Inverno roxo? Entenda o que está levando tantos jovens a abandonar o Nubank

Apesar dos 65 milhões de clientes, Nubank enfrenta queixas nas redes sociais

- Ilustração: Marcelo Andreguetti
- Ilustração: Marcelo Andreguetti

Há alguns dias o relato de um jovem sobre o rompimento com seu antigo banco preferido viralizou no Twitter. O engenheiro de software Lucas Menezes abandonou o Nubank e disse estar apreciando a sensação de se livrar de um banco. Não demorou muito para que usuários da rede compartilhassem o post e respondessem fervorosamente ao depoimento. 

Na maioria das vezes, jovens que estavam fazendo esse mesmo movimento. Como é o caso do atleta Rodrigo Teixeira, que também falou sobre sua experiência com a fintech no Twitter. “O Nubank está perdendo muitos clientes depois que tirou as vantagens que apresentava. Eu, por exemplo, deixava todo o meu dinheiro lá porque rendia bem. Agora, tirei tudo e levei para outro banco… Não me arrependo”, afirmou. 

Inverno roxo?

Afinal, o que tem acontecido com o Nubank? Apesar dos seus mais de 65 milhões de clientes anunciados no último balanço, não é incomum ver relatos de pessoas insatisfeitas com a fintech. Na visão de Fernanda Melo, economista e planejadora financeira CFP pela Planejar, esse movimento é fruto de uma série de mudanças ao longo do tempo. 

Há alguns anos, vivíamos em um momento em que as pessoas não tinham tanto acesso à educação financeira.

Ao mesmo tempo, as fintechs surgiam em um cenário de taxas de juros mais baixas e poucos concorrentes.

“Os “bancões” davam mais prioridade para serviços de alta renda e um público mais velho. Foi aí que essas startups aproveitaram uma oportunidade e atraíram um público mais jovem com serviços de atendimento e tecnologia a custo zero”, ressalta a planejadora.

Hoje, com taxas de juros mais altas, acabou se tornando mais caro manter esses incentivos.

Em julho deste ano, por exemplo, o Nubank anunciou que sua conta remunerada não renderia mais diariamente. O rendimento de 100% do CDI passou a valer depois do 30º dia do depósito.

“O jovem que estava acostumado com esse tipo de facilidade não quer abrir mão disso. Em paralelo, os grandes bancos começaram a se adaptar e oferecer vantagens tão competitivas quanto”, explica Fernanda. 

A busca por vantagens

No tweet que viralizou, Lucas Menezes ainda afirmou que ter controle financeiro também é se livrar de um banco que não traz vantagens.

O Nubank, por exemplo, oferece um programa de pontuação pago e que só vale a pena, segundo a própria empresa, para aqueles que gastam um determinado valor por mês — o que também tem influenciado nessa saída de clientes. 

“De fato, para aqueles que são bem organizados financeiramente, um cartão de crédito pode trazer muitos benefícios. Você consegue acumular milhas e cashback. Comparativamente, gastar no crédito costuma ser mais vantajoso que no débito. E isso tem pesado na escolha desses jovens”, explica Fernanda. 

Qual a melhor estratégia?

Depende. O banco perfeito não existe. Segundo Fernanda, o ideal é entender suas necessidades e aproveitar as oportunidades.

“O que vemos são bancos oferecendo condições especiais para novos clientes. É importante ficar atento a essas oportunidades e saber usufruir dos benefícios. Quando deixar de ser vantajoso, você pode buscar o que for melhor no novo cenário”, indica a planejadora. 

E um ponto importante: não importa qual for o seu banco, é preciso se planejar e manter o controle financeiro em dia. “Hoje as pessoas acabam tendo mais facilidade para conseguir crédito. Isso é do próprio sistema financeiro e não de uma fintech ou banco específico. Não dá para culpar essas instituições pelo endividamento das pessoas. É mais sobre saber usar o crédito, se educar e aproveitar o melhor desse mundo”, ressalta Fernanda.

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