Atacarejo é uma opção que veio para ficar?
Conheça os motivos pelos quais vale mais a pena para o consumidor realizar suas compras neste tipo de comércio
Nos dias atuais, procurar o melhor preço em produtos de consumo diário é o melhor remédio, ainda mais com as incertezas da atual economia. Em alguns casos, fazer a compra de produtos em quantidades maiores do que a de costume, pode ser uma grande vantagem, e claro, uma economia para o bolso.
Diante disso, o que vem mudando nos últimos anos, é o atacado fazer a venda diretamente para o consumidor final. Ou seja, vender com o preço de atacado só que com quantidades menores, fazendo assim com que o preço seja mais competitivo, e o cliente seja beneficiado com a compra. E esse novo ramo é chamado de atacarejo.
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E para nos explicar essa tendência que vem crescendo dia após dia, convidamos Lai Santiago, educadora financeira e cientista comportamental da Open Co. Confira, a seguir, o bate-papo que tivemos com a especialista sobre atacarejo.
O que é um atacarejo de fato?
“É um formato de mercado que você consegue comprar tanto em quantidades pequenas, que seria para o varejo, quanto em quantidades maiores, que seria o atacado. Então, você tem a possibilidade de comprar os mesmos produtos em quantidades maiores, mas recebendo um desconto. E ao mesmo tempo, se você não tem necessidade de comprar grandes quantidades, consegue comprar menos unidades por um preço diferente também”, explica Lai.
Qual a diferença entre os outros modelos?
Atualmente, existem três perfis de comércio. São eles:
Atacado:
Se destaca pelas compras em grandes quantidades das indústrias. O que faz com que suas vendas sejam específicas para revendedores pequenos e médios varejos.
A principal vantagem de comprar no atacado é que é possível conseguir preços muito mais atraentes. Afinal, você está comprando direto do distribuidor e em grande quantidade. No entanto, esta grande quantidade é que pode ser um problema. Primeiro porque é preciso pensar na logística de como armazenar todo este montante de alimentos.
Outro inconveniente é que, dependendo do volume da compra, as empresas exigem uma quantidade mínima de produtos (que não costuma ser baixa como no varejo) e até que você possua CNPJ, já que o valor e quantidade podem exigir emissão de nota fiscal.
Varejo:
É considerado popular, porque, é onde a grande maioria da população faz suas compras em pequenas quantidades. Ou seja, na lojinha, no supermercado, no hipermercado, no açougue do bairro. Em resumo, são os locais que vendem diretamente para o consumidor final. Este é o comércio varejista.
A principal vantagem desse modelo é que você compra apenas a quantidade necessária e tem mais liberdade para explorar diferentes marcas e produtos. Assim, você também pode buscar as melhores promoções, que é um fator que oscila todos os dias.
Por outro lado, a principal desvantagem do varejo em relação ao atacado é o valor dos produtos. Afinal, nos supermercados e estabelecimentos do tipo, você acaba arcando com mais custos associados ao produto.
Atacarejo:
Como o nome já diz, é o mix de atacado e varejo. É um modelo de comércio que vende para o pequeno varejista e também diretamente para o consumidor final. Uma das grandes vantagens é que o consumidor final poderá comprar ao mesmo preço do pequeno varejo.
E entre os principais benefícios encontra-se o preço baixo para o consumidor. Isso se torna possível devido à compra em grande quantidade de produtos e ao alto volume de vendas, que compensa o menor valor quando comparado ao item vendido em uma única unidade.
Em comparação com o varejo, o atacarejo tem uma principal desvantagem: a menor variedade de produtos. Considerando que o foco é a quantidade de itens e um estoque dentro da própria loja, o número de marcas diferentes disponíveis acaba sendo menor, o que favorece o varejo, assim como o atendimento mais personalizado.
Porque esse modelo de atacarejo vem crescendo tanto?
Lai explica que vários motivos impulsionaram o crescimento desse setor, principalmente a inflação e a perda do poder de compra.
“Quanto maior a inflação, maior a tendência de as pessoas buscarem alternativas para economizarem dinheiro. Em especial, quando a gente vê um reflexo do empobrecimento da população gerado pelo desemprego e especialmente pela pandemia. E quando a gente pega a diferença de preço entre um mercado convencional e um atacarejo, essa diferença pode ultrapassar os 15% de economia”, conta.
Esse mercado tem uma tendência de crescer ainda mais?
É difícil fazer uma futurologia sobre o assunto. Mas como o cenário é de instabilidade econômica, há espaço para os atacarejos crescerem.
“A gente não tem como definir se o atacarejo vai continuar nesse ritmo crescente como está agora. Depende muito das políticas que vão ser estabelecidas. Ainda mais em ano eleitoral como agora. Mas o que temos hoje é uma expectativa de inflação alta. E com os parâmetros que temos, é muito provável que o atacarejo avance e seja cada vez mais presente no dia a dia das famílias”.
Afinal, é para todo mundo?
Por fim, Lai esclarece que, nos dias de hoje, é ainda mais recomendado fazer uma boa procura para achar o melhor preço, sejam revendedores ou famílias. Mas existem algumas coisas que precisam ser avaliadas, como:
- Distância: boa parte desses atacarejos ficam mais distantes do centro das cidades. E com a gasolina em alta, o custo de deslocamento é algo que precisa ser considerado.
- Tempo: hoje muitas pessoas estão acumulando várias jornadas de trabalho para suprir suas necessidades e fica difícil incluir nesse dia a dia um tempo para fazer uma grande pesquisa de mercado para comparar preços. E essa procura não deve ser motivo de mais estresse.
- Necessidade: o tamanho da família importa. Uma pessoa que mora sozinha, por exemplo, tem uma necessidade muito menor em comparação a uma família grande. Portanto, para uma compra do dia a dia, que não precisa estocar, não vai fazer muito sentido ir em um atacarejo. Por outro lado, itens menos perecíveis, que se compram em maior quantidade, podem valer a pena.
Colaborou: Daniel Navas