Como a privatização da Eletrobras pode impactar na sua conta de luz
Especialistas afirmam que seu gasto fixo pode, sim, ficar mais caro
Com a privatização da Eletrobras, o que você certamente quer saber é se haverá redução na conta de luz. A medida provisória que viabiliza a privatização da Eletrobras foi sancionada em julho do ano passado pelo presidente Jair Bolsonaro.
O próximo passo é a avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o modelo de venda proposto pela União. O governo quer fazer a privatização até maio, porque avalia que, após essa data, não seria aconselhável devido às oscilações do mercado diante da proximidade das eleições. Os analistas do banco BTG acreditam que o processo vai ocorrer antes do prazo estabelecido em maio.
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De acordo com o governo federal, a privatização poderá recuperar a capacidade de investimentos da empresa em geração e transmissão de energia e pode até reduzir a conta de luz. Entretanto, especialistas do setor afirmam que o custo, na verdade, vai aumentar. Para ajudar a esclarecer o assunto, a IF enrtevistou Marcelo Pelegrini, diretor executivo da Sinapsis, empresa de consultoria e inovação em energia.
Há necessidade de investimentos na companhia?
Em tese, não. “Uma privatização não alteraria muito os sistemas de transmissão e obrigações que a Eletrobras tem. A grade reforma que teve no sistema de transmissão quando foi feita a renovação dos contratos dessas linhas já estabeleceu uma diminuição das receitas da Eletrobras e uma indenização por investimentos não amortizados. Então não haveria impacto nas linhas de transmissão já existentes, consequentemente, não haveria um repasse para o consumidor”, explica Marcelo.
Qual será o impacto da privatização na conta de luz?
O governo vem reafirmando que a privatização pode reduzir a conta de luz. No entanto, analistas afirmar que o efeito pode ser o contrário, pois deputados e senadores incluíram no texto medidas que podem gerar custos a serem pagos pelos consumidores, dentre eles:
- Exigência de contratação de termelétricas movidas a gás no Nordeste, Norte, Centro-Oeste e Sudeste;
- Reserva de mercado para contratação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs);
- Prorrogação, por mais 20 anos, dos contratos das usinas construídas por meio do Programa de Incentivos às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa).
Marcelo explica que essas inclusões já estão até sendo contabilizadas por especialistas do setor. “Foi colocada uma série de requisitos extras, que deve ser repassada para o consumidor. Então a tendência é de haja um aumento na conta de energia, sim”. Esse aumento pode variar de 4,3% a 6,5% na conta de luz dos consumidores.
Colaborou Anne Dias