Novo consignado: o que pensam os CEOs de Bradesco, Itaú e Santander?

Proposta do governo quer expandir a oferta de empréstimo consignado a todos os trabalhadores com carteira assinada (CLT) que atuam no setor privado

Empresas citadas na reportagem:

O CEO do Bradesco (BBDC4), Marcelo Noronha, disse que o novo consignado privado, em construção pelo governo junto aos bancos, pode ter um “espaço interessante”. Mas que o eventual estabelecimento de um teto de juros para a modalidade pode limitar seu potencial.

“Com o teto, o crescimento maior dessa linha pode ficar pelo caminho”, disse a jornalistas durante apresentação dos .

Além disso, ele disse que seria importante não limitar a contratação de crédito ao e-Social, mas incluir também o canal dos bancos. “Não faz sentido meu cliente chegar e eu falar que não vou fazer a contratação por aqui.”

Itaú: novo consignado privado é uma super oportunidade

O CEO do Itaú, Milton Maluhy Filho, disse que o novo consignado privado é uma “super oportunidade”. A proposta quer expandir a oferta de crédito a todos os trabalhadores com carteira assinada (CLT) que atuam no setor privado.

“Pode vir a ser um programa de crédito muito forte, muito positivo para o país”, disse em teleconferência de resultados do quarto trimestre.

Hoje, o mercado de consignado privado é de cerca de R$ 40 bilhões e o Itaú tem uma participação aproximada de 30%. Maluhy afirmou que o banco prefere ter uma participação menor, mas de um mercado que pode ser quatro ou cinco vezes maior.

Ele disse que há desafios de implementação do projeto, mas que, depois de pronto, facilitará muito a participação das empresas. “O novo consignado precisa ser distribuído por todos os canais, não pode haver monopólio de um marketplace”, acrescentou.

O CEO afirmou também que é preciso abordar o risco de sobreendividamento no início do novo consignado privado.

Santander: consignado privado pode ser para o crédito o que o Pix foi para os pagamentos

O CEO do Santander Brasil, Mario Leão, disse, em coletiva sobre os resultados do quarto trimestre, que o novo consignado privado, que está sendo construído pelo governo, tem potencial de destravar uma volumetria e valor enormes.

Ele destacou que o Santander tem, hoje, cerca de 30% do consignado privado, o que corresponde a R$ 12 bilhões, mas que o mercado como um todo é pequeno em termos de volume.

“É superpositivo o governo estar abraçando o consignado privado e chamando bancos públicos e privados para construir junto”, disse. Ele acrescentou que há desafios de implementação, mas que o potencial é “gigantesco”.

O governo realizou uma reunião na semana passada com grandes bancos para avançar na modernização do crédito consignado privado. O encontro reuniu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros, representantes da Febraban e os CEOs do Itaú, Bradesco e Santander.

Ele destacou que o produto tem possibilidade de destravar grandes volumes de crédito. “Acredito que o consignado privado pode ser para o crédito o que o Pix foi para os pagamentos”, disse. “Pode ser um mercado de R$ 200 bilhões, R$ 300 bilhões”, afirmou. Hoje, o consignado privado totaliza cerca de R$ 40 bilhões.

Consignado do INSS

Segundo Leão, a elevação recente do teto de juros do consignado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ainda não foi suficiente para voltar a tornar a modalidade atrativa.

Em janeiro, o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) subiu o teto de 1,66% ao mês para 1,80%, após forte demanda das instituições financeiras. “Esse teto ainda não paga a conta para fazer consignado via correspondentes bancários”, disse.

Leão disse torcer para que não haja teto de juros no consignado privado. “O teto limita o público-alvo. Tira dezenas de milhões de pessoas da equação, a gente não pode precificar as pessoas de forma igual.”

“Ou o governo entende que o teto joga contra os interesses do consignado, ou não teremos algo parecido com o que foi o Pix para os pagamentos”, completou.

Com informações do Valor Econômico

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