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Entenda como cartão de crédito pode ser um aliado da sua vida financeira
Você já deve ter ouvido falar que o cartão de crédito é o vilão do orçamento. E que, por via das dúvidas, é melhor passar longe dele. Mas será que isso faz sentido?
Consultamos dois especialistas para entender o que é mito e o que é verdade em relação a esse meio de pagamento. E, claro, aproveitamos para tirar outras tantas dúvidas sobre a utilização do cartão de crédito que muitas vezes a gente tem, mas não sabe com quem esclarecer. Vamos lá?
Cartão de crédito é vilão?
De acordo com os especialistas, é mito que o cartão de crédito seja um vilão entre as alternativas de crédito.
“O cartão de crédito é um meio de pagamento que permite postergar o desembolso de despesas para a melhor data de cada pessoa”, define Rejane Tamoto, planejadora financeira CFP.
Comprar agora e pagar depois
Isso quer dizer que o cartão pode ser um aliado quando você precisa, por exemplo, comprar um computador ou colocar combustível no carro e não tem o dinheiro naquele momento.
Com ele, você compra o que precisa e paga apenas na data de vencimento da fatura, sem juros.
Parcelamento de compras
Outra vantagem importante do cartão de crédito é a possibilidade de parcelar compras de alto valor, também sem pagar juros.
Para isso, basta ter limite disponível e encontrar uma loja que ofereça esse tipo de parcelamento.
Programas de benefícios
Para completar, ao utilizar seu cartão de crédito você pode acumular pontos que podem ser trocados por produtos, milhas ou cashback, entre outros benefícios.
Como o cartão de crédito pode se tornar vilão
“O cartão de crédito só será um vilão se você usar de forma inadequada”, constata Ricardo Igarashi professor de Matemática Comercial e coordenador de Gestão Comercial e administração da FAC-SP.
Isso acontece, basicamente, quando você vive um descontrole financeiro e começa a gastar mais do que consegue pagar no final do mês.
Imagine que você receba uma fatura de cartão de crédito de R$ 1.000. Contudo, naquele mês só possa pagar R$ 700. Ok, o cartão permite que você faça o pagamento parcial (desde que acima do pagamento mínimo que ele estipula).
“No mês seguinte, porém, esses R$ 300 que sobraram vão ser acrescidos de juros”, diz Ricardo. E é aí que está o problema: os juros do cartão de crédito são altos (vamos detalhar quanto custa uma dívida no cartão de crédito mais abaixo).
No mês seguinte, então, você terá de pagar os R$ 300 que sobraram, mais os juros que vão incidir sobre esse valor. E terá ainda de arcar com as novas compras que você fizer entre um pagamento e outro.
E se no próximo mês você também não conseguir liquidar a fatura e tiver que parcelar? Pois é, perigo à vista. “Se descuidar, a dívida pode virar uma bola de neve”, alerta o professor.
Ficou preocupado? Não precisa. A seguir reunimos dicas e orientações para evitar que isso aconteça com você.
Está endividado e precisa organizar as contas? Aqui temos um passo a passo super completo para organizar a vida financeira e sair da inadimplência.
Como usar o cartão de crédito
Já que a mágica do cartão de crédito está em utilizá-lo de forma adequada, vamos logo à receita: é preciso pagar a fatura total até a data de vencimento. Simples assim.
Calma. Parece fácil, mas a verdade é que sem perceber você pode perder o controle e gastar mais do que ganha. Verdade ou mentira? E, se for verdade para você, como adivinhar o quanto vai precisar pagar?
Primeiramente, não tem adivinhação. O ponto de partida para utilizar o cartão da melhor forma é definir um limite de gastos mensais que você pode fazer com ele.
Mas preste atenção, porque esse é um limite que você deve determinar – não é o limite de crédito oferecido pela instituição financeira.
O cartão pode liberar gastos de até R$ 5.000, por exemplo. Porém, seu limite pessoal (aquele que você estipulou baseado nos seus gastos mensais) pode ser de R$ 550. Portanto, é esse segundo valor que você deve respeitar todos os meses.
Além disso, é importante que esse teto de gastos seja bem menor do que sua renda. Afinal, a fatura do cartão não inclui todas as suas despesas.
É importante lembrar que existem contas de consumo, como aluguel, IPTU, condomínio, plano de saúde, internet, telefone, água, luz, entre outros, que são fixas e não passam pelo cartão de crédito. Ou seja: você deve computar esses gastos na hora de organizar suas finanças.
Como definir seu teto de gastos com cartão de crédito
Para saber quanto você pode gastar no cartão, você deve criar um bom controle do seu orçamento.
O ideal é ter uma planilha, utilizar um aplicativo ou até um caderno para ter uma visão clara do total de recebimentos do mês e do total de despesas fixas e variáveis.
Para criar esse controle, Rejane recomenda que você faça anotações das receitas e dos gastos atuais, de preferência realizados no último mês e no anterior.
“Com essa estratégia, é possível projetar os gastos que se repetem e entender quanto sobra para gastar no cartão de crédito”, diz ela.
