Ações da Natura (NTCO3) despencam quase 20% após resultados fracos para o 4º tri de 2022
Analistas apontam números abaixo da projeção para o quatro trimestre de 2022
As ações da Natura (NTCO3) caíam 18,23% por volta das 15h35 desta terça-feira (14), cotadas a R$ 12,11, após o anúncio do balanço da empresa para o último trimestre de 2022, que vieram abaixo do esperado, segundo analistas do mercado.
A empresa saiu de lucro no quarto trimestre de 2021 para prejuízo líquido de R$ 890 milhões no mesmo período do ano passado. A receita também caiu, 10,8%, na comparação com o último trimestre de 2021.
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Recomendação e preço-alvo para as ações da Natura
O Citi tem recomendação neutra de risco alto para as ações da Natura &Co.
O preço-alvo estipulado pela empresa é de R$ 13, abaixo do valor de R$ 14,64 do fechamento da segunda-feira (13) na B3.
Citi: 2023 continuará sendo desafiador
A Natura &Co reportou números muito abaixo da projeção no quarto trimestre de 2022, principalmente devido aos resultados da América Latina, prejudicados pela maior exposição à categoria moda e casa no México e o pior ambiente macroeconômico no Peru e no Chile, avalia o Citi, em relatório. Para o banco, 2023 deve continuar sendo desafiador para a empresa.
Os analistas João Pedro Soares e equipe escrevem que as vendas líquidas do grupo vieram 6% abaixo da estimativa do Citi, com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) 9% abaixo. “O quarto trimestre foi desafiador e repleto de despesas pontuais e não caixa, incluindo baixas contábeis de ‘Loja e Ágio’ em Avon Products e The Body Shop”, dizem.
A Natura &Co reportou prejuízo de R$ 890 milhões, ante projeção do Citi de lucro de R$ 125 milhões, explicada por menores números operacionais e maiores despesas financeiras, dizem. Para os analistas, a mensagem da administração continua consistente de foco na geração de caixa e melhoria da estrutura de capital, com planos da Aesop em andamento.
A surpresa positiva, escrevem os analistas, foi que a Natura &Co gerou mais de R$ 1,2 bilhão em fluxo de caixa livre para o acionista, reduzindo a dívida líquida para R$ 7,4 bilhões, de R$ 8,8 bilhões no terceiro trimestre de 2022, enquanto a alavancagem atingiu um pico de 3,5 vezes dívida líquida sobre Ebitda.
XP: falta de definições sobre Aesop
A Natura &Co divulgou resultados fracos no quarto trimestre, avalia a XP Investimentos em relatório. A casa destaca o Ebitda ajustado 20% abaixo das estimativas, principalmente devido a dinâmicas mais fracas na América Latina, enquanto uma baixa contábil por redução ao valor recuperável de bens ativos (“impairment”) de R$ 383 milhões pressionou o lucro líquido.
“Além disso, nenhum anúncio quanto à venda da Aesop foi realizado, com a companhia dizendo que continua a analisar alternativas estratégicas para o ativo, o que acreditamos que possa desapontar o mercado”, observam os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt.
A receita líquida consolidada caiu 11% no comparativo anual, devido a um efeito cambial negativo em todas as unidades de negócio. Ainda assim, os analistas apontam pontos positivos na Natura Brasil, com crescimento de 18% em base anual na receita por conta de preço/mix e produtividade das consultoras.
A Avon Brasil também mostrou alguma recuperação, com crescimento de 7,5% na receita, impulsionado principalmente pelo segmento de beleza (+12%) e produtividade melhor das representantes. Por outro lado, lembram que o cenário macro mais desafiador pressionou as vendas da The Body Shop (TBS) e também levou a dinâmicas mais fracas no Peru e no Chile.
“Observamos que a produtividade das consultoras da Natura Brasil desacelerou no trimestre, que o ‘sellout’ mais fraco da TBS deve continuar pressionando os estoques dos franqueados e que a entrada da Aesop na China é surpreendentemente positiva, com as 2 lojas entre os melhores desempenhos do mundo”, dizem os analistas.
Avon Internacional
Eles ainda ressaltam que a Avon Internacional conseguiu repassar a inflação para os preços, mas teve problemas pontuais na cadeia de suprimentos no trimestre e continua enfrentando desafios devido ao conflito na Rússia e Ucrânia.
A companhia também apresentou suas projeções para 2023. Os executivos se mantêm focados na geração de caixa e estrutura de capital, com espaço para melhora do capital de giro e impostos, bem como nos investimentos.
Além disso, os custos de integração com a Onda 2 devem ser parcialmente compensados por desinvestimentos de ativos na América Latina, ao mesmo tempo em que a companhia continua avaliando alternativas estratégicas para a Aesop, destacando que a venda de uma participação é uma possibilidade.
A administração também destacou que a empresa está otimizando as geografias da Avon Internacional, com a saída de países não rentáveis e simplificação dos mercados europeus.