsáveis entender a realidade da família e o que é mais razoável para o início.
Como acompanhar a gestão da mesada?
No nosso caso, estipulamos alguns combinados para que a teoria, na prática, dê certo e perdure, como incentivar que ele crie a visão de guardar para alcançar objetivos maiores, de não cedermos a pedidos por mais dinheiro para gastos excessivos e acompanharmos seus gastos, mas não a ponto de desestimular sua autonomia.
“Pelo que entendi é uma mesada como qualquer outra!”
Agora vem o segredo.
Queríamos deixar claro para o nosso miúdo que, para se conseguir o dinheiro, seria preciso merecê-lo. Por isso, alinhado novamente com um pouco de lúdico, construímos uma tabela para ajudá-lo a ter consciência sobre a dinâmica.
Os pilares da mesada
A tabela tem 2 grandes pilares: comportamental e tarefas de casa. A semana começa com a tabela zerada. Falou bom dia, boa tarde, boa noite, agradeceu com obrigado, sentou-se na mesa quando chamamos para as refeições, ganha ponto. Tirou sua louça da mesa, colocou a roupa suja no cesto, guardou os brinquedos, tomou banho no horário, ganha pontos. Se recebermos recado na agenda da escola que recusou alguma refeição (sem motivo), respondeu a professora ou desobedeceu, perde ponto.
Ofender, brigar, xingar ou bater, perde a semana toda. Cada ponto vale R$ 1,00 e o teto são 15 pontos na semana, com possibilidade de dobrar caso a semana seja impecável.
Dinheiro em família
Acho que mais do que os reais, Nuno busca os pontos e os desafios o estimulam. No fim das contas, nós 3 nos divertimos e aprendemos algo juntos em família, além de ajudar nos valores comportamentais e nas atividades básicas do dia a dia.
A ideia não é que ele faça apenas pelo dinheiro, mas que entenda o seu real valor, tomando suas próprias decisões sobre economizar e se planejar. Por que não?
Quanto antes a gente aprende, mais rápido o hábito se torna saudável.
*Texto escrito por Marcelo Coelho, escreve diretamente de Portugal para o feed de notícias do íon Itaú, onde o artigo foi publicado originalmente. Para ler este e outros conteúdos, acesse ou baixe o app agora mesmo.
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