Ações da Pague Menos sobem após resultado surpreendente e têm espaço para mais altas, dizem analistas

Incorporação bem-sucedida da Extrafarma foi um dos pontos positivos no trimestre, dizem analistas

Rede de farmácias Pague Menos, que tem ações na B3 - Foto: divulgação
Rede de farmácias Pague Menos, que tem ações na B3 - Foto: divulgação

A Pague Menos (PGMN3) registrou lucro líquido de R$ 101,9 milhões no quarto trimestre, quase cinco vezes mais do que no mesmo período de 2021. Em termos ajustados, retirando efeitos não recorrentes da aquisição da Extrafarma, o lucro líquido foi de R$ 46,5 milhões, crescimento de 78,8% na comparação anual.

Por volta das 14h15, as ações da empresa subiam 0,89% na bolsa de São Paulo, cotadas a R$ 3,40.

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Receita e lucro

A receita líquida da operadora de farmácias chegou a R$ 2,84 bilhões entre outubro e dezembro, alta de 37% ante igual intervalo do ano anterior. Considerando somente os resultados da rede Pague Menos, as receitas aumentaram 11,4% no ano, a R$ 2,31 bilhões.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de R$ 327,8 milhões no quarto trimestre, o dobro ante R$ 151,5 milhões em 2021. Em termos ajustados, o indicador ficou em R$ 232,5 milhões, o que representa aumento de 46,2% no ano. A margem Ebitda ajustada foi de 8,2%, crescimento de 0,5 ponto percentual no ano.

“O ano de 2022 foi o terceiro ano consecutivo de crescimento relevante, incremento de rentabilidade e desenvolvimento da nossa estratégia de ampliação da presença na cadeia de saúde, posicionando a Pague Menos com relevância no atendimento primário no ecossistema de saúde brasileiro”, diz a empresa.

Recomendações de compra

Após os resultados, a XP anunciou recomendação de compra para Pague Menos, com preço-alvo em R$ 7, potencial de alta de 107,7% sobre o fechamento de ontem.

O Credit Suisse também recomendou compra para os papéis depois do balanço, com preço-alvo de R$ 12,87, valor 3,5 vezes acima do preço registrado na manhã desta terça.

O BB Investimentos mantém a recomendação de compra para as ações da Pague Menos e o preço-alvo para o final de 2023 em R$ 10,20, alta potencial de 197% sobre a cotação atual.

O Santander tem recomendação de compra para as ações da Pague Menos, com preço-alvo de R$ 6,50, potencial de alta de 78% ante o valor negociado na B3.

XP: ganhos robustos com sinergias e ganhos de eficiência

A Pague Menos apresentou resultados robustos no quarto trimestre, com controle de despesas e captura de sinergias adiantada como principais destaques no período, diz a XP.

Os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt escrevem que a companhia teve crescimento nas receitas com integração da Extrafarma, melhor desempenho na bandeira Pague Menos e retomada da estratégia de expansão.

A corretora nota que a companhia viu crescimento nas margens, com expansão dos resultados da Extrafarma e melhor mix de produtos. Ganhos de eficiência nas lojas também ajudou o desempenho operacional, notam.

“O indicador de vendas mesmas lojas foi pressionado pela performance de dezembro, por conta do fluxo reduzido durante a Copa do Mundo, enquanto as regiões Norte e Nordeste continuam com performance pior que as regiões mais frias”, comentam.

Credit Suisse: consolidação da Extrafarma é destaque

A Pague Menos reportou crescimento orgânico no quarto trimestre, com a consolidação da Extrafarma contribuindo para a receita, mas prejudicando a margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), diz o Credit Suisse, em relatório.

Os analistas Mauricio Cepeda e Pedro Caravina destacam, do lado positivo, a consolidação da Extrafarma, com 376 lojas adicionais, e a aceleração de lojas Extrafarma, que cresceram 9,1% em base anual, além de crescimento orgânico, com 118 aberturas de lojas nos últimos 12 meses, e crescimento digital.

Do lado negativo, escrevem, ambas as marcas cresceram menos que o mercado no trimestre, e a relação dívida líquida e Ebitda continuou em 2,6 vezes, após o primeiro pagamento do negócio da Extrafarma, estoque adicional e serviço da dívida.

“A empresa está bem posicionada em um mercado de crescimento consistente, do varejo farmacêutico”, dizem. Para eles, a empresa está acelerando a Extrafarma, mas o elevado endividamento pode impedir uma ação positiva das ações no curto prazo, apesar desse potencial.

BB: Extrafarma fez pressão negativa

A Pague Menos reportou bons resultados no quarto trimestre de 2022, diz o BB Investimentos em relatório. Para o banco, apesar da operação da Extrafarma ainda pressionar o resultado consolidado, o avanço na captura de sinergias da aquisição, combinado com a evolução dos indicadores da Pague Menos excluindo Extrafarma, sinalizam que a companhia vem colhendo frutos da boa execução do seu planejamento estratégico.

A analista Georgia Jorge destaca que as ações da companhia estão próximas da mínima dos últimos 12 meses, refletindo a preocupação dos investidores com os efeitos da manutenção da taxa de juros em patamares elevados por um período mais prolongado. Para o banco, isso impacta negativamente companhias mais endividadas e com maior necessidade de investimentos para crescer, como é o caso da Pague Menos.

Ela acrescenta que, apesar de o banco concordar que o cenário macroeconômico ainda pesa sobre a Pague Menos, o preço atual não reflete o valor justo da companhia, que será revisado para incorporar os resultados do segundo semestre de 2022 e a evolução do plano de captura das sinergias referentes à aquisição da Extrafarma.

Santander: Pague Menos supera projeção

A Pague Menos reportou receita em linha com estimativas no quarto trimestre de 2022, e superou as projeções em rentabilidade, com mensagens positivas quanto à captura de sinergias, avalia o Santander, em relatório.

Os analistas Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo destacam a melhora na margem bruta da Extrafarma no trimestre, reforçando a execução robusta na captura de sinergias.

Além disso, de forma independente, a Pague Menos entregou expansão de margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), graças à disciplina em despesas gerais e administrativas.

Por fim, o lucro líquido superou em 23% as estimativas do Santander, impulsionado por um crédito de imposto de renda de R$ 63 milhões referente a juros sobre capital próprio, que mais do que compensou o resultado negativo antes de impostos em base consolidada.

Avanço espacial e em margem de lucro

