Como financiar um carro? Tudo o que você precisa saber antes de ter um 0km na garagem

Leasing, consórcio, financiamento: veja as vantagens e desvantagens de cada modalidade de pagamento

- Ilustração: Marcelo Andreguetti
- Ilustração: Marcelo Andreguetti

Levantamento realizado pela Webmotors no início deste ano mostra que 91% dos usuários da plataforma pretendem trocar de carro ainda neste ano. Aliás, 70% dos donos de veículos com até dois anos de uso, querem mudar de automóvel nos próximos meses. Afinal, que o brasileiro é apaixonado por carros, até slogan de comercial já virou. Mas como financiar um carro?

Além disso, com a decisão do governo de reduzir em até 10,96% o preço dos automóveis novos com de até R$ 120 mil, o tema volta ao interesse dos consumidores.

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Para quem tem o dinheiro à vista, é claro, a alternativa é a mais recomendada para evitar juros de longo prazo. Mas se você, como a maioria dos brasileiros, tem dificuldade para dispor de grandes quantias para pagar de só uma vez, a Inteligência Financeira te mostra os caminhos de como financiar um carro.

Aliás, quais são as exigências para ter um financiamento aprovado? Consórcio é um bom negócio? Qual o melhor investimento para juntar dinheiro para dar uma entrada? Quais as vantagens e desvantagens de financiar um carro? Especialistas no assunto nos ajudam a tirar todas essas dúvidas.

Como financiar um carro?

O financiamento de um veículo é uma modalidade de empréstimo na qual o devedor paga juros a uma instituição financeira, sendo ela pública ou privada. Assim, ele obtém a quantia necessária para o pagamento do veículo.

Quais são os juros cobrados?

As taxas de juros cobradas variam muito de banco para banco. O próprio Banco Central disponibiliza a taxa média de juros aplicada pelas instituições financeiras, que você pode consultar neste link. No entanto, o perfil do interessado também será analisado na hora do cálculo feito pelo banco. 

Por meio de simulação nos sites de instituições financeiras, a taxa pode variar de acordo com o histórico de crédito do interessado. Aliás, por meio de consulta ao cadastro positivo e ao sistema de informações de crédito do Banco Central, o banco avalia sua capacidade de pagamento.

Além disso, ter um score de bom pagador também é importante. O cadastro positivo avalia de 0 a 1.000 a nota dos consumidores. Quanto mais próximo de 1000, significa que você quita seus débitos em dia.

Se seu perfil for de bom pagador, você conseguirá taxas mais baratas. Caso você tenha tido problemas recentes com liquidação de dívidas, juros mais altos serão aplicados. De acordo com o Banco Central, a taxa média de juros aplicada pelas instituições financeiras está em torno de 28% ao ano.

Quais as exigências para financiar um carro?

Para financiar um veículo é preciso que você tenha crédito na praça, ou seja, não estar com o nome negativado em plataformas como o SPC e Serasa. A idade mínima para obtenção da carta de crédito costuma ser de 20 anos.

Idade limite

É muito difícil que pessoas com menos de 20 anos já tenham dados suficientes nos sistemas de avaliação de crédito para informar as instituições financeiras se são ou não boas pagadoras.

Aliás, também há idade máxima. Para quem deseja comprar um carro, pessoas acima de 70 anos costumam ter crédito negado devido aos riscos de financiamento de longo prazo.

Renda comprometida

Além disso, a renda também é outro critério das instituições financeiras. O tomador de empréstimo não pode comprometer mais de 30% do seu ganho líquido na hora de financiar um carro. 

Wanessa Guimarães, sócia da HCI Invest e Planejadora Financeira CFP pela Planejar, dá um exemplo de quanto pode custar um financiamento. “Considerando a média dos principais bancos, um carro financiado em 60 meses a taxa de 2,03% ao mês, no valor de R$ 69 mil, custará aproximadamente R$ 118.360,20”, diz.

Quais são os tipos de financiamento de carros?

CDC (Crédito Direto ao Consumidor)

Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu Me Banco, explica que a modalidade mais popular de financiamento é o CDC (Crédito Direto ao Consumidor).

