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Quanto custa viajar para a Argentina? Até quando vai ficar barato ir para o país vizinho?
Uma forte crise econômica assola a Argentina – cobertura completa da Inteligência Financeira você acompanha neste link. Assim, a consequente desvalorização do peso têm levado muitos brasileiros a ir para o país dos hermanos. Apesar da inflação nas alturas, o câmbio argentino é muito favorável na comparação com o real. Diante desse cenário, a pergunta de muitos brasileiros é: quanto custa viajar para a Argentina?
A seguir, confira as recomendações e saiba quanto você vai gastar para curtir alguns dias em Buenos Aires.
Crise na Argentina
Há décadas a Argentina vive uma crise econômica. A questão, além da inflação e dos juros exorbitantes, envolve também altos níveis de pobreza, forte desvalorização cambial e falta de reservas. (Entenda por que a Argentina não consegue vencer a inflação e saiba como o problema começou.)
Parte desse cenário reflete os déficits fiscais que o país acumula há mais de dez anos. Ou seja, sem dinheiro suficiente para conseguir financiar suas despesas, o governo passou a imprimir dinheiro. Assim, uma enorme pressão inflacionária e uma série de problemas micro e macroeconômicos foram gerados.
Destacam-se entre as adversidades a crescente desvalorização da moeda local e a criação de uma série de regimes cambiais. Isso, por sua vez, também resultou em uma crise no balanço de pagamentos, ou seja, sai mais dinheiro do que entra no país.
Por que está tão barato viajar para a Argentina?
A queda do peso argentino traz pelo menos um aspecto positivo ao país em crise: o aquecimento do turismo. Nesse sentido, com um real equivalente a 69 pesos argentinos no câmbio oficial, os preços têm atraído brasileiros ao território vizinho.
A cotação no famoso mercado de “câmbio paralelo” no país é ainda melhor. Isso porque em casas especializadas, como a popular Western Union, é possível encontrar câmbio mais vantajoso, a 170 por peso. Em resumo, a avaliação entre turistas é de que viajar para a Argentina está muito barato.
Vida e turismo na Argentina
O economista Gean Duarte é fã da Argentina, mais precisamente de Buenos Aires. Nômade, ele passa períodos na capital dos portenhos para, entre outros motivos, economizar.
“Para dar uma estabilizada no orçamento e cumprir a minha meta de gastos, venho para cá, porque o custo de vida é bem menor e não deixo de fazer os rolês de que eu gosto”, afirma ele, que está em Buenos Aires.
Entre idas e vindas, desde a primeira vez na cidade, em junho de 2022, o economista soma oito meses na capital da Argentina.
“Eu amo essa cidade. Minha sobrinha mora aqui para fazer Medicina, e decidi vir aqui para visitá-la. Cheguei e me encantei. Primeiro, pelo custo de vida extremamente mais baixo do que em São Paulo, metade do custo. O transporte, por exemplo, aqui é muito barato. Você paga menos de R$ 1 no passe de metrô, dependendo do câmbio”, afirma ele.
Qualidade de vida
De acordo com Gean, é possível ter muita qualidade de vida em relação a lazer, “a bons restaurantes, a bons lugares, a passeios, a cafeterias”.
“Isso porque a cidade é muito bem estruturada, com preços 50% menores do que em São Paulo. Em relação a restaurantes, paga-se entre 30% e 40% do que na capital paulista. Gosto muito de viver aqui porque não preciso ter muitas restrições. Fiquei um mês em São Paulo e, das poucas vezes em que saí, gastei muito. E aqui posso sair sexta, sábado e domingo, e não fica pesado. Sem falar que é outra cultura, outra língua: isso faz com que eu me apaixone mais. Estou me desafiando. Aqui você encontra pessoas do mundo inteiro”, destaca o economista.
Fronteira e fernet
Natural de Uruguaiana (RS), na divisa com Paso de los Libres, na Argentina, Leonardo Cadiñanos, que também é economista, visitou o país vizinho, somente neste ano, em duas oportunidades. Ele foi com os pais de carro para Bariloche e também encontrou amigos na região de Córdoba.
Cadiñanos faz coro com Gean Duarte em relação aos aspectos positivos da vida na Argentina. “Ainda tem muita cultura. A comida com certeza é um dos maiores chamarizes para as pessoas, ou seja, come-se bem de maneira muito barata”, diz.
“Além disso, as pessoas são muito educadas. Nos lugares muito turísticos, eles te tratam muito bem. Existe aquela empáfia dos argentinos, mas eu diria que não é assim com turistas. Eu só tive experiências boas com os nativos”, complementa ele.
“Se você pode tirar férias nos próximos meses, corre, vai, porque ninguém sabe o que pode rolar depois da eleição, tem que aproveitar”, aconselha ele, que é fã de fernet, bebida alcoólica amarga que é uma paixão dos argentinos”.
