Crédito imobiliário para classe média na Caixa ficará estável em 2025 mesmo com demanda aquecida

O crédito imobiliário para classe média na Caixa Econômica Federal ficará estável em 2025, na esteira de juros mais altos e com a economia do País perdendo força.
“(Os desembolsos) vão ser, no mínimo, o mesmo de 2024”, afirmou à Inteligência Financeira o presidente-executivo da Caixa, Carlos Vieira.
Em 2024, os desembolsos da Caixa para este público somaram R$ 223,6 bilhões, mas com crescimento de 20,6% sobre o ano anterior.
Vieira admitiu também que a demanda por financiamento para compra da casa própria segue aquecida. A Caixa responde por cerca de 70% do crédito imobiliário do Brasil.
Contudo, como a principal e mais barata fonte de recursos para este fim, a poupança segue em queda livre.
Segundo dados do Banco Central, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) de 2021 a 2024 teve resgates líquidos de R$ 242 bilhões.
Com isso, desde setembro a Caixa vem agindo em várias frentes.
Numa mão passou a exigir um valor maior de entrada. Em outra, deixou de receber muitos dos empréstimos originados em outros bancos.
Simultaneamente, a Caixa passou a captar mais dinheiro com Letras de Crédito Imobiliário (LCI).
Com juro maior, crédito imobiliário para classe média pode cair
Porém, como o custo de captar com LCI é maior, o Caixa teve também que elevar os juros para o tomador.
Assim, após ter resistido por vários meses com teto de juro de 10% anuais, na virada para 2025, a Caixa elevou o juro das concessões pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE3) para 11,5% ao ano, como antecipou a Inteligência Financeira.
Dessa forma, a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) previu que o volume de financiamento imobiliário no País deve recuar 10% em 2025.
Enquanto isso, disse Vieira, a Caixa segue negociando com o governo federal e o Banco Central para ter acesso a outras linhas mais baratas.
Uma das alternativas seria a redução dos depósitos compulsórios, a parte do dinheiro na conta corrente e na poupança que os bancos recolhem diariamente ao Banco Central, sem remuneração.
Por outro lado, a Caixa terá R$ 142,3 bilhões em recursos do FGTS para financiamento de unidades do Minha Casa, Minha Vida.
Crédito imobiliário será totalmente digital já em 2025
No front operacional, Vieira revelou que a Caixa Econômica vai digitalizar completamente o processo de financiamento imobiliário em toda a rede por volta do terceiro trimestre de 2025.
Isso incluirá até a obtenção dos documentos cartoriais, como a escritura do imóvel.
“Quem tomar crédito imobiliário na Caixa não vai mais precisar se deslocar para o cartório”, disse o executivo.
Com isso, o presidente da Caixa acredita que o prazo médio para obtenção dos empréstimos deve cair pelo menos à metade.
Segundo agentes imobiliários, o prazo para sair o financiamento imobiliário no banco hoje é de até um mês.

Microcrédito e super app na Caixa também para 2025
Vieira contou ainda que o banco deve entrar com mais firmeza neste ano no microcrédito, destinado principalmente para financiar microempreendedores.
Segundo ele, os recursos virão do redirecionamento de fundos constitucionais com foco no Norte e no Centro-Oeste do País. Inicialmente serão R$ 2,2 bilhões.
“Mas o presidente (Luiz Inácio) Lula (da Silva) tem sinalizando que teremos funding para esses créditos”, disse o presidente da Caixa Econômica.
Vieira disse ainda que o banco vai entrar também no crédito consignado para trabalhadores do setor privado.
O governo vem desenhando com bancos o uso de uma plataforma para o consignado a trabalhadores do setor privado.
A expectativa do presidente da Caixa é de que o sistema permita que as taxas de juros dos empréstimos sejam até um quinto das cobradas pelos bancos nas linhas de crédito pessoal.
Na semana passada, o presidente-executivo do Santander, Mario Leão, estimou que o consignado privado pode chegar a até R$ 200 bilhões em empréstimos.
Por fim, Vieira disse que a Caixa pretende lançar até o final deste ano seu super aplicativo.
Com isso, o banco federal vai na mesma direção de Itaú Unibanco (ITUB4), que já lançou o seu, e do Santander Brasil, que terá sua versão no mercado em abril próximo.
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