Dólar perto de R$ 4,70: é a hora de comprar para viajar ou devo esperar mais?
Especialistas contam os segredos para sair ganhando na hora de comprar moeda americana para viajar com o bolso cheio
Com o dólar em queda, aumenta a expectativa de quem planeja fazer uma viagem internacional. Afinal, sempre rola aquela pergunta de quando comprar dólar, na busca por escolher o melhor momento para fazer a conversão e ter mais dinheiro no bolso para a hora de encontrar com o Mickey.
Mas há uma resposta certa para quando comprar dólar? Especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira apontam que não há um único momento ideal para adquirir a moeda americana, e que o melhor é ir fazendo a conversão ao longo dos meses que antecedem a viagem.
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“Se você for comprando aos poucos, você consegue uma boa taxa média. Aproveita nos momentos de baixa e não se expõe tanto aos momentos de cotação mais alta”, afirma Claudia Garcia, head de turismo da Frente Corretora.
“A recomendação é que a pessoa vá comprando ao longo dos meses que antecedem a viagem. A moeda tem volatilidade. Se deixar para a última hora, você corre o risco de pegar um dólar a R$ 5,30 ou a sorte de uma cotação de R$ 4,80, como nas últimas semanas”, afirma Sérgio Brotto, diretor da corretora Dascam.
Ou seja, se você deixar para a última hora, a viagem já chegou e você não terá alternativa a não ser aceitar a cotação do momento, mesmo que seja mais cara.
Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, sugere que o viajante mais atento aproveite os dias de quedas mais bruscas. “Esses dias são bons para comprar, porque posteriormente a cotação dá uma corrigida para cima”, explica.
Quando comprar dólar? Vale a pena comprar a moeda agora?
Edmar Bacha, um dos economistas responsáveis pelo Plano Real, afirmou em uma célebre frase que “Deus inventou a taxa de câmbio para humilhar os economistas”. A pensata foi citada por Sérgio Brotto para explicar o porquê de ser impossível dizer ao certo se o dólar ficará mais barato ou mais caro do que está hoje nas próximas semanas.
Fazendo uma compra fragmentada, como sugerem os especialistas, o viajante aproveita o momento da cotação atual, na faixa dos R$ 4,70 e não sofre de arrependimento nem se cair, nem se subir mais.
O Boletim Focus mais recente prevê que a moeda americana encerre o ano de 2023 cotada a R$ 4,97. No pregão da última sexta-feira (28), a divisão chegou a baixar a R$ 4,69. Há quem considere que a tendência de desvalorização pode continuar, principalmente se a agenda econômica do governo avançar no Congresso.
“Tem muitos fatores que fazem o câmbio oscilar. Se a economia dos Estados Unidos ou da China não forem bem, por exemplo, a taxa vai oscilar, se a guerra da Ucrânia se agravar vai oscilar. Por outro lado, pode cair mais. Se o Desenrola for bem, se a reforma tributária for aprovada, pode ir até para R$ 4,50”, avalia Brotto.
O principal risco para a moeda, avalia Fabrizio Velloni, seria um cenário em que as pautas do governo não avancem como esperado. “Se der tudo certo, isso tende a manter o dólar em um patamar mais baixo. No entanto, se isso der errado, o dólar pode voltar a subir e ficar rondando próximo da casa do R$ 5, com o dólar turismo na casa de R$ 5,10.”
Por que o dólar é tão difícil de prever?
A cotação da moeda americana no Brasil é uma equação impactada por muitos fatores políticos e econômicos, nacionais e internacionais. Desse modo, é muito difícil mesmo para os especialistas taxarem uma afirmação totalmente correta sobre o que vai ocorrer com o câmbio no longo prazo.
“É impossível dizer qual a perspectiva para o dólar. Nos últimos 10 anos, o Boletim Focos errou as previsões para o final do ano. E realmente não é fácil, o câmbio é uma variável que depende de diversos fatores. Em um curto espaço de tempo muita coisa pode acontecer”, diz Felipe Spritzer, CEO da consultoria Portfel.
Portanto, Spritzer recomenda que quem já tem o dinheiro disponível faça o câmbio quando se deparar com uma cotação favorável, como a atual. “Muitas pessoas acabam tendo prejuízos consideráveis ao tentar descobrir o melhor momento de comprar dólar ao invés de se preocupar com o fato de garantir a viagem”, afirma.
Outra dica importante é que quem não tem um investimento destinado para a viagem, tentar abreviar os seus gastos. “Se puder ir com o máximo possível das despesas das reservas e tíquetes já comprados é melhor. Precisamos lembrar que os meses de dezembro, janeiro e fevereiro são meses difíceis para o orçamento familiar, com IPTU, IPVA, rematrícula de escolas, e isso também acaba restringindo o orçamento”, afirma Fabrizio Velloni.
O que é o dólar turismo?
O dólar turismo é a moeda em espécie, o papel físico vendido aos viajantes e pode custar entre 4% a 8% mais caro. Para efeito de comparação, enquanto o dólar comercial fechou a quinta-feira (27) cotado a R$ 4,75, o dólar turismo estava cotado a R$ 4,91.