Momento histórico
Inclusive, volta e meia o economista, que mora em Porto Alegre, mas frequentemente viaja para sua terra natal, Uruguaiana, atravessa a fronteira para fazer compras em Libres – e sempre volta com um fernet em mãos. Ele pontua que o “câmbio está demasiado favorável para os brasileiros e, apesar do problema inflacionário, ainda é muito vantajoso” visitar o país.
“O que está rolando na Argentina é algo histórico. Vamos contar para os nossos netos”, afirma Cadiñanos.
“Você consegue fazer uma refeição completa em restaurante bons por R$ 50 ou R$ 60. Enche um tanque de gasolina por R$ 90. Já o preço da hospedagem via Airbnb é médio dependendo do lugar”, pontua ele. Ele explica, por exemplo, que se hospedar em cidades muito turísticas como Bariloche é muito mais caro do que ficar nos arredores, como San Martín de Los Andes e Villa La Angostura.
Crise econômica na ruas
Assim, muitos brasileiros que estão planejando uma viagem para a Argentina podem estar se perguntando sobre como está a situação no país. De acordo com Gean Duarte, na comparação com a capital paulista, você vê menos desigualdade social.
“Antes de chegar aqui, achava que ia encontrar muita pobreza nas ruas. Porém, é uma cidade muito mais segura que São Paulo. Existe crise, sim, os números não mentem, mas existem muitos subsídios aqui, o pobre é mais amparado, o transporte é mais barato. A gente vê que o nível cultural é maior. Há um incentivo maior para a educação”, destaca ele.
Já Cadiñanos diz ter percebido um “sentimento de crise” no povo argentino. “Você vê as pessoas reclamando das coisas a todo momento, virou hábito falar mal dos políticos. É uma distração ao mesmo tempo em que é trágico. Ao que parece, eles estão meio sem esperanças. A crise econômica corroeu a classe média”, diz ele, que tem amigos no país.
De acordo com o economista, a crise pode ser percebida nas lojas fechadas e nas ruas, sobretudo em lugares não turísticos.
Cidade mais habitável da América Latina
Apesar dos problemas, a cidade de Buenos Aires foi considerada a mais habitável da América Latina, de acordo com um índice internacional que considera quesitos como cultura, educação, estabilidade, infraestrutura e sistema de saúde. Por outro lado, Caracas, na Venezuela, aparece em último lugar em um ranking que compila 19 cidades da região.
Organizado pela Economist Intelligence Unit, o estudo anual dá notas de 0 a 100 para cada cidade avaliada com base na média dos critérios. A capital argentina registrou uma pontuação de 82,8 em 2023.
Na sequência aparecem Santiago (Chile), com 80,8 pontos, Montevidéu (Uruguai), com 80,4 pontos, San Juan (Porto Rico), com 78,8 pontos, Lima (Peru), com 74 pontos, e San José (Costa Rica), com 73,6 pontos.
No Brasil, três cidades foram contempladas pelo estudo: Rio de Janeiro, São Paulo e Manaus. Elas aparecem, respectivamente, em sétimo, oitavo e 13º lugar no ranking.
Dicas para viajar e economizar na Argentina
Entre as dicas para economizar, fazer o câmbio na Argentina é o conselho do economista Gean Duarte. “Se quiser fazer um câmbio no Brasil, troque 10 mil pesos para chegar aqui e pegar um táxi até o hotel. Conheci pessoas que pegaram um valor péssimo no Brasil. Não façam o câmbio no Brasil”, alerta ele.
Para se hospedar, Duarte aconselha o bairro de Palermo. “Para quem está turistando e vai ficar sete dias, por exemplo, tudo é perto. É onde estão os melhores restaurante e bares. Você pode até pagar um pouco mais, mas vai gastar com menos transporte e tudo vai ser muito acessível”, aconselha o brasileiro. Outros bairros recomendados são Recoleta, Balvanera, San Telmo e Puerto Madero, que ficam perto de pontos turísticos.
Para economizar ainda mais, o economista aconselha fugir da “muvuca” do centrinho de Palermo ou dos restaurantes de Puerto Madero.
“É bom sempre tentar olhar opções um pouco fora desses locais que, com certeza, haverá ótimos restaurantes com preço bom. Mas, para o brasileiro, nenhum restaurante é caro aqui. Nem vai se comparar com os preços no Brasil. Um casal janta super bem em um restaurante com R$ 120”, diz o economista.
Mais dicas para economizar em Buenos Aires
A seguir, confira mais algumas dicas para um rolê econômico em Buenos Aires, de acordo com Duarte:
- Pesquisar no YouTube como se locomover pela cidade de metrô e de ônibus para economizar com transporte;
- Dica de passeio de um dia, pensando na logística para economizar: comece a manhã pelas ruas do Caminito. Por volta de meio-dia, vá para San Telmo e almoce no mercado que leva o nome do bairro e que conta com restaurantes bacanas. Após o almoço, desloque-se para a Casa Rosada e termine a noite em Puerto Madero.
- Quer economizar ainda mais? Faça compras no supermercado e cozinhe no local onde estiver hospedado via Airbnb.
Mas afinal, quanto custa viajar para a Argentina?
