Os espectadores do programa de negociação de ações da CNBC Mad Money podem se surpreender ao saber que o apresentador Jim Cramer, uma espécie de “Ratinho das finanças”, não negocia ações individuais e mantém metade de seu portfólio em dinheiro. Se você não conhece, vamos te contar um pouco sobre quem ele é e a importância de Cramer para o mercado financeiro norte-americano. Cramer é analista certificado e apresentador do programa Mad Money, além de também comandar o programa Squawk on the Street, os dois da CNBC, emissora líder em notícias de negócios e cobertura do mercado financeiro em tempo real. A principal característica de Cramer é seu estilo: debochado, ele grita o tempo todo, recomendando a venda ou a compra de algum papel. Seus quase 2 milhões de seguidores do Twitter vão à loucura.
Como está distribuída a fortuna de Jim Cramer?
A estratégia de investimentos de Cramer surpreendeu seus seguidores e investidores de um modo geral. Ele distribui seu patrimônio da seguinte forma:
- 50% em dinheiro
- 40% em fundos de índice dos Estados Unidos
- 5% em fundos de índices internacionais
- 5% em ouro e criptomoedas
De tudo isso, a surpresa ficou no item número 1: metade de tudo o que ele tem está em dinheiro. Sim: em papel moeda. Parte do motivo é técnico. Para evitar um conflito de interesses na emissora CNBC, Cramer não tem permissão para possuir ações individuais que possam ser discutidas em seu programa.
Ainda sobre os 50% do montante guardado em dinheiro, ele também atribui a decisão à sua esposa Lisa, com quem se casou em 2015. “Sou casado, e minha esposa e eu nos sentamos e discutimos nossas finanças”, disse Cramer à CNBC Make It. “Quando fiz 65 anos, ela me disse: ‘O que acontece se eu viver mais que você?’.”
“Eu disse: ‘Bem, isso seria ótimo.’ E ela perguntou: ‘Mas o que acontece se eu possuir uma carteira de ações? O que acontece se o mercado ficar ruim depois que você morrer? Achei que fôssemos parceiros’”.
“Somos parceiros”, lembra Cramer de ter dito. “Mas eu gasto meu tempo dizendo às pessoas como lidar com o mercado”, disse ele, referindo-se à sua longa carreira como profissional financeiro, autor e apresentador de programas de TV.
“Lisa disse: ‘Eu não me importo com nada disso. Somos parceiros. Então, estou tomando uma decisão executiva: 50% disso é seu e 50% é meu. E os 50% que eu tenho serão em dinheiro’”.
Quando Cramer apontou como o mercado estava indo bem na época, ela disse: “Você está perdendo meu ponto. Somos parceiros? Ou estamos separados?”.
“Somos parceiros”, respondeu Cramer.
“Então nossas decisões devem ser 50/50”, disse Lisa.
Anteriormente, Cramer havia investido 100% do capital, mas concordou em transferir metade de sua carteira para dinheiro.
“Eu fiz isso”, disse Cramer, que logo emendou, “e o mercado subiu”. “Mas ela apenas disse: ‘Ótimo. Sua metade subiu. Mas eu consigo dormir à noite, e antes não conseguia’”
Cramer ainda lamenta o potencial de ganhos perdidos de manter esse dinheiro de lado, mas disse que há “coisas maiores na vida do que dinheiro” e ele é “casado e feliz”. Além de que, “felicidade é muito bom ter”.
Ter dinheiro em papel moeda está completamente fora de cogitação em países instáveis e de economia imprevisível como o Brasil. Por aqui, o assunto vira e mexe é motivo de chacota, como acontece no final de “O auto da compadecida”, obra de Ariano Suassuna. Nela, os personagens Chicó e João Grilo recebem como dote uma porca recheada de dinheiro… antigo, que somado não daria para comprar um pão quente.
De toda forma, seria interessante ver o montante de Cramer guardado. Apenas ver. E talvez sonhar.