Independência (financeira) ou morte (do bolso)

O que os 200 anos da independência do Brasil têm a ver com o seu bolso

Ilustração: Marcelo Andreguetti
Ilustração: Marcelo Andreguetti

Nesta quarta-feira (7), o Brasil comemora sua independência em relação à Portugal.

A emancipação significou muita coisa, e até mesmo coisa alguma: o aviso de que o Brasil não tinha relação com a corte portuguesa aconteceu há exatos 200 anos.

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Mas a história mostra que a luta pela independência total ainda continuou por mais alguns meses, porque houve regiões que queriam permanecer como estavam – ou seja, sob o guarda-chuva português. Eram elas: o Pará, a Bahia e o Maranhão.

E, entre as várias consequências, uma foi a mais relevante.

O Brasil saiu da aba de Portugal.

O que a independência do Brasil tem a ver com seu bolso?

O Bicentenário da Independência tem muito a ver com seu bolso.

“O conceito de independência, de não depender, é a grande questão. É ter liberdade de escolha. O Brasil passou a decidir por si só, sem depender de decisões que vem de outro lugar. E isso serve para você também”, afirma Martin Iglesias, planejador financeiro, professor e especialista líder em investimentos e alocação de ativos do Itaú Unibanco.

E quanto você tem que ter investido para se considerar independente? Martin explica que não tem um número redondo. Mas há um conceito interessante.

“A independência financeira se dá quando a pessoa conquista dinheiro suficiente para ter domínio total sobre o seu tempo. Pode ir para lugares e comprar coisas sempre que assim ela decidir e não ficar no vermelho por conta disso.”

Um sujeito que tem total domínio do tempo pode até mesmo escolher… não ter tempo.

Martin lembra que o mega investidor Warren Buffett acabou de completar 92 anos e continua trabalhando todos os dias. Por que precisa? Certamente não. Mas porque foi uma escolha dele ter feito este tipo de administração do tempo.

“A independência financeira te permite escolher seu trabalho, ter mais tempo livre”, afirma Martin. “No limite, uma superindependência te permite que os rendimentos mensais cubra totalmente seu padrão de vida.”

O bicentenário da independência e seu bolso

Então, para trazer o bicentenário da Independência do Brasil para perto da sua realidade financeira, a Inteligência Financeira (IF) estruturou um mapa para te orientar sobre como ter inteligência financeira em um mundo inundado de apelo ao consumo.

Vamos a ele.

Como ser independente financeiramente?

Para Lai Santiago, educadora financeira da fintech de crédito Open Co., a regra é simples. “É preciso começar enxugando os gastos”, afirma Lai.

A regra é clara: se não é possível aumentar a renda, então vamos diminuir os custos.

Na sequência, vem a tríade: reserva de emergência + poupar para a aposentadoria + planejar os gastos maiores.

Para Lai, até existem dívidas boas, como você pode ver na entrevista que ela concedeu com exclusividade para a IF e que está no link logo abaixo.

“Mas é importante equilibrar seu comportamento e o contexto socioeconômico ao tomar decisões financeiras”, diz ela.

Ou seja: mais do que “eu mereço” tal coisa, faça contas.

Temos certeza de que sim, você merece, mas o que deve liberar sua lista de desejos é o seu bolso.

Ser independente depende de quê?

Tornar-se independente é mais simples do que se imagina.

Além de cortar gastos, como explicou Lai, você precisa ter um olho na sua renda.

“É importante gastar menos do que ganha, para que o patrimônio esteja sempre crescendo”, afirma Larissa Quaresma, analista da Empiricus.

Um tanto óbvio, né? Mas nem sempre fácil de executar.

Tanto que, segundo a Serasa, existem 67,6 milhões de brasileiros com dívidas atrasadas. São os chamados inadimplentes.

“O ideal é não fazer dívidas de conveniência, como cheque especial, cartão de crédito, crédito pessoal. São dívidas fáceis de entrar e são muito caras, têm cerca de 80% a 300% de juros ao ano. Então, ao evitar entrar nesses empréstimos a pessoa já evita entrar em uma bola de neve. Caso tenha, a recomendação é quitar.”

Recebeu uma promoção? Então, não saia gastando

Nem sempre que você tem um aumento, seu padrão de vida precisa subir.

Supondo que já tenha uma vida bacana. Uma promoção não precisa resultar em aumento de gastos na mesma proporção.

“Se a renda aumentar e o patamar de vida continuar no mesmo lugar, vai ser mais fácil guardar dinheiro e ficar rico mais rápido”, diz Larissa Quaresma, da Empiricus.

Para que ter uma reserva de emergência?

Parte importante do processo da independência financeira é ter uma reserva.

“Neste caso, o dinheiro deve ficar em um ativo seguro, de liquidez imediata, como o Tesouro Selic, que é um título do Tesouro Direto, fundos de renda fixa que investem no Tesouro Selic ou CDB’s, afirma Larissa Quaresma, da Empiricus.

Quanto aos outros investimentos, é melhor não ter pressa. Vai aumentando o nível de risco do resto da sua carteira aos poucos.

A medida em que você for entendendo o funcionamento do mundo dos investimentos, você dá um passo em direção ao risco, se você se sentir confortável para isso.

Mas nada disso funciona se você ultrapassar o seu limite.

Qual é o seu limite?

Como saber qual é o seu limite? Conhecendo seu perfil de investidor, ou seja: saber qual é a sua capacidade de correr risco.

Alexandre Brito, sócio e gestor da Finacap Investimentos, desenvolveu três passos simples, que você pode começar ainda hoje para mudar a rota da sua vida em busca da independência financeira.

São eles:

  1. Faça uma boa gestão do dinheiro: Como você vai fazer isso? Passando gastos, planos, sonhos, projetos da cabeça para o papel. Ou para uma planilha ou aplicativo, o que for melhor para você.
  2. Tenha a independência financeira como objetivo: saiba quanto você quer ter em patrimônio e em quanto tempo. A questão aqui é gerar uma renda passiva que subsidie as despesas em um momento de desemprego, ou se você quiser tirar um ano sabático ou já está programando a aposentadoria. Você terá que traçar uma projeção financeira de quanto precisará investir ao longo dos anos para atingir sua independência financeira – e pode fazer isso com a ajuda de um planejador financeiro.
  3. Customize uma estratégia de investimento, com base no planejamento e no seu perfil de risco. A diversificação e a visão de longo prazo nos investimentos são cruciais para o sucesso nessa jornada. Para isso, ter um planejador financeiro ao seu lado pode ser uma boa alternativa. Dê preferência àqueles que tenha uma relação de isenção com você.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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