“Quando assumi a empresa, achava que ela ia explodir. Mas dei conta”, diz Talita Lacerda, CEO da Petlove

De mãe empregada doméstica e pai marceneiro, Talita implantou a operação da Sadia na China e hoje comanda uma das maiores empresas de produtos para animais do Brasil

Ela fala chinês – até porque morou três anos na China -, a mãe foi empregada doméstica e o pai, marceneiro. Com esforço da família, bolsa de estudos e muita sagacidade, ela estudou em escolas de primeira linha, como a Fundação Getulio Vargas e na Universidade de Chicago, onde fez um MBA. Há três anos, Talita Lacerda é CEO da Petlove, uma das maiores plataformas de venda de produtos e serviços para animais de estimação (os chamados pets).

A trajetória profissional de Talita Lacerda é interessante. Com raciocínio rápido, Talita responde tudo de bate pronto. Assim que a equipe da Inteligência Financeira chegou na sede da empresa, na avenida das Nações Unidas, centro empresarial de São Paulo, ela pediu 5 minutos. Voltou vestindo uma camisa da companhia roxa, onde se lê: “Vitrine não é lugar de animais”, uma cutucada nos concorrentes que deixam bichinhos expostos. Porque ela é assim mesmo: veste a camisa de fato.

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A Petlove vem colecionando números grandes. A companhia tem 1.700 colaboradores, 1 milhão de usuários únicos por mês no site e no aplicativo, 22 mil produtos à venda e fatura cerca de R$ 1,8 bilhão por ano.

Assim, 70% desses quase R$ 2 bilhões de receita anual vêm de produtos como ração e tapetes. O resto (30%), a Petlove apura com serviços diversos. Mas a menina dos olhos é o plano de saúde animal, que começou com 40 mil vidas e deve chegar em 500 mil vidas muito em breve.

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Com todo esse cenário, a Petlove chamou a atenção de investidores, que injetaram R$ 1 bilhão na companhia.

E veja: o Brasil é o terceiro maior mercado do mundo em venda de produtos para pets. A concorrência é grande e não estamos falando apenas de Petz (PETZ3) e Cobasi – que em agosto assinaram o acordo de fusão. Mas também das pequenas lojas de bairro, que ajudam a gerar uma receita de cerca de R$ 55 bilhões por ano em todo o Brasil.

No vídeo acima você acompanha a entrevista da Inteligência Financeira com Talita Lacerda. E, abaixo, os principais trechos da conversa:

CEO da Petlove que domina o idioma chinês

Em 2012, Talita caiu no mundo. Colocou uma mochila nas costas e morou na Tanzânia, onde trabalhou em uma ONG. De lá, foi para China e se encantou. “Primeiro por uma sensação de impotência, de não conseguir me comunicar, não conseguir pedir um lanche e aquilo me gerou uma curiosidade muito grande de aprender mandarim”, afirmou a executiva para este Visão de Líder.

Ao voltar para para Brasil, Talita começou sua carreira em consultoria, mas não desistiu da China. “Eu comecei a estudar chinês todos os dias de manhã e ia para lá nas férias para estudar. Então, eu estava determinada a morar na China em algum momento.”

E foi mesmo. Não mais como estudante curiosa, mas para uma missão corporativa. “Recebi uma oferta da BRF. Aí eles me fizeram algumas propostas, mas a proposta que mais me encantou foi lançar a Sadia na China. Foi uma experiência maravilhosa. Porque não basta o plano, não basta pensar, tem que fazer acontecer.”

BRF na China

Talita conta nesta entrevista que lançar a Sadia na China lhe fascinou. “Eu adoro estar em uma situação difícil. A dificuldade de aprender a falar mandarim, entender melhor os contextos culturais, saber liderar um time de chineses por uma cultura diferente da minha, o desafio do negócio. Ali, na BRF, a gente teve que desenvolver mais de 100 produtos para o mercado local, fazer um produto que atendesse ao gosto dos chineses.”

O que é inegociável para a Petlove?

A Petlove não vende qualquer coisa. Gaiolas, por exemplo, você não vai encontrar lá. Nem anticoncepcional para cadelinhas ou coleira anti-latido. E é nessas horas que Talita bate uma bola com o fundador da empresa, Marcio Waldman, médico veterinário e membro do conselho da companhia. “Ele é muito parceiro, um conselheiro super disponível.”

De conselheira da Petlove à CEO

Talita fazia parte do conselho da Petlove e, na prática, trabalhava de segunda à quinta para a empresa. Ela, então, dava suporte ao CEO, elaborando planejamento estratégico, fechando orçamento, contratando equipes.

E, assim, chegou um determinado momento em que Marcio optou em fazer uma transição. Começou um processo de busca por um líder para a empresa.

Um dos nossos investidores sugeriu que Talita fizesse parte do processo. “Não foi algo combinado, premeditado. Eu entrei no processo achando que não ia dar certo. O processo deu certo. Eu fiquei super assustada. Será que eu daria conta? E aí eu combinei com o Márcio primeiro uma transição de seis meses antes que as outras pessoas soubessem que eu assumiria o cargo que era dele.”

Depois dos seis meses de transição, Márcio foi para o conselho e ela assumiu a presidência. “No começo, eu pedia para ele ir nas reuniões importantes. Eu achava que a empresa ia explodir, mas não explodiu. Dei conta.”

Concorrência com Petz, Cobasi e lojas de bairro

Em tese, a grande concorrência do setor não assusta Talita. Ainda que a Petz (PETZ3) tenha se juntado à Cobasi e que pululam lojas de bairros em todo canto, a executiva da Petlove segue em frente. “A gente tem um foco muito grande no nosso cliente. E a gente monitora os movimentos competitivos. Por exemplo: não enxergo o pet shop de bairro como um concorrente direto. Estamos sempre procurando fazer modelos de negócio em que a gente possa fazer parceria com esses empreendedores.”

Plano de saúde a Petlove

Um dos produtos que tornou a Petlove uma potência do setor é o plano de saúde. Há produtos de R$ 19 por mês, para tratamentos preventivos, a R$ 99, que cobre cirurgias em pets, por exemplo. “Essa é uma categoria que fomos pioneiros.”

E por que vender plano de saúde? “Os pets são cada vez mais parte da família. Eles estão dormindo na cama, no quarto, na sala e nós estamos cuidando do pet como parte da família. E cuidar da saúde sempre foi uma dor muito grande e, infelizmente, não tão acessível para todo mundo, porque às vezes, no caso de uma emergência, aquele gasto não previsto muitas vezes não cabe no orçamento. E o plano de saúde resolve esse problema.”

O produto nasceu depois de uma série de testes e rodadas para finalizar o serviço. Tudo para contemplar veterinários e tutores de animais, e, lógico, que gerasse lucro para a Petlove. Quando o produto parou de pé, foi lançado. E, assim como o mercado americano, o plano de saúde da Petlove é pelo sistema de coparticipação.

O que é ter inteligência financeira?

Ter inteligência financeira é ser coerente com aquilo que é importante para você. Então, da mesma forma que numa empresa, você precisa definir onde você quer chegar, na vida pessoal é a mesma coisa.
Porque não necessariamente as escolhas são puramente numéricas, racionais e financeiras. Às vezes você tem ali uma utilidade de bem estar também. Então, não adianta só tomar decisões que vão maximizar seu portfólio. Mas é a sua qualidade de vida que está em jogo.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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