Segundo Gean Duarte, para passar sete dias em Buenos Aires, você pode gastar, com planejamento e se tiver flexibilidade de data para a viagem, entre R$ 3.200 e R$ 5.000:
- R$ 3.200 – viajante econômico;
- R$ 4.000 – viagem com qualidade;
- R$ 5.000 – viagem com muita qualidade.
Para juntar dinheiro para visitar a Argentina, o economista aconselha, por se tratar de um objetivo que normalmente é de curto prazo, investir em um CDB que pague 100% do CDI ou mesmo em alguma conta remunerada.
Em uma pesquisa rápida feita pela Inteligência Financeira no site Kayak, verifica-se que é fácil encontrar passagens para Buenos Aires, nos próximos meses, por menos de R$ 2 mil. Além disso, no Airbnb, acha-se apartamentos com tranquilidade em Palermo, um dos bairros mais nobres, com diárias de R$ 150.
Mês mais pesquisado para viajar para a Buenos Aires
De acordo com a Kayak, empresa norte-americana cujo principal produto é um metabuscador de viagens, em 2023, o mês mais buscado para viajar para Buenos Aires, partindo do Brasil, foi setembro, enquanto em 2022 dezembro foi o mês mais procurado. Os dados fazem parte de um levantamento exclusivo para a Inteligência Financeira.
Comparação entre os meses mais buscados
Confira no quadro abaixo a comparação entre os meses mais buscados para viajar para Buenos Aires em 2022 e 2023. Você vai ver também a variação de buscas e o preço médio das passagens entre os anos:
Ranking 2023 | Meses mais buscados para Buenos Aires | Ranking 2022 | Variação de Buscas 2023 vs. 2022 | Preço médio em 2023 | Variação de preços 2023 vs. 2022 | Preço médio em 2022 |
1 | Setembro | 3 | 27,29% | R$ 2.068,89 | – 0,79% | R$ 2,085.30 |
2 | Outubro | 6 | 42,03% | R$ 2.061,91 | 5,50% | R$ 1.954,42 |
3 | Julho | 2 | 17,85% | R$ 2.246,26 | 3,43% | R$ 2.171,75 |
4 | Agosto | 7 | 20,37% | R$ 1.971,54 | 1,90% | R$ 1.934,70 |
5 | Junho | 5 | 16,17% | R$ 2.016,11 | 8,83% | R$ 1.852,51 |
6 | Novembro | 4 | 8,24% | R$ 1.955,05 | – 3,56% | R$ 2.027,25 |
7 | Dezembro | 1 | – 17,60% | R$ 2.207,76 | 0,04% | R$ 2.206,79 |
8 | Janeiro | 10 | 62,98% | R$ 2.158,16 | – 0,07% | R$ 2.159,71 |
9 | Maio | 9 | 3,09% | R$ 1.811,60 | 4,62% | R$ 1.731,54 |
10 | Abril | 8 | 7,99% | R$ 2.129,73 | 5,76% | R$ 2.013,81 |
11 | Fevereiro | 11 | 53,73% | R$ 2.340,34 | 10,83% | R$ 2.111,68 |
12 | Março | 12 | 60,67% | R$ 2.040,15 | 5,65% | R$ 1.931,09 |
Cidades mais buscadas em 2022 e 2023
A Kayak produziu também um ranking com os destinos mais buscados na Argentina partindo do Brasil, comparando o mesmo período de busca e de viagem em 2022 e 2023. O levantamento traz ainda a variação de buscas em percentual para cada destino e o preço médio de passagens. Buenos Aires, Mendoza e San Carlos de Bariloche são os três destinos mais buscados em ambos os anos.
Ranking 2023 | Destinos mais buscados na Argentina | Ranking 2022 | Variação de Buscas 2023 vs. 2022 | Preço médio em 2023 | Variação de preços 2023 vs. 2022 | Preço médio em 2022 |
1 | Buenos Aires, Capital Federal, Argentina | 1 | 34,32% | R$ 2.072,34 | 1,18% | R$ 2.048,12 |
2 | Mendoza, Mendoza, Argentina | 2 | 27,10% | R$ 2.553,81 | – 14,30% | R$ 2.979,80 |
3 | San Carlos de Bariloche, Rio Negro, Argentina | 3 | 41,53% | R$ 2.896,00 | – 4,62% | R$ 3.036,23 |
4 | Ushuaia, Tierra del Fuego, Argentina | 4 | 13,33% | R$ 3.088,67 | – 3,18% | R$ 3.190,16 |
5 | El Calafate, Santa Cruz, Argentina | 5 | – 4,07% | R$ 2.899,18 | – 7,71% | R$ 3.141,27 |
6 | Cordoba, Cordoba, Argentina | 6 | – 44,08% | R$ 2.429,30 | – 13,48% | R$ 2.807,85 |
7 | Salta, Salta, Argentina | 7 | 17,14% | R$ 2.595,37 | 1,46% | R$ 2.558,00 |
8 | Rosario, Santa Fe, Argentina | 8 | 34,29% | R$ 2.613,58 | – 0,52% | R$ 2.627,36 |
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