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CVC (CVCB3) têm forte queda com renúncia de presidente; analistas apontam fragilidades da companhia
O anúncio de que o diretor-presidente da CVC, Leonel Andrade, renunciou ao cargo é uma notícia negativa para a companhia, comentam analistas. A saída do executivo ocorre um mês após o diretor financeiro, Marcelo Kopel, deixar a posição, que vinha sendo acumulada por Andrade desde então.
Com a turbulência, as ações da empresa (CVCB3) caem 4,27%, cotadas a 2,67%. Em 12 meses, os papéis apresentam desvalorização de mais de 75%.
As ações da CVC fecharam o pregão da quarta-feira (24) em queda de 7,57%, cotadas a R$ 2,81, entre as piores do dia. O papel acumula baixa de 75% nos últimos 12 meses e de 37,4% só neste ano. Passos lembra ainda que Andrade estava lá há três anos na CVC e que era um nome forte lá dentro.
Substituição
A companhia já iniciou o processo de sucessão e pretende substituir os diretores “no menor prazo possível”, diz em comunicado. Até lá, contará com um Comitê de Transição, que será liderado pelo conselheiro Sandoval Martins.
Durante esse período, Eliane Silveira Lapa acumulará o cargo de diretora de governança com o de diretora financeira.
“O CFO e o CEO saírem em menos de um mês é um péssimo sinal para a companhia, inclusive esse último antecipou a sua saída e não esperou a reposição do cargo, segundo informações de pessoas próximas”, comenta Julia Monteiro, analista da MyCap, lembrando que Andrade estava conduzindo a reestruturação de dívidas da companhia.
Pagamento de dívidas
Como mostrou o Valor, a companhia vem efetuando pagamentos com credores. A CVC Corp tinha um total de R$ 655 milhões a vencer até junho, montante que caiu para R$ 124 milhões. A companhia tem até novembro para concluir um aumento de capital, fruto dessa renegociação com credores.
Andrade disse em pronunciamentos recentes que o aumento de capital é a prioridade do grupo. Entre as opções, estão uma oferta subsequente de ações e uma captação privada, com meta de que a captação fosse lançada em julho.
Quadro geral difícil
O analista Rafael Passos, sócio da Ajax Asset, afirma que a notícia se soma a um quadro geral difícil para a companhia, com um primeiro trimestre ainda frustrante, apesar da queda no prejuízo e leve aumento na receita.
“O primeiro trimestre decepcionou, a alavancagem está bem alta e a empresa assumiu o compromisso de um aumento de capital. Nesse cenário desafiador, tivemos essa sequência de abandonos ‘C-level’. Isso mostra que a situação de fato está mais delicada na CVC, então vai esbarrar no papel, hoje já vimos uma performance bastante fraca”, comenta.
Pressão de custos e juros
Para o gestor independente Niels Tahara, a saída de Leonel Andrade é negativa e pegou o mercado de surpresa. Ele destaca que a companhia ainda vem sofrendo com a pressão de custos, alta taxa de juros e cenário macroeconômico adverso para o setor de turismo.
“A empresa continua a apresentar prejuízo e pressão de custos, enquanto o cenário para a demanda permanece difícil, com a menor renda da população e o alto endividamento das famílias. Nesse sentido, entendemos que a saída reforça as dificuldades pelas quais a empresa vem passando”, avalia.
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