Por que os carros perderam valor em 2021?
Custo do crédito, queda do poder de compra e escassez de veículos novos interferiram no mercado
Gastar com a compra de um carro ou investir? Essa é uma dúvida recorrente, especialmente entre quem pensa em adquirir o primeiro veículo. Um das regras gerais nesse caso é botar na ponta do lápis os gastos totais com prestações, seguro, combustível, manutenção, IPVA, licenciamento, lavagens e, até mesmo, possíveis multas.
O custo de manutenção de um veículo já quitado é, em média, de 2% do valor de compra do mesmo. Ou seja, a manutenção de um veículo de R$ 30 mil, por exemplo, tem um custo de aproximadamente R$ 600 mensais. A partir desses dados, é preciso considerar quanto se gastaria com meios alternativos de transporte.
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Se o custo com o transporte for maior, a recomendação é comprar o carro. Mas qual carro? Se a ideia for adquirir modelos 1.0, esse pode ser um mau negócio, de acordo com um levantamento feito por uma plataforma de vendas. Em 2021, os modelos equipados com motores 1.0 não acompanharam a evolução de preços dos demais segmentos, de acordo com a Mobiauto. Na média geral, as 20 versões apuradas na base de dados da empresa tiveram valorização de 14,05%. No mercado nacional de carros seminovos, a média foi de 23,5% de valorização. Para chegar a essa constatação, a plataforma considerou os veículos seminovos “modelo 2021” cotados em janeiro e dezembro do último ano, extraindo-se a variação de preços.
O que pesou para a desvalorização?
Na avaliação de Sant Clair Castro Jr, presidente da empresa, o desinteresse do consumidor por carros populares e a crise de fornecimento de semicondutores – que acabou por restringir a produção de modelos mais baratos – pesaram para a desvalorização. “Como a produção foi restrita, nada mais natural do que a alta nas cotações dos seminovos. Mas nem assim isso ocorreu. Entendo que é desinteresse puro do consumidor”, explica.
Ele destaca que o segmento popular incorpora modelos mais sofisticados, com motores de 1 litro turboalimentados, como o VW Polo, e com isso um carro comum se aproxima da faixa de preços dos veículos utilitários esportivos, os SUV´s.
Usados desaceleram em janeiro de 2022
As transações de veículos usados em janeiro apresentaram queda de 29,89% em relação a dezembro de 2021. Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículo Automotores (Fenabrave), em janeiro, foram vendidos 842.751 veículos.
“Assim como acontece no mercado de novos, a comercialização de usados também foi afetada por fatores como a seletividade e o custo de crédito, e a queda no poder de compra da população, além da própria escassez de veículos novos, que interfere no mercado, já que muitos usados ou seminovos são negociados no processo de compra de um zero quilômetro”, afirma José Maurício Andreta Jr., presidente da entidade.
Com reportagem do Valor Investe