Aumento de renda deve ser gatilho para pensar e planejar de vez a aposentadoria

Sem planejamento, o aumento de renda e padrão de vida podem atrasar a construção do patrimônio

À medida que a renda aumenta, o impulso para gastar também pode crescer. Por mais que seja um comportamento considerado natural, a existência da inflação do estilo de vida serve de atenção. Esse comportamento acontece quando os gastos crescem na mesma proporção da renda, sem que haja aumento equivalente nos investimentos.

Rendimento sobe recentemente
A renda do brasileiro com formação superior ou equivalente, por exemplo, mostra pequeno aumento recentemente. De acordo com dados da PNAD Contínua, do IBGE, a renda foi de R$ 6.928 no quarto trimestre do ano passado. Era de 6.721 no trimestre anterior e de R$ 6710 no mesmo trimestre de 2023. Esses são os dados mais recentes disponíveis e mostra que a renda sim pode subir.

Como controlar os gastos mesmo quando a renda aumenta?

O aumento de renda pode, sim, ser um impulso para melhorar a vida financeira. E a chave está em não deixar o consumo aumentar na mesma proporção. Segundo Tiago Godoy, educador financeiro e autor do livro ‘Emoções financeiras’, a verdadeira liberdade financeira vem do controle do padrão de vida. Mesmo quando a renda cresce.

“Você não precisa aumentar seus gastos apenas porque seu salário aumentou. Na verdade, ao manter seus gastos sob controle, você pode aproveitar o aumento de renda para investir e, assim, aumentar o seu patrimônio”, indica Godoy.

Já a planejadora financeira Wanessa Guimarães lembra que, para aqueles próximos da aposentadoria, o foco deve ser na preservação e no crescimento do patrimônio, já que o tempo para acumular recursos é menor.

“Se você já está perto da aposentadoria e sente que não fez o suficiente, o primeiro passo é cortar gastos supérfluos e tentar redirecionar esses recursos para investimentos. Nessa fase, não adianta gastar com coisas que não trazem retorno financeiro”, explica.

Aposentadoria requer planejamento

Para quem está na fase de pré-aposentadoria e percebe que o planejamento foi negligenciado, as estratégias passam por ações focadas e eficazes. “Revise todos os seus gastos. Se você não tem mais tanto tempo para acumular patrimônio, a única forma de garantir um futuro tranquilo é poupar agora. Não há espaço para descuidos”, orienta Godoy.

Já Wanessa recomenda análise detalhada das despesas e sugere buscar fontes de renda adicionais, como um trabalho extra ou investimentos que possam gerar retorno mais rapidamente. “Mesmo que você não tenha muito tempo, ainda é possível encontrar formas de aumentar a rentabilidade do seu dinheiro. Mas o fundamental é não cair na tentação de aumentar os gastos com o aumento de renda”, afirma.

Como manter o conforto sem comprometer o futuro

Não é preciso abrir mão de um estilo de vida confortável, mas a mudança de mentalidade é essencial. Godoy acredita que manter o conforto e o bem-estar é possível desde que se mantenha o foco no longo prazo. “Mesmo que você tenha uma renda confortável, sempre deve priorizar o aumento da sua reserva financeira. Evite aumentar seu padrão de vida a ponto de não conseguir poupar nada”, alerta.

Wanessa concorda e afirma que não é preciso cortar tudo o que se gosta, mas ser consciente na hora de fazer escolhas. “Muitas vezes, a pessoa se acostuma a gastar demais com coisas que não são essenciais. Isso precisa mudar para quem está próximo da aposentadoria”, diz.

E quando a aposentadoria está próxima?

Então, se você se deu conta de que não se preparou financeiramente para a aposentadoria e está com um prazo mais curto para garantir uma velhice tranquila, Wanessa dá algumas orientações. “Embora o tempo para acumular patrimônio seja menor, ainda há possibilidade de reverter a situação com disciplina e estratégias assertivas”, diz ela.

Assim, a primeira recomendação da planejadora é realizar um diagnóstico financeiro realista, avaliando todos os recursos disponíveis, como saldo do INSS, previdência privada, investimentos e até bens que possam virar renda. “Esse diagnóstico é essencial para entender a lacuna entre o que se tem e o que será necessário para manter o padrão de vida desejado”, explica.

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