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5 razões para NÃO parcelar a conta de luz, nem de outras despesas fixas
Dificilmente você vai parcelar contas de luz ou outras despesas fixas por achar que esse é um bom negócio. Ainda assim, pode acontecer de você – ou algum conhecido seu – não ter todo o dinheiro que precisa para quitar as dívidas do mês. E aí? Parcelar essas contas é um bom negócio?
Para começar, vale dizer que essa situação é comum entre os brasileiros. “O endividamento está muito alto, assim como o nível de inadimplência”, afirma Carlos Castro, planejador financeiro CFP e sócio fundador da SuperRico – Projetos de Vida.
Dados de janeiro da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) indicam que 78% das famílias brasileiras estão endividadas e 29,9% estão com dívidas em atraso.
A situação é ainda pior entre os que ganham até três salários-mínimos: 79,2% têm dívidas e 38,7% (ou seja, quatro em cada dez) estão inadimplentes.
Qual é a lógica? O especialista explica: “Estamos em uma situação em que os juros estão altos exatamente para conter uma inflação que é alta”, diz ele.
Essa estratégia, porém, tira o poder de compra das pessoas. E, mais uma vez, quem tem renda mais baixa acaba levando a pior porque compromete mais e mais o orçamento com gastos essenciais, como alimentação ou energia elétrica.
A tendência, então, é que as pessoas comecem a parcelar as contas fixas, muitas vezes no cartão de crédito ou no cheque especial.
E qual é o problema? Vamos entender passo a passo.
Parcelar x pagar à vista: o que é melhor?
A resposta é quase óbvia: é melhor pagar à vista do que parcelar uma conta de luz.
“A primeira medida que as pessoas devem fazer em seu planejamento financeiro, sempre que possível, é evitar financiar os gastos essenciais.”
Carlos Castro, planejador financeiro CFP e sócio fundador da SuperRico – Projetos de Vida
Mas é claro que o “sempre que possível” tem um grande peso na sua recomendação. Afinal, dificilmente alguém parcela uma conta essencial porque acha que a estratégia é vantajosa.
Como ele mesmo disse no início do texto, muitas pessoas estão com o orçamento apertado e realmente não têm como pagar todas as contas do mês de uma vez.
O que fazer então?
“É preciso buscar fontes de renda alternativas e, aos poucos, reduzir e priorizar as dívidas que estão no cartão de crédito”, diz ele.
E, claro, enquanto essas novas fontes de renda não surgem, é preciso encontrar o melhor caminho para reduzir dívidas e juros. Falaremos sobre isso a seguir.
Qual é o problema de parcelar contas fixas?
Existem dois principais problemas de parcelar contas de consumo.
Um deles é que essas contas são “fixas”, ou seja, ainda que não tenham um valor igual todos os meses, elas têm de ser pagas todos os meses.
Portanto, se você parcelar a conta de luz de fevereiro, no próximo mês terá de pagar a parcela de fevereiro e a conta integral de março. E se parcelar também a de março, a bola de neve só vai aumentar. Certo?
Mais um problema? Geralmente, esses parcelamos são feitos no cartão de crédito e – veja só! – as administradoras de cartão de crédito cobram taxas para pagar contas de energia. Ou seja, elas podem ser parceladas, mas você pagará por esse parcelamento.
Outro ponto, que é um grande risco, é deixar a bola de neve crescer tanto na fatura do cartão até chegar aquele momento em que você não consegue mais fazer o pagamento total. “Juros de cartão de crédito, seguidos por cheque especial, são os mais caros do mercado”, alerta o especialista.
É melhor atrasar o pagamento ou parcelar a conta de luz?
“Entre essas duas opções, a melhor saída é o parcelamento” , afirma Carlos.
Vale lembrar, ele diz, que que quando atrasamos o pagamento corremos o risco de corte de fornecimento, além de multas e juros cobrados posteriormente.
E a fatura do cartão de crédito: é melhor atrasar ou parcelar?
Nem pense em atrasar o pagamento da fatura do seu cartão porque isso vai ocasionar uma série de multas e juros.
De quanto estamos falando? A multa por atraso pode chegar a 2% (independentemente de quanto tempo você tenha atrasado). Ou seja, se atrasou um dia, pode contar com uma multa de até 2% sobre o valor total da fatura.
Há também cobrança de juros por atraso (até 1%, em média) e, o que pesa mais, juros de até 15% sobre o valor da fatura no próximo mês…
Não dá para brincar com isso, ok? E, se acontecer, a dica é pagar o mais rapidamente possível.
O que acontece se eu parcelar a minha fatura?
Existem basicamente duas formas de parcelar a fatura do cartão de crédito. E já adiantamos que nenhuma é vantajosa para quem parcela.
“A pior delas é o chamado crédito rotativo, em que o consumidor faz apenas o pagamento mínimo exigido pela administradora do cartão e deixa o restante para a fatura seguinte”, diz ele.
São os juros mais caros do mercado, ok?
“Outra forma, um pouco melhor, é fazer o parcelamento da dívida em parcelas com juros pré-fixados, que são menores que os do rotativo”, diz ele.
Uma alternativa? Se você tiver alguma linha de crédito, a dica pegar um empréstimo feito diretamente com o seu banco (o chamado crédito direto ao consumidor) e quitar a fatura do cartão. “O CDC tem juros que são metade dos juros do cartão de crédito”, alerta o especialista.
Por que não é um bom negócio parcelar conta de luz e outras despesas
Para resumir, aqui estão as principais razões para não parcelar as contas de consumo:
- elas são contas fixas, ou seja, você não se livra delas no mês seguinte;
- se você parcelar a conta de fevereiro, por exemplo, nos meses seguintes terá que pagar a conta de consumo mensal e ainda a parcela da conta de fevereiro;
- se o parcelamento se tornar um hábito, você terá uma soma de parcelas para pagar a todo mês, além da conta mensal (ou seja, uma bola de neve);
- as administradoras normalmente cobram taxas para fazer o parcelamento de contas de consumo no cartão de crédito;
- se a fatura do cartão de crédito ficar alta demais, você pode não conseguir quitá-la e aí terá um problema ainda maior com os juros mais altos do mercado.
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