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O que fazer com a restituição do IR: pagar dívidas ou investir?
Fazer a declaração do imposto de renda não é lá das tarefas mais divertidas do ano. Mas muita gente pode ter uma recompensa por isso: a tão esperada restituição. Só no primeiro lote, pago em 31 de maio, mais de 5 milhões de brasileiros receberam a restituição. Quando o dinheiro cai na conta, pode ser difícil resistir à tentação de aproveitar a grana extra para fazer aquela compra desejada há meses. Mas vale a pena pensar bem no destino para não se arrepender depois.
Para Ana Clara Aguiar, especialista em educação financeira da Serasa, o melhor é se planejar. “Para a pessoa não ter aquela sensação de que o dinheiro sumiu, o ideal é ter um destino certo antes de o dinheiro cair na conta”, diz.
E quais as prioridades na hora de usar a restituição? “É muito compreensível que queiram aproveitar, afinal não é sempre que cai um dinheirinho na conta. Mas especialmente para quem tem dívida e para quem não tem reserva de emergência, é preciso se planejar”, afirma ela.
Ou seja, antes de decidir o que fazer com a sua restituição, é importante avaliar sua situação financeira.
Está inadimplente? Priorize o pagamento da dívida
Está com dívidas em atraso, o nome negativado e não consegue pagar as parcelas até a data de vencimento? Então, o mais indicado, segundo Aguiar, é tentar quitar a dívida.
“Quem está com dívida negativada, principalmente as que incidem juros muito altos, deve priorizar o pagamento, para que não vire uma bola de neve e que se torne uma dívida impagável”, diz ela.
Isso vale também para as dúvidas que tenham taxas de juros muito elevadas, como o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial, mesmo que o contribuinte não tenha nenhum atraso no pagamento, defende Valéria Vanessa Eduardo, professora do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Anhanguera.
Sem reserva de emergência
A situação é diferente para os consumidores que tenham dívidas controladas e cujas parcelas cabem no orçamento mensal sem aperto. Quem tem um financiamento imobiliário ou de um carro, por exemplo, muitas vezes sente a vontade de aproveitar o dinheiro extra na conta para antecipar o pagamento. Mas isso pode não ser a melhor escolha, alertam as especialistas.
Antes de decidir por antecipar ou não as parcelas, é importante avaliar se a pessoa tem uma boa reserva de emergência – ou seja, um dinheiro guardado em um investimento seguro que está sempre à disposição em caso de necessidade.
O indicado é ter nessa reserva um valor capaz de cobrir os custos de vida por seis a 12 meses. “Não é todo mundo que consegue juntar esse valor de um dia para o outro, mas é uma oportunidade de começar”, diz a especialista da Serasa.
Como o nome indica, esse investimento serve como um colchão de segurança caso aconteça algo inesperado, como a necessidade de comprar um remédio por um problema de saúde ou pagar por um conserto do carro.
Uma grande vantagem de ter uma reserva formada é que você reduz o risco de ter de se endividar no futuro para cobrir esses gastos – um passo importante para colocar as finanças em ordem.
Segundo a professora Valéria Vanessa Eduardo, esse dinheiro “é um valor que precisa de uma liquidez rápida, para que se possa sacar quando precisar. Por isso é interessante a renda fixa”.
Tem financiamento? Avalie antecipar o pagamento
Quem tem uma dívida e já fez reserva de emergência pode avaliar usar a restituição para antecipar o pagamento. Se for possível pagar a dívida total, vale tentar negociar um desconto pelo pagamento antes do prazo.
Mesmo se a dívida for mais longa e a restituição não puder cobrir todo o montante, avalie uma amortização reversa, sugere a professora. Isso significa pagar as últimas parcelas do financiamento, aquelas que estão mais distantes.
“No caso de um financiamento de carro ou casa, os juros incidem sobre o saldo devedor. Quando se paga as parcelas de traz para a frente, você diminui o saldo devedor”, explica. Assim, o contribuinte paga um valor menor de juros.
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