Denúncia de trabalho escravo no Lollapalooza e balanço ruim marcam dia da Time For Fun (SHOW3), que despenca na bolsa

Mais uma vez, ações desbabam antes de um grande evento, como aconteceu em 2022

Estrutura do Lollapalooza - Foto: Divulgação
Estrutura do Lollapalooza - Foto: Divulgação

As ações da Time For Fun ou T4F (SHOW3), empresa que produz o Lollapalooza, desabaram na bolsa na tarde desta quinta-feira (23), dia em que foi divulgada uma denúncia feita pela Superintendência Regional do Trabalho no Estado de São Paulo, ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego, de que o evento estaria empregando trabalho análogo à escravidão.

As ações caíram 7,87% no fechamento da sessão, cotadas a R$ 1,99, como volume de movimentação acima dos R$ 3 milhões. Nos últimos 12 meses, os papéis já perderam mais de 44% do seu valor.

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Apesar do tombo, a T4F não ficou na lista de cinco piores ações da bolsa nesta quinta. Com a queda acentuada que o Ibovespa sofreu, de 2,29%, caindo aquém dos 98 mil pontos, a empresa foi superada por várias outras com desvalorizações acima de 10%, com destaque para Tenda (TEND3) e Magazine Luiza (MGLU3), que perderam 16% e 13% do valor das ações, respectivamente, as piores quedas do dia.

Balanço

Na quarta-feira (23), a empresa divulgou seu balanço trimestral referente ao último quarto de 2022. A empresa fechou o quarto trimestre de 2022 com um prejuízo líquido de R$ 14,9 milhões, acima dos R$ 6 milhões negativos de igual trimestre de 2019. O resultado, entretanto, representou uma queda de 24% nas perdas na comparação com igual trimestre de 2021.

O presidente da empresa, Fernando Luiz Alterio, em teleconferência com analistas na manhã desta quinta-feira (23), disse que o cenário, entretanto, ainda é difícil, em meio a números bastante abaixo dos registrados antes da pandemia, uma vez que a empresa tem mais exposição a eventos de grande porte — último segmento a ganhar tração.

“Podemos deixar para trás o período mais desafiador na história da companhia e do mercado de entretenimento ao vivo. E fazemos isso com uma empresa mais resiliente e com margens mais fortes”, disse o executivo, destacando que o grupo conseguiu entregar eventos que haviam sido cancelados em 2020.

Lollapalooza

O evento musical realizado em São Paulo, um dos maiores do Brasil, começa na próxima sexta-feira (24) e vai até domingo (26), com ingressos vendidos de R$ 1.300 a R$ 5.300. A edição contará com a presença de artistas internacionais como Billie Eilish, Lil Nas X e Drake e movimentou mais de R$ 400 milhões na última edição, segundo a prefeitura de São Paulo.

Segundo a denúncia, publicada pelo portal Repórter Brasil, os funcionários, que tinham entre 22 e 29 anos, atuavam na informalidade, sem registros trabalhistas, dentro de uma tenda e ficavam proibidos de voltar para casa no final do dia, com a alegação da empresa de que precisavam cuidar dos produtos. Os profissionais trabalhavam como carregadores de bebidas.

O Lollapalooza informou à Repórter Brasil que mais de 9.000 pessoas trabalham no local do evento e que a prioridade é garantir “as devidas condições de trabalho”. Segundo o comunicado, “é terminantemente proibido pela T4F” que trabalhadores durmam no local.

A Time for Fun vem sofrendo com quedas na bolsa antes de grandes eventos. No ano passado, a empresa sofreu forte desvalorização quando o cantor Justin Bieber anunciou que não participaria dos eventos para os quais havia sido contratado.

Queda depois da alta

As ações da Time For Fun subiram na bolsa na última quarta-feira (22), com a perspectiva de bons resultados no balanço, o que não se concretizou.

Ainda assim, os papéis fecharam o último pregão em alta de 6,82%, um dos melhores desempenhos do dia entre todas as ações da B3.

Com informações de Cristian Favaro, Valor
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