Neste tipo de crédito, o interessado negocia com o banco o financiamento e quais serão as taxas pagas, que variam de acordo com a renda e perfil de crédito do comprador.

Consórcio

“Uma outra modalidade também conhecida é o consórcio em que o cliente faz parte de um grupo com outros consumidores e só adquire o veículo quando é sorteado”, diz.

Ele lembra que é preciso tomar muito cuidado nessa modalidade, pois as prestações a serem pagas podem passar por alterações, caso haja variação nos preços dos valores dos automóveis. 

“Além disso, acaba sendo uma opção em que o comprador pode demorar um tempo maior e além do esperado para ter o veículo em mãos, já que dependerá de um sorteio. Acredito que é uma opção desvantajosa em relação a outras opções disponíveis, já que as taxas podem representar custos altos e o tempo de espera tem que ser analisado”, diz. 

Já Wanessa Guimarães vê por outro lado. “O consórcio também pode ser atrativo para quem tem um planejamento financeiro mais equilibrado. Uma vez que você precisa pagar as parcelas mensais do grupo até ser contemplado. Isso pode ajudar a desenvolver o hábito de poupar e manter uma disciplina financeira”, diz.

Leasing

E por último, há o leasing. Este tipo de financiamento funciona como uma espécie de aluguel do veículo com direito à aquisição no final do contrato.

Há diversos tipos de leasing e o mais comum é o leasing financeiro. O prazo mínimo é em torno de dois a três anos. No final do contrato, o bem pode ser comprado por um valor que é previamente combinado com o arrendatário — justamente o que chamam de valor residual.

Vantagens e desvantagens de financiar um carro

Fábio lembra que, como quase tudo na vida, há aspectos positivos e negativos no financiamento de carros. “Entre as vantagens, está o fato de ter acesso mais rápido ao veículo caso esteja precisando, se não tiver o montante suficiente para comprar à vista. Com isso, já pode ir fazendo o uso do veículo enquanto paga por ele”, diz.

Ele afirma que outra vantagem é a diluição de pagamento. Ou seja, em vez de gastar um montante de uma vez só sem poder, pode-se diluir mensalmente esse valor, facilitando o pagamento aos poucos.

“Assim como é possível adquirir um carro de custo mais alto, que se fosse numa compra à vista, talvez o comprador não tivesse capital suficiente para isso”, diz.

Ele afirma que a desvantagem principal é a incidência de juros, o que acaba aumentando o custo total do veículo.

“Tendo isso em vista, é preciso analisar com cuidado se de fato vale a pena fazer esse financiamento, que acabará também causando gastos maiores mensalmente. Lembrando que com prazos, que podem ser longos e, se a pessoa não estiver devidamente preparada financeiramente, pode gerar endividamentos”, diz.

Já Daniel Garrido diz que a alta na Selic é um complicador para quem quer parcelar um veículo. “A desvantagem nesse momento de alta de Juros, são os valores um pouco mais altos, gerando a possibilidade de pagar até 2x o valor do veiculo”, diz.

Onde investir até ter o dinheiro para dar de entrada no carro? 

Fábio Louzada diz que o Tesouro Selic e os CDBs (Certificado de Depósito Bancário) são ótimas opções para deixar o dinheiro aplicado até dar entrada no automóvel. Lembrando que quanto maior for a entrada, menores serão as parcelas ou o prazo para a quitação do veículo.

“Com a taxa Selic em 13,75%, o rendimento é de mais de 1% ao mês. Além disso, é um investimento considerado seguro. Outro produto indicado são os CDBs pós-fixados, que também seguem a taxa de juros atual, e ainda contam com a proteção do FGC – Fundo Garantidor de Crédito”, diz.

Já Wanessa Guimarães lembra também que diante de um cenário econômico indefinido e aproveitando o cenário de Selic mais alta, investimentos em renda fixa pós-fixados podem contribuir para acumulação de recursos para entrada e financiamento.  

“Havendo prazo de 6 meses a 1 ano, pode-se aproveitar ativos de renda fixa com resgates mais longos para obter melhor rentabilidade. Porém, se o prazo de acumulação for menor que 6 meses, a sugestão é buscar ativos de renda fixa com liquidez imediata, como por exemplo, Tesouro Selic ou CDB”, diz.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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