Abilio Diniz vê fim de tensão após eleições e não crê em guinadas

Sobre questões econômicas, empresário diz que não vê momento de 'aventuras'

O empresário Abilio Diniz disse nesta segunda-feira, em evento do setor supermercadista, que não importa quem seja o novo presidente da República, o país logo retornará à normalidade e a “tensão e euforia devem acabar”.

“Qualquer que seja o presidente, um mês após eleição o país volta a normalidade. Após eleição, tensão e euforia vai acabar. Acho que não vamos sentir nada e após as eleições temos a Black Friday […] que ainda vai acontecer”, disse na Convenção Abras 2022, em Campinas (SP).

Sobre questões econômicas, Abilio diz que não vê momento de “aventuras”.

“Na economia não há espaço para aventuras e grandes guinadas. Não vejo como ter guinadas. Nosso grande medo não é recessão, podemos ter dúvidas, mas aqui não é isso. Quem será novo presidente? Na minha visão não vai acontecer nada. Nenhum presidente vai governar sem Congresso e temos instituições muito forte. Não adianta imaginar que um ou outro presidente fará o que quiser” , afirmou.

“O país veio de uma recessão pesada em 2015, começamos a recuperar e saímos de 2020 com 15 milhões de desempregados. Depois da pandemia reduzimos para 9 milhões. País entrou em 2021 e conseguimos crescer e em 2022 a pandemia arrefeceu.”

O empresário citou a crise de abastecimento de gás na Europa — Abilio é acionista do Carrefour na Europa e no Brasil.

“O que acontece nos EUA são pessoas angustiadas com inverno e crise de energia. O gás subiu entre 6 e 7 vezes na Europa e não há suficiente para a população. Nos EUA agora conseguimos contratar gente, mas está faltando mão de obra. Está faltando gente nos restaurantes, nos hotéis, e uma falta extraordinária que veio dos benefícios dados. Economistas falaram que deram demais [benefícios] e a conta chegou”, afirmou.

“Não tivemos uma distribuição tão grande [de benefícios] como os EUA, não temos nada dessa crise de pessoal que eles têm. Nossa questão é voltar a crescer. E o país não volta a crescer sem aumentar produtividade”.

Abilio disse que o “Brasil pode não ser paraíso, mas cresceu em 2021”.

“No Brasil, se falamos em PIB negativo em 0,5% depois foi para positivo de 1% e agora se fala em 3%. Tem gente no Brasil que gosta de traçar expectativa ruim. Relação da dívida liquida e PIB caiu sobre 2019, não é confortável mas não é sufocante, não temos problemas fiscais sérios. “

Ele citou o ministro Paulo Guedes, que estará no evento amanhã. “Ele não é fácil, mas gosto da escola dele, a escola liberal, e merece grande carinho”.”

O empresário foi perguntado por um supermercadista sobre o ativismo do Judiciário, mais especificamente do STF, no pais hoje.

“Todo tipo de ativismo que fugir de forma coordenada de fazer coisas, e sem grandes pressões, pode ser feito. Empresa de capital aberto, por exemplo, e sempre tem fundos ativistas. É normal. Mas não pode confundir com pressão. Não vejo problemas no Brasil nesse lado.”

Abilio comentou no evento a morte do filho João Paulo Diniz, há pouco mais de um mês. “ É uma dor terrível, mas tem que seguir em frente. Não desejo a ninguém o que estou passando.”

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