Divida as despesas por categoria
Para melhorar a organização, a especialista recomenda dividir as despesas por categorias. Por exemplo:
- Moradia;
- Alimentação;
- Saúde;
- Educação,
- Despesas pessoais
Essa categorização ajuda a entender ainda quais gastos você faz no piloto automático, e quais são realmente necessários. Se tiver de reduzir custos, claro, já sabe que o corte será feito no primeiro grupo, não é?
“A própria fatura do cartão de crédito ajuda a entender como você gasta seu dinheiro, se gasta mais em restaurante ou vestuário, por exemplo”, complementa Ricardo.
Quanto custa uma dívida de cartão de crédito
Primeiramente, vale relembrar que quando você paga o valor total da fatura na data de vencimento, o cartão é um tipo de crédito que não tem juros.
A grande questão, então, é o que acontece quando você não consegue quitar a fatura do mês. Isso porque os juros cobrados sobre essa dívida costumam ser os mais altos entre as alternativas de crédito.
“Segundo estatísticas do Banco Central (relativas a março deste ano), a taxa para o cartão de crédito parcelado – aquela utilizada quando você opta por parcelar o valor total da fatura por não conseguir realizar o pagamento integral – fica em média em 192% ao ano”, diz Rejane.
E no rotativo do cartão os juros são de 430,5%, em média, ao ano.
O que é o rotativo do cartão de crédito?
Para quem não conhece o termo, o rotativo do cartão de crédito é o equivalente ao pagamento mínimo da fatura.
Esse valor é determinado pela administradora do cartão para quem não consegue pagar o valor total do mês. “Em geral, ficar em torno de 15% do total da fatura”, calcula Ricardo.
O restante da conta (acrescido de juros e IOF) segue automaticamente para a fatura seguinte.
Quem tem juros mais baixos: cartão de crédito ou limite da conta?
“Os dados do BC indicam que a taxa média nas operações de crédito do limite da conta para pessoas físicas está em 129,1% ao ano”, diz Rejane.
Portanto, comparando com os juros do cartão de crédito (rotativo ou parcelado) que detalhamos acima, o limite da conta parece mais interessante, certo? Correto!
Mas existe uma diferença importante. O cartão de crédito só cobra juros se você deixar de pagar a fatura total no vencimento. Ou seja, usando com consciência, você pode fazer uma compra que será cobrada um mês depois (ou até mais, dependendo da data de vencimento da fatura), sem pagar juros por isso.
Vale a pena pegar empréstimo pessoal para quitar a fatura do cartão?
Vamos começar comparando as taxas de juros médias cobradas nas duas opções, empréstimo pessoal e cartão de crédito.
Só para termos uma ideia, no empréstimo pessoal, taxa média cobrada em março foi de 87,3% ao ano, segundo dados do Banco Central.
“No consignado para trabalhadores do setor privado, foi de 39,3% ao ano”, compara Rejane.
Claro que comparando as taxas de juros, parece óbvio que vale a pena pegar um empréstimo pessoal para quitar a fatura do cartão – e evitar o rotativo ou mesmo o parcelamento.
“Faz sentido porque o empréstimo pessoal, além de ter juros mais baixos, oferece condições de pagamento melhores”, diz Ricardo.
Antes de tomar qualquer empréstimo, porém, é imprescindível organizar o orçamento e entender quanto você pode assumir de prestação, caso seja realmente necessário fazer um empréstimo.
“A taxa não é a única informação importante”, alerta Rejane. “A capacidade de pagamento e o planejamento desse crédito fazem toda a diferença, até para evitar novas dívidas”, diz ela.
Ou seja, não adianta pegar empréstimo para quitar a fatura do cartão e no mês seguinte estar com duas dívidas – a do cartão do próximo mês e a parcela do empréstimo – que você não consegue pagar.
Imagine, então, que seja necessário fazer um novo empréstimo para pagar essas dívidas. Como será no mês seguinte, com três dívidas?
“É preciso primeiro organizar o orçamento e entender quanto pode pagar em parcelas de empréstimo antes de pesquisar as alternativas do mercado”, diz ela.
Quer saber mais sobre empréstimos e financiamentos? Confira Tudo o que você precisa saber sobre crédito.
Como evitar superendividamento com cartão de crédito
Agora vamos a um jogo rápido que retoma as principais recomendações para evitar que o cartão de crédito vire o vilão da sua vida financeira.
São elas:
- Defina seu limite pessoal para compras com cartão;
- Programe o vencimento do cartão para depois do recebimento do seu salário ou das rendas do mês, se você for autônomo;
- Pague a fatura total até o dia do vencimento;
- Não deixe que as compras com cartão ultrapassem 30% da sua renda líquida;
- Considere outras opções de crédito, como empréstimo pessoal, consignado ou financiamento, para quitar dívidas mais caras e comprar bens de valor mais alto, como imóveis ou carros;
- Leia o contrato do cartão de crédito antes de contratar o serviço. Confira taxa administrativa, taxas de juros e multas. E compare as alternativas que estão no mercado, é claro.
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