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A mulher negra, a economia e o dinheiro
O mês de julho é conhecido como julho das Pretas porque reforça a agenda de luta, reflexão e visibilidade sobre a questão racial e de gênero. A data 25 de julho foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992 e celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha.
No Brasil, desde 2014 a data também é o Dia Nacional de Tereza de Benguela, uma grande líder negra que viveu entre 1700 e 1770 e liderou o Quilombo Quariterê, deixando um legado de bravura e resistência para que mulheres como ela sigam transformando a história do mundo.
Historicamente, as mulheres negras enfrentaram e ainda enfrentam as maiores barreiras sistêmicas, que limitam suas oportunidades de participação social e econômica em igualdade de condições.
As mulheres negras sempre trabalharam
Quando iniciou a luta por direitos das mulheres, em meados de 1820, as mulheres negras já trabalhavam. Durante os mais de três séculos da escravidão, as mulheres negras exerciam trabalhos domésticos e braçais.
Contudo, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que apesar das mulheres negras representarem 29% da população brasileira, elas ainda estão na base da pirâmide, recebendo salários, em média, 57% menores que de um homem branco.
De acordo com o Pacto pela Equidade Racial, 10% das mulheres negras estão entre as mais pobres, 50% estão em posições funcionais e no subemprego e menos de 1% estão em posições de liderança. Estima-se ainda que 41,1% delas são chefes de família e também representam o maior número de pessoas que empreendem por necessidade, por falta de opção no mercado de trabalho formal.
Liberdade financeira é um caminho
Para superar as desigualdades e barreiras que ainda existem, é essencial reconhecê-las e entender as formas possíveis de apoiar as mulheres negras nos desafios para que as desigualdades racial e de gênero não se perpetuem.
A desigualdade social é uma doença social e é um grande entrave ao desenvolvimento econômico do Brasil.
Por mais difícil que pareça, com certeza ainda existem caminhos para a redução das desigualdades sociais e a liberdade financeira é um deles. Desta forma, é possível ajudar as mulheres negras a fazerem frente a estas estatísticas, saindo de situações de dependência, adquirindo autoconfiança e, assim, tomando as rédeas de suas economias.
Pequenas ações que transformam
Eu concordo com as palavras da antropóloga americana, Margaret Mead: “Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas conscientes e engajadas possa mudar o mundo”. E de fato, são as aparentes pequenas ações que tem transformado a realidade do mundo.
Dados da McKinsey já demonstraram o quanto a diversidade é lucrativa. As empresas que investem em um quadro de colaboradores com diversidade racial, étnica e de gênero têm 35% mais chances de conseguir retornos financeiros acima de suas respectivas medianas da indústria nacional.
Assim, cresce o número de empresas e instituições que se comprometem com a equidade racial e de gênero, aderindo a programas de formação ou apoio à carreira de mulheres negras, ofertando conteúdos de hard e soft skills ou mentorias, pois entendem o seu papel social enquanto empresas e o potencial econômico que existe nisto.
Por isto, como economista eu me sinto também uma Tereza de Benguela e meu legado é desmistificar a economia, apoiando o empreendedorismo feminino, a igualdade salarial, contribuindo com o acesso à educação financeira e investimentos, além de lutar pelo combate ao racismo e o sexismo na sociedade.
Acredito que todos nós podemos ser agentes de transformação para uma sociedade melhor, um mundo mais justo e inclusivo, onde cor da pele ou gênero não possam definir destinos.
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