Um filho pode custar R$ 1,5 milhão, do nascimento aos 18 anos; você está preparado? Veja como se organizar financeiramente
Antes de se apavorar, saiba que o segredo está no planejamento antecipado
Ter um filho custa tempo, dedicação e muito, mas muito dinheiro. Segundo cálculos feitos com exclusividade para a Inteligência Financeira por Taís Magalhães, planejadora financeira CFP pela Planejar, bancar um filho dos 0 aos 18 anos pode custar cerca de R$ 1,5 milhão.
E olha que esse cálculo foi feito com base em valores médios. Ou seja, se a família quiser e puder gastar, o céu é o limite.
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Para fazer as contas, Taís utilizou os últimos dados da Pesquisa de Orçamento Familiar, referente aos anos de 2017 e 2018, do IBGE. Além disso, ela seguiu a definição de renda média de acordo com Critério Brasil, além de estimar a inflação para os próximos anos. O resultado foi esse:
Classe social | Renda média familiar | Gasto com um filho dos 0 aos 18 anos |
A | R$ 26.811,68 | R$ 1.431.840,28 |
B1 | R$ 12.683,34 | R$ 677.336,04 |
B2 | R$ 7.017,64 | R$ 416.408,06 |
O cálculo considerou as despesas compartilhadas entre os membros da família, como gastos com moradia, alimentação, saúde e lazer. E também os gastos específicos com a criança, como as despesas com educação.
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Já os custos com ensino superior foram excluídos do cálculo. Imagine só se considerasse uma faculdade de Medicina, cuja mensalidade pode ultrapassar facilmente os R$ 10 mil.
“Claro que os valores mudam consideravelmente conforme a região do país, o tipo de educação que se pretende dar aos filhos, e se a família poupa durante esses anos para o custeio das despesas com ensino superior ou outras poupanças para os filhos”, explica.
Além disso, Taís lembra que o impacto da educação será ainda mais relevante se considerar a vinda de outros irmãos, já que esse cálculo foi feito para um único filho.
Pais fazem contas
“Não parei para fazer as contas de quanto gastei com minha filha até hoje, porque não quero me assustar”, relata o gerente Vinicius Moraes, pai de uma moça de 17 anos.
Ele conta que, no ano passado, gastou cerca de R$ 75 mil só com o pagamento de um mês de intercâmbio para a filha estudar inglês nos Estados Unidos. “Se a gente pensasse no dinheiro, jamais teria filhos”, brinca.
O gerente de logística E. L. concorda. Pai de Manoela, de 7 anos, diz que gasta, só com a escola dela por mês, mais de R$ 3.500. “Agora multiplica isso até os 18 anos”, diz.
“Filho se a gente pensa, não tem. Mas eles são muito mais do que o custo financeiro, eles são nossa vida”, diz.
Como se organizar financeiramente para ter um bebê
Pois é, filhos são uma aventura, mas quem tem sabe que vale a pena. Porém, diante de gastos tão elevados, quando e como se organizar financeiramente para ter um bebê?
De acordo com Letícia Camargo, planejadora financeira CFP pela Planejar, a melhor maneira é começar o planejamento com a maior antecedência possível. De preferência, alguns anos antes.
“Mas se não tiver sido possível começar a fazer um planejamento financeiro antes da gravidez, então o ideal é começar o quanto antes, assim que souberem que estão aguardando um bebê”, recomenda.
Arrume as contas e corte despesas desnecessárias
Tenha em mente que será preciso arrumar as finanças da casa, se isso não aconteceu. De modo simplificado, siga estes três passos:
- Anote os gastos: isso irá te ajudar a entender o estado atual das finanças. Para te ajudar nessa tarefa, baixe gratuitamente a Planilha de Controle Financeiro da Inteligência Financeira.
- Identifique e corte os gastos desnecessários
- Monte uma reserva de emergência
Verifique seu plano de saúde
A planejadora alerta que é preciso verificar com antecipação a questão do plano de saúde, pois, pela lei, a carência de cobertura para parto a termo é de 300 dias. Sendo assim, se não tem um plano de saúde com cobertura para o parto, é hora de providenciar.
E após ter o bebê, não se esqueça de incluir a criança no plano antes de completar os 30 dias após o nascimento, para que ele não tenha de cumprir carências.
Liste os gastos essenciais com com a chegada do bebê
Para continuar a se organizar financeiramente para ter um bebê, é preciso se conscientizar que os gastos vão aumentar muito, afirma Letícia. Por isso, faça uma lista dos principais gastos com o enxoval do bebê. Veja abaixo alguns exemplos:
- Móveis para o quarto do bebê (berço, cômoda, armários, decoração)
- Roupinhas
- Fraldas e outros itens de higiene
- Carrinho, bebê conforto, cadeirinha para o carro
- Mamadeiras e outros artigos para alimentação do bebê
Como a lista é extensa, a dica aqui é pesquisar bastante, pois os preços variam muito.
Lembre-se também de que é possível comprar itens de segunda mão, como do amigo que teve filhos recentemente e já não usa alguma coisa.
Por último, procure não exagerar nas compras, pois os bebês perdem roupas e itens muito rapidamente.
Investimentos e seguros
Pensar na tranquilidade financeira da família é essencial, ainda mais com a chegada de um filho. Por isso, a planejadora lembra que é interessante contratar um seguro de vida, especialmente quando ainda tem filhos menores de idade que não conseguirão se manter sozinhos.
“À medida que eles forem crescendo, é possível ir diminuindo o valor do seguro”, diz.
Caso queira fazer alguma poupança específica para a educação dos filhos, Letícia acha que uma boa dica é o Tesouro Educa+, do Tesouro Direto, aplicação voltada especificamente para educação. Para saber mais veja esta reportagem completa sobre o Tesouro Educa+.
Outras opções são investimento em previdência privada, que vai permitir a dedução no Imposto de Renda pelo modelo completo, caso optar pelo tipo PGBL, completa a planejadora.