Carteira digital, casamento e reforma da casa: para onde o consumidor brasileiro está olhando
Estudo mostra quais setores estão em alta e como o dinheiro está se tornando cada vez mais virtual
O período de pandemia trouxe diversas mudanças no comportamento das pessoas. Quando o assunto é consumo, não foi diferente. Por um lado, a preocupação com a casa, com o trabalho remoto e até mesmo com o jardim cresceu muito nos últimos meses. Por outro, um movimento mais intenso nas ruas, em bares e restaurantes também está sendo notado. Esses são alguns dos insights publicados na 4ª edição da Análise do Comportamento de Consumo, feita pelo Itaú Unibanco e a Rede, empresa de meios de pagamentos da instituição.
“Com essa análise, buscamos perceber tendências na forma de pagamento e de como as pessoas estão consumindo seus bens e serviços. A pandemia trouxe uma mudança muito visível: tornou o cidadão, que já era digital, em um consumidor digital. As pessoas passaram a fazer compras de uma maneira diferente, online, e esse é um movimento que não tem volta. As compras no varejo físico serão feitas mais pelo prazer. Houve uma transição do cidadão online para o consumidor online”, ressalta Paula Cardoso, CEO da Rede.
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Prova disso é o salto expressivo do uso de carteiras digitais. No terceiro trimestre deste ano, a modalidade, considerando Apple Pay, Google Pay e Samsung Pay, cresceu 112,4% na comparação com o mesmo intervalo do ano anterior. Das pessoas que pagam com elas, 72% são homens e 28% são mulheres. O ramo que teve mais representatividade no uso das carteiras digitais foi o de alimentação, com aumento de 108,8% no terceiro trimestre, em comparação a igual intervalo do ano anterior — sendo que os restaurantes foram os que mais se destacaram no setor, com salto de 220,3%.
Pagamento online veio para ficar
De acordo com a análise, o valor total transacionado pelo varejo no terceiro trimestre de 2021 cresceu 27,5% em relação ao mesmo período de 2020 e 11,9% sobre o segundo trimestre deste ano. Já na comparação com 2019, antes da pandemia, o crescimento foi de 34,7%.
As compras presenciais são as que mais refletem o início da volta “ao normal”. O pagamento em lojas físicas ainda representa a maioria, 78,9%, contra 21,1% no online, mas o digital vem crescendo: registrou um salto de 42,2% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. “Estamos em um mundo onde o físico e o digital se misturam. O pagamento online, seja por meio de um link ou e-commerce, é um hábito que veio para ficar”, ressalta Paula.
O levantamento aponta alguns setores que ainda estão em alta: materiais de construção, móveis de escritório, laboratórios e jardinagem. Nesse terceiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2019, pré-pandemia, esses setores cresceram 45%, 22%, 66% e 34% respectivamente.
O levantamento também identificou alguns ramos emergentes: bicicletas e restaurante online. O primeiro deles teve um crescimento de 58% em relação ao primeiro trimestre de 2019, enquanto os restaurantes online cresceram 428% em valor transacionado. “São mudanças de hábito que observamos por conta da pandemia. Em mobilidade, muitos quiseram evitar transporte público ou serviços compartilhados. A mesma lógica se aplica aos restaurantes”, ressalta Paula.
A pesquisa também destacou setores com curvas de retomada, como o de agências de matrimônio e buffets — que registrou um crescimento de 80% no terceiro trimestre, comparado com o mesmo período de 2019 — e o de bares e baladas, que deu um salto de 94%. “São setores que percebemos um retorno. Muitas dessas comemorações foram adiadas e agora estão voltando a acontecer. Já no turismo, que também está retomando, a curva de gasto médio aumentou e as pessoas estão optando por destinos nacionais”, explica Paula.
E no futuro?
Na visão da executiva, podemos esperar um consumo cada vez mais digital e menos dependente de cartão. Em um movimento natural, é esperado que o consumidor volte para as ruas e para o pagamento físico, mas o online continuará crescendo. Quando o assunto é finanças e meios de pagamento, a executiva também acredita muito em um futuro com destaque para o open banking e o PIX. “O open banking sem dúvidas vai trazer oportunidades para a geração de dados mais personalizada e assertiva. Já o PIX veio para ficar e trouxe uma mudança de comportamento voltado para o digital”.