Carta de crédito imobiliário: o que é e como ela pode te ajudar no sonho da casa própria?
A forma de utilizar esse documento muda em caso de consórcio ou financiamento
O Raio-X do Investidor, que teve sua mais recente edição divulgada pela Anbima, traz a informação de que comprar uma casa própria é o principal motivo que leva hoje os brasileiros a investirem. O caminho até a realização desse sonho envolve várias etapas e processos. Por exemplo, temos a carta de crédito imobiliário, que pode ser uma aliada para a compra de um imóvel.
Carta de crédito imobiliário nada mais é do que um documento emitido por bancos ou administradoras de consórcio que aprova um crédito para a compra de um imóvel. “Ela indica o valor máximo que o cliente pode utilizar na aquisição e pode ser usada como garantia na negociação do imóvel”, explica o planejador financeiro Marlon Glaciano.
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Mas onde ela entra dentro dos processos tradicionais de compra, como consórcios ou financiamentos imobiliários? Vale a pena buscar uma carta de crédito de imóvel? A Inteligência Financeira consultou especialistas e traz as respostas pras principais dúvidas.
Como funciona a carta de crédito imobiliário?
Essencialmente, a carta de crédito imobiliário funciona como um documento que atesta a capacidade financeira do comprador para adquirir determinado imóvel. Em geral, essa carta tem duas origens: a avaliação de um banco, em uma etapa inicial de um financiamento, ou a contemplação em um consórcio.
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Em um cenário, um cliente entra em contato com um banco, por exemplo, e solicita a análise de crédito. Histórico de crédito, renda e dívidas existentes entram na conta. Assim, recebe o documento que atesta quanto a instituição financeira estaria disposta a emprestar para a aquisição desse imóvel.
“Essa carta pode ser usada como garantia na negociação do imóvel ou para a obtenção de financiamento específico, mas não é um empréstimo ou uma poupança por si só, como no caso do financiamento ou consórcio”, afirma Marlon Glaciano.
Caso o cliente utilize a carta e feche negócio para adquirir o imóvel, ele pode decidir se segue por conta própria ou se conclui o financiamento com o banco. Nesse caso, seguirá o trâmite normal da instituição financeira para celebrar em definitivo o financiamento imobiliário. O banco deve pedir elementos adicionais, por exemplo, uma avaliação do imóvel.
Carta de crédito de imóvel no consórcio
Jhonata Lisboa, executivo de investimentos da Midrah, diz que hoje falar em carta de crédito basicamente remete a falar sobre consórcio. Isso uma vez que a obtenção da carta é o grande objetivo de se fazer o consórcio, o pagamento das parcelas mensais com fins de adquirir um imóvel ao longo do período.
“O cliente contrata uma carta no valor desejado, com denominação ao projeto ou produto de interesse, sempre no setor imobiliário”, afirma Lisboa. O cliente pode conseguir carta pode ao final do consórcio ou durante a sua duração, caso vença um sorteio ou faça um lance vencedor.
“Se o cliente está pagando, por exemplo, R$ 1 mil por mês, todos os meses ele tem possibilidade de tentar tirar aquela carta de crédito para ser contemplado, através de um lance, que é a antecipação de parcelas”, explica o executivo de investimentos.
O cliente, no entanto, pode antecipar parcelas e ainda assim não conseguir a carta. Isso já que os lances dos outros envolvidos no grupo são sigilosos. A informação que todos podem ter acesso é a das médias dos lances contemplados em meses anteriores, para ter uma noção de se o que tem a oferecer pode ser suficiente.
Uma vez que tenha a contemplação, o cliente utiliza a carta de crédito de imóvel fornecida pelo consórcio para prosseguir com a compra do imóvel. Contudo, ele precisará seguir pagando normalmente as parcelas restantes do grupo.
Quanto tempo demora para sair uma carta de crédito imobiliário?
Se for através da avaliação de crédito, explica Marlon Glaciano, o processo pode levar de alguns dias a algumas semanas. “O tempo dependerá da instituição financeira e do processo específico de análise de crédito”, diz o planejador financeiro.
No caso do consórcio, por outro lado, o grande fator determinante será a capacidade do comprador de fazer lances. Caso a intenção seja aguardar o fim do consórcio, é preciso saber que há grupos com prazos de até 180 meses, ou cerca de 15 anos.
Tempo é a principal diferença, inclusive, entre o consórcio e o financiamento. No consórcio você aguarda a contemplação, enquanto no financiamento você pode usufruir dos benefícios assim que tem a aprovação, passando a pagar de volta ao banco a partir de então.
Por outro lado, a desvantagem do financiamento imobiliário, de acordo com os especialistas, são os juros. O custo de ter o imóvel de forma antecipada é ter de pagar taxas maiores do que os custos de administração dos consórcios, embora seja possível amortizar o financiamento.
Vale a pena buscar uma carta de crédito?
De acordo com Marlon Glaciano, pensando na carta a partir da avaliação financeira, a resposta é sim. “Buscar uma carta de crédito imobiliário pode ser uma excelente escolha para quem planeja adquirir um imóvel, oferecendo benefícios como a aprovação prévia de crédito, facilitando as negociações com o vendedor”, afirma o planejador financeiro.
O especialista pondera, no entanto, que é essencial primeiro comparar as condições das diferentes instituições financeiras. Depois, fazer uma boa radiografia da própria situação financeira e ler de lupa todos os documentos com termos e condições durante o processo.
Já na perspectiva do consórcio a grande vantagem de entrar em um grupo para buscar a carta de crédito é evitar os juros do financiamento. “É uma estratégia mais vantajosa. No financiamento os juros são mais altos, fazendo com o que os valores, por vezes, tripliquem”, diz Jhonata Lisboa.