123milhas revela prejuízo de R$ 1,671 bi no 1º semestre do ano

A empresa vendia aos clientes um produto que permitia que comprassem uma espécie de 'promessa de viagem', a um preço mais barato

Até junho de 2023, a 123milhas era alvo de mais de 16 mil processos movidos por pessoas físicas. Foto: Inteligência Financeira
Até junho de 2023, a 123milhas era alvo de mais de 16 mil processos movidos por pessoas físicas. Foto: Inteligência Financeira

Nos primeiros seis meses deste ano, a 123milhas teve prejuízo líquido de R$ 1,671 bilhão. No mesmo período de 2022, as perdas haviam sido de R$ 13,134 milhões.

Os dados constam do balanço da companhia, entregue junto com o pedido de recuperação judicial, protocolado na Justiça de Minais Gerais na terça-feira (29).

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Na peça, obtida pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) junto a fontes que pediram anonimato, a companhia informa ter tido receita líquida de R$ 148,494 milhões.

Foi um crescimento de 30% em relação ao mesmo período de 2022, mas os custos da empresa também dispararam. Subiram mais de 15 vezes em um ano, para R$ 825,594 milhões. Adicionalmente, a 123milhas teve perda, no primeiro semestre deste ano, de R$ 818,582 milhões por desvalorização de ativos, como por exemplo o item contas a receber de clientes.

Combinados, os fatores levaram à perda registrada nos primeiros seis meses do ano.

A companhia afirma que os problemas do produto Promo, que teve as viagens programadas para o período entre setembro e dezembro suspensas há algumas semanas, impactaram o valor dos ativos.

“Em nova análise e mensuração de tal ativo, os valores de recuperabilidade mostraram-se muito abaixo da expectativa anterior, os quais foram ajustados para que reflitam a nova realidade do negócio”, diz a companhia.

Segundo a 123milhas, até o fechamento do balanço, não foi possível mensurar com precisão os passivos contingentes (aqueles relativos a eventos futuros) relacionados ao pacote Promo.

O balanço aponta ainda que entre dezembro do ano passado e junho deste ano, o patrimônio líquido da 123milhas saiu de R$ 5,8 milhões negativos para R$ 1,676 bilhão negativo.

A maior variação foi na conta de contratos a embarcar, referentes a passagens compradas pelos clientes e que ainda precisavam ser honradas.

O montante nessa linha que a empresa tinha de honrar em até um ano somava R$ 774,269 milhões em junho, alta de mais de seis vezes em um semestre.

O volume a honrar mais de 12 meses à frente era de R$ 260,056 milhões, alta de mais de três vezes no mesmo período.

O número retrata o problema que levou à crise da companhia: a 123milhas vendia aos clientes um produto que permitia que comprassem uma espécie de “promessa de viagem”, a um preço mais barato, em que a emissão dos bilhetes aconteceria em um momento posterior, quando a empresa encontrasse no mercado passagens aéreas que tivessem preço equivalente ao pago pelo consumidor.

A companhia estruturou o programa sob duas premissas: a de que o preço das passagens cairia após o período de restrições provocadas pela covid-19 e de que os clientes comprariam mais produtos e serviços.

Nenhuma dessas duas premissas se provou certa.

Processos

O documento a que a reportagem teve acesso lista ainda cerca de 16,6 mil processos movidos por pessoas físicas contra a empresa, de valores variados.

Estes processos somam R$ 231,8 milhões, sendo que o maior deles tem valor de R$ 1,2 milhão. Não há detalhamento sobre os motivos de cada processo.

Ao todo, a 123milhas declarou ter R$ 2,3 bilhões em dívidas ao pedir recuperação judicial. A companhia ainda deve entregar parte dos documentos referentes ao processo, como a lista de credores completa.

Com informações do Estadão Conteúdo

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