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Cartão de débito internacional pode ajudar a pagar menos IOF em viagens; entenda
Nos últimos anos, o mercado se movimentou para pensar alternativas para os gastos dos viajantes. Os turistas, até então, se dividiam principalmente entre dinheiro vivo e cartões de crédito na hora de pagar compras durante as idas ao exterior. Uma das novidades foi o surgimento da opção de contas em moedas estrangeiras, acompanhadas de uma espécie de cartão de débito internacional.
Especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira citaram os prós e os contras desse tipo de cartão internacional. E deram dicas como saber utilizar essa nova ferramenta sem se atrapalhar durante as viagens para outros países.
Entre as instituições que oferecem esse tipo de serviço estão Itaú Unibanco (através da Avenue), Banco do Brasil, BS2, C6 Bank, Inter, Nomad e Wise, por exemplo.
IOF para cartão de débito internacional
A principal atratividade desse produto é a oportunidade de pagar menos imposto nas compras no exterior.
“As contas internacionais permitem saques em dinheiro nos caixas eletrônicos na moeda local (do país em que o viajante esteja) e permite através deste cartão de débito pagar uma alíquota de IOF muito menor do que se utilizasse o cartão de crédito”, explica a planejadora financeira Adriana Matheus, especialista em investimentos.
Hoje, a alíquota do IOF para a transferência de recursos para as contas internacionais é de 1,10%, a mesma do papel-moeda. Por outro lado, cobra-se uma alíquota de 5,38% de IOF para as compras feitas no cartão de crédito.
Outra vantagem é que, em geral, a cotação utilizada é a do dólar comercial. Trata-se de uma cotação que é mais barata a do dólar turismo, praticada pelas casas de câmbio. Nesta segunda-feira (9), às 15h30, o dólar comercial estava cotado a R$ 5,13 e o dólar turismo sai na faixa de R$ 5,34 nas casas de câmbio em São Paulo.
Contas internacionais ajudam na poupança pré-viagem
Outra vantagem é a possibilidade de usar a conta internacional como forma de fracionar a compra de moeda antes da viagem.
“As contas internacionais facilitam a vida de quem precisa movimentar moeda estrangeira, elas são em sua maioria contas digitais práticas e com boa liquidez, uma vez que você coloca o dinheiro em Reais e tem a vantagem de fazer a conversão do câmbio na data de compra da moeda, o que evita surpresas futuras não muito agradáveis”, explica a planejadora financeira Adriana Matheus.
Reportagem recente da Inteligência Financeira ouviu especialistas em câmbio, que afirmam: não há um único momento ideal para se comprar dólar e o melhor é ir comprando aos poucos para se proteger da volatilidade.
‘Não coloque todos os ovos na mesma cesta’
Os especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira recomendam que você diversifique as fontes de recurso no exterior. A dica se reforça uma vez que determinados produtos ou serviços podem não aceitar o cartão como forma de pagamento.
“Quando pensamos em viagem, é importante levar um montante mínimo em papel moeda como válvula de segurança para pequenas despesas locais durante a viagem”, afirma o planejador financeiro Marlon Glaciano, especialista em finanças.
O especialista também sugere atenção com o saldo da conta antes de se ver em apuros. “Lembre que o cartão de crédito da conta internacional funciona como um cartão de compra, isto é, o débito é feito de forma instantânea na conta e por isso, a mesma precisa ter saldo disponível”, afirma.
Adriana Matheus completa que o cartão de débito internacional, em geral, não é aceito em etapas importantes do cronograma dos viajantes. Por exemplo, nos serviços que exigem o cadastro de um cartão como garantia ou calção, caso do aluguel de veículos e hotéis. Nesse caso, o viajante vai precisar utilizar o cartão de crédito tradicional.
“Portanto, é sempre recomendável não colocar todos os ovos na mesma cesta. Então, é importante ao viajar contar com os benefícios de cada meio de pagamento. Ter o crédito para eventualidades e no caso de não contar com o dinheiro de imediato”, diz.
Cartão de débito internacional: de olho no Imposto de Renda
Uma ponderação importante para quem quer abrir uma conta internacional e utilizar o cartão de débito durante a viagem é ficar de olho nas obrigações com a Receita Federal. Não pelo cartão, mas pelo fato de que recursos armazenados em contas no exterior devem ser informados no momento do ajuste anual com o Fisco.
“Com relação ao Imposto de Renda, toda pessoa física com mais de R$ 140 em conta internacional precisa fazer a declaração de seus depósitos não remunerados no exterior no Imposto de Renda. O procedimento para isso é considerado simples, mas são necessárias algumas informações que variam de pessoa para pessoa”, explica Adriana Matheus.
A especialista afirma que todas as informações necessárias estão no informe anual que as instituições financeiras enviam, assim como no caso das contas correntes brasileiras. Portanto, o cuidado é mesmo o de não esquecer de buscar essas informações e inseri-las corretamente no momento da declaração.
A experiência de quem usou
O jornalista Willian Yamamoto viajou recentemente para a Europa utilizando cartão de débito internacional. À Inteligência Financeira, ele conta que a principal vantagem que percebeu foi a praticidade.
“A vantagem dos serviços das fintechs é não precisar levar grande quantidade de dinheiro em espécie ou ficar dependendo de casas de câmbio para efetuar as trocas”, diz. Willian ainda relata ter tido facilidade para observar o câmbio e escolher o melhor momento, além de ter aprovado as taxas praticadas.
Ele conta que utilizou os cartões das empresas Wise e Nomad. A Wise, por ter suporte a diferentes moedas, foi a escolhida para carregar libra esterlina e e euro. A conta da Nomad foi usada como uma reserva em dólar.
As principais dificuldades que Willian enfrentou foi não ter tido cartão de débito internacional aceito em parte dos destinos e não saber que precisava ter desbloqueado um dos cartões antecipadamente. “Não consegui realizar algumas transações em Portugal, Bélgica e Holanda em que não aceitaram o cartão da Wise e fiz o pagamento em dinheiro”, conta.
“Outra dificuldade foi para desbloquer o cartão da Nomad. Tive que entrar em contato com a central de atendimento e aguardar o desbloqueio que demorou 24 horas. No caso da Wise é necessário fazer a primeira compra física ou saque em auto atendimento para desbloquear o pagamento por aproximação, muito utilizado nos transportes da Europa”, relata o jornalista.
No saldo final, ele diz que aprovou os serviços. “Recomendo a utilização dos serviços, mas minha dica é verificar antes da viagem se o cartão está desbloqueado e levar dinheiro em espécie para evitar qualquer imprevisto como aconteceu comigo”, conclui.
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