Pesquisa mostra que 83% dos brasileiros fizeram cortes no orçamento

Entre os que acreditam que houve piora da situação financeira, 60% consideram que o salário não aumentou na mesma proporção dos preços

- Ilustração: Renata Miwa
- Ilustração: Renata Miwa

Levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC Brasil, em parceria com a Offer Wise Pesquisas, mostra que 51% dos brasileiros acreditam que a economia piorou em 2021, em relação ao ano anterior. A pesquisa aponta ainda que quatro em cada dez brasileiros avaliam que a própria condição financeira piorou em 2021 (43%), enquanto 31% acreditam que não melhorou nem piorou. Para 23% houve uma melhora. Em 2019, período pré-pandemia, 26% avaliaram que havia piorado e 30%, melhorado.

A situação financeira piorou

Entre aqueles que acreditam que houve piora da situação financeira em 2021, 60% consideram que o salário não aumentou na mesma proporção dos preços; 44% tiveram redução da renda familiar; 35% ficaram desempregados ou tiveram alguém da família que perdeu o emprego.

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O cenário mostra um aperto financeiro das famílias brasileiras: 40% dos entrevistados tiveram que renunciar a produtos ou serviços que compravam, enquanto 32% tiveram que fazer uso de alguma reserva de dinheiro que possuem. Já 31% ficaram muitos meses com as contas no vermelho (em 2019, antes da pandemia, eram 24%) e 25% ficaram desempregados.

A respeito das consequências da Covid-19, sete em cada dez entrevistados afirmaram que a vida financeira familiar sofreu algum impacto com a pandemia (77%), enquanto 22% garantem que não.

O cenário de aperto financeiro se confirma uma vez que 83% tiveram que fazer cortes ou ajustes no orçamento em 2021, sendo que 59% tiveram que redirecionar o dinheiro para pagamento de contas, 35% para pagar contas em atraso e 25% para economizar e guardar dinheiro.

Redução nas refeições fora de casa

Entre aqueles que realizaram cortes no orçamento, 55% reduziram as refeições fora de casa, 48% os itens supérfluos de supermercado e 44% cortaram a compra de vestuários, calçados e acessórios.

O presidente da CNDL, José César da Costa, destaca que apesar de o cenário de vacinação avançada trazer alívio, as consequências econômicas e sociais da pandemia impactam no crescimento do país e na renda da população.

“O desemprego elevado é um dos desafios a serem enfrentados pelo país e isso está ligado diretamente ao retorno do crescimento econômico. A renda da população foi fortemente afetada nos últimos dois anos e isso, somado aos preços elevados, traz insegurança para as famílias”, aponta Costa.

Planos alterados

A pesquisa aponta ainda que os planos e projetos pessoais também foram impactados pelo cenário de crise. De acordo com o levantamento, 92% dos consumidores deixaram de realizar algum projeto que tinham para 2021, principalmente juntar uma reserva de dinheiro (29%), comprar ou reformar a casa (25%), fazer uma grande viagem (25%), pagar dívidas em atraso (20%) e comprar um carro/moto (18%).

Entre os motivos que impediram a realização dos planos, 57% justificaram que foi porque os preços estavam muito altos, 48% devido ao pouco dinheiro que dispunham e que mal permitia pagar as contas e 29% ficaram inseguros em gastar dinheiro.

Queda do padrão de vida

De acordo com o levantamento, 55% dos consumidores estão insatisfeitos em algum grau com o padrão de vida atual. Por outro lado, 40% estão satisfeitos, sendo que 35% se dizem satisfeitos e 5% muito satisfeitos. Além disso, 46% alegam ter havido piora do padrão de vida em comparação ao período pré-pandemia. Por outro lado, 25% afirmam ter havido algum grau de melhora, e 26% dizem que está igual.

Com relação aos meios de sustento atuais, 34% exercem trabalho autônomo, 22% trabalham com carteira assinada e 22% fazem trabalhos temporários ou “bicos”.

Para manter ou aumentar seu padrão de vida, 40% precisaram realizar trabalhos extras; 29% utilizaram o cartão de crédito; e para 17%, mais pessoas da família tiveram que trabalhar.

Entre aqueles que afirmaram ter sido necessário realizar “bicos” para manter ou aumentar o padrão de vida, 19% afirmam estar trabalhando como diarista ou lavando roupa, 19% realizando serviços gerais de manutenção e 17% revendendo produtos.

Esperança neste ano

Considerando as expectativas para o cenário econômico do país em 2022, 63% dos entrevistados esperam um cenário melhor, enquanto 17% não esperam diferença e 9% aguardam um cenário pior.

Entre aqueles que estão otimistas com a economia este ano, 55% são otimistas e acreditam que as coisas podem melhorar mesmo com todos os problemas atuais no Brasil, 46% afirmam que a economia deve se recuperar na medida em que a maioria das pessoas se vacinarem, e 41% esperam que haja recuperação econômica.

Já entre os que estão pessimistas, 47% acreditam que o Brasil continuará sofrendo com os efeitos da crise econômica, 45% não esperam uma recuperação econômica e 45% acreditam que o governo não irá realizar as reformas que o país necessita.

Sobre os projetos pessoais envolvendo planejamento financeiro para 2022, 44% planejam juntar dinheiro, 33% comprar ou reformar a casa, 33% sair do vermelho, 28% fazer uma viagem e 25% conseguir um novo emprego.

Nove em cada dez brasileiros possuem algum temor quanto a sua vida financeira em 2022 (90%), sendo os principais: não conseguir pagar suas contas (52%, em 2019 era 39%), não ser possível guardar dinheiro (39%), ter que desistir de consumir coisas que gosta (24%) e não conseguir um emprego (24%).

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