“Meu maior erro foi empreender em algo que eu não conhecia”

Se você acompanha os campeonatos de basquete brasileiro deve se lembrar de Guilherme Giovannoni, 41 anos. Guilherme é ex-jogador da seleção brasileira, foi tricampeão do NBB (Novo Basquete Brasil), nosso campeonato masculino mais importante, organizado pela Liga Nacional de Basquete e chancelado pela Confederação Brasileira de Basketball. Ele ainda recebeu duas vezes o prêmio de jogador mais valioso do NBB. Ligou o nome à pessoa? Se não, vou colocar todo mundo na mesma página.

Como sabemos, a vida de um atleta profissional é curta. Dura 15 ou 20 anos, conforme o físico permita. Imagina você, uma engenheira ou um dentista,  tendo que parar de trabalhar depois de 20 anos da formatura. Foi o que aconteceu com Guilherme.

Ele teve que se aposentar em 2019 depois de 16 anos na seleção brasileira de basquete, com da Olimpíada de Londres (em 2012) e a do Rio (2016) no currículo.

Seria o fim? Para o esportista, sim. Para o homem de finanças, não. Nascia ali um assessor de investimentos, que agora trabalha no escritório de agentes autônomos B.Side Investimentos, que tem R$ 1,5 bilhão sob custódia e é ligado ao BTG Pactual. Ele, inclusive, orienta atletas na administração do patrimônio, vejam só.

Não pense você que Guilherme é um ás do dinheiro. “Já cometi erros, sim. E o maior deles foi empreender em algo que eu não conhecia. Perdi muito dinheiro com isso”, afirma o ex-atleta. A lição que ele tirou disso? Que é preciso estudar antes de por a mão no bolso, seja para investir em um novo negócio, seja para comprar um ativo do mercado financeiro. Veja abaixo a entrevista que Guilherme concedeu à Inteligência Financeira, nessa nossa série de reportagens especiais chamada “Meu erro”:

Qual foi seu maior erro em relação ao dinheiro?

Empreender em algo que eu não conhecia. Abri uma franquia no setor varejista, mas não deu certo. Perdi muito dinheiro com isso.

Por que isso aconteceu?

Por não conhecer bem o mercado em que estava entrando, além de não calcular as margens que o negócio me traria de retorno.

Como você descobriu que estava errado?

Quando a cada mês que passava, saía mais dinheiro do meu bolso. Não tinha fim a sangria, até chegar ao estágio de ter que fechar o negócio.

Como você contornou a situação?

Encerrando imediatamente o negócio ao perceber que aquilo não traria resultados nem no longo prazo.

Será que você poderá cometer este mesmo erro novamente?

Errar o mesmo erro não, já que dificilmente investiria em uma franquia novamente. Só espero que o próximo erro seja diferente…

Quais lições você aprendeu?

Que antes de entrar em qualquer negócio ou investimento, estude o máximo que puder sobre aquilo onde você irá colocar dinheiro e o mercado nele envolvido.

Como você avalia seus investimentos hoje?

Tenho um perfil agressivo nos meus investimentos, ou seja, aceito tomar mais risco vislumbrando maiores ganhos. Apesar de ter sido um ano bastante desafiador o de 2021, acredito que a estratégia de longo prazo vá trazer bons frutos. Meus investimentos estão bem diversificados.

Agora que você trabalha com finanças, conta pra gente: onde os investidores mais erram?

Eles concentram muito da carteira em um só ativo e, portanto, não diversificam. Ou querem enriquecer de maneira rápida. A ganância faz os investidores acreditarem, por exemplo, em esquemas de pirâmide, ou se alavancarem muito mais do que o recomendado.

Como você olha para um ativo e decide entrar ou não?

Tese do investimento, histórico do ativo, preço, cenário macroeconômico, riscos… são diversos os indicadores a se olhar antes de investir em qualquer coisa.

Quais ensinamento você poderia compartilhar com os menos experientes?

O tempo é o seu maior ativo. Quanto antes começar, melhor. Além disso, é necessário ter paciência e disciplina. Sobre esse último tópico, gosto de comparar a disciplina necessária para ser um atleta profissional com a disciplina necessária para ser um bom investidor.

Em qual investimento você está de olho?

Com o mercado estressado, sempre aparecem muitas oportunidades. Mas a renda variável (ações e fundos imobiliários) tem bastante coisa com preço atrativo.

Qual é a tendência do mercado financeiro?

Diante de um ciclo de alta de juros, teremos muito em breve dois dígitos da taxa Selic. Então, a renda fixa tem apresentado boas taxas. Tem muita coisa boa para aproveitar, mas é necessário tomar alguns cuidados como os emissores de cada título ou papéis que sofram menos com a marcação a mercado.