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“Queremos passar de 4 para 100 empresas listadas em 3 anos”, diz Patricia Stille, CEO da BEE4
Executiva fala dos planos da companhia que pretende lançar debêntures incentivadas
Pode-se dizer que Patricia Stille é uma empreendedora do mercado de capitais. Em 2021, ela lançou com o sócio Rodrigo Fiszman, a BEE4, ambiente de negociação de ações, com foco em pequenas e médias empresas, e que, além disso, usa blockchain em sua estrutura. “O começo não foi fácil, mas a cada nova reunião a gente via que estava ganhando credibilidade”, nos contou a cofundadora e CEO da BEE4 para este Visão de Líder. “Estamos ajudando a formar as futuras grandes empresas brasileiras”, diz Patricia.
Para ser listada pela BEE4, a companhia tem que ter faturamento anual de R$ 10 milhões a R$ 300 milhões, ser uma Sociedade Anônima e auditada. E você, investidor e investidora, só precisa de R$ 9 (e ser cliente Private do Itaú Unibanco ou da corretora Genial) – que é o valor mínimo para investir.
Aliás, ali estão listadas 4 companhias: Engravida, Mais Mu, Plamev Pet e Eletron. “Mas até 2027 queremos ter 100 companhias”, afirmou Patricia na entrevista acima. E, antes disso, quer lançar debêntures incentivadas no mercado. Abaixo, você acompanha os principais trechos da conversa:
A BEE4 está no chamado mercado de acesso. É como uma ponte, que liga empreendedores a investidores. Neste sentido, por que, então a companhia não nasceu como uma aceleradora de startups? “Nos últimos 10 anos, o ecossistema de startup foi muito pulsante. Tivemos várias incubadoras, centros focados em tecnologia. Mas este é um mercado que precisa se desenvolver, tem seus desafios, mas existe um ecossistema.”
Patricia explica ainda que, na outra ponta, há a B3 e a consolidação de diferentes mercados. “E, no meio do caminho, tem o que a gente chama de mercado de acesso, que é você listar e tornar companhias de capital aberto. Mais precisamente empresas de menor porte.” E foi o que Patricia fez junto com o sócio Rdorigo: deu início à BEE4. “As PMEs têm espaço para ser mais relevante no PIB brasileiro.”
Assim, para abrir o capital, uma empresa – por menor que ela seja – precisa responder uma dúvida complexa: quanto vale a empresa? E aí, diz Patricia, isso abriu um flanco entre os empreendedores. “Essa questão do valor de mercado é muito importante, que é diferente de uma operação que você tenta maximizar seu valuation.”
Com ações flutuando no mercado, a empresa tem que ter outro racional ao avaliar sua estrutura. “Tem que ter um racional e um fundamento muito fortes, porque você pode listar um valor tal, mas, se nesse trimestre você não entregar, sua cotação vai ser sensível a isso.”
Entra, então o ajuste entre o valor de mercado dentro do que o mercado vai comprar. Aí é natural, inclusive você ter rodadas.
A melhor saída, diz Patricia, é rever o valor de mercado na largada, ou seja, no IPO, e fazer uma operação menor para construir uma relação com os investidores a longo prazo.
Desde que foi lançado, há cerca de 20 anos, o Bovespa Mais reúne cerca de 15 empresas de menor porte. Um resultado considerado até baixo, perto do que se projetava. E isso não dá medo? “Não, isso na verdade é uma das coisas que nos motivou. E eu vou te falar porque a gente tem um privilégio de sair quase 20 anos depois.”
Para Patricia, ser um ambiente organizado exige um processo de conexão. E isso leva tempo. “E a gente foi autorizado a criar um canal próprio antes de efetivamente nos conectar com as corretoras, senão a gente não ia conseguir funcionar e eu não ia conseguir atrair as corretoras.”
Patricia tem uma meta ambiciosa: sair das atuais 4 empresas listadas para 100 até o final de 2027. “Isso depende diretamente da capacidade de construção do ecossistema. E de mostrar que é interessante para o investidor. As histórias de sucesso que vão acontecendo agora vão pavimentando isso, mais a gente tem um investimento muito forte na experiência do emissor para a gente conseguir ter escala em estágio e nesse arcabouço.”
Mas, é hora de abrir o capital de PMEs com juros a 10,75% ao ano e tendência de aumentar? Ou seja: por que arriscar o capital em renda variável, se a fixa está indo bem? Aí entra a questão da diversificação. Da carteira do investidor e também da BEE4. “Nesse sentido, o que a gente está trabalhando e está para lançar são as emissões de renda fixa. Porque às vezes uma empresa abre capital em um momento não tão atrativo.”
A BEE4 começou no mercado lançando ações. “Primeiro porque tecnica e sistemicamente é mais simples.”
Patricia encerra a entrevista explicando que, para ela, ter inteligência financeira é ter liberdade. “É também sinônimo de segurança, de poder escolher. E inteligência financeira deveria ser matéria de escola para as pessoas administrarem ao longo da vida e conseguirem tomar escolhas com mais liberdade.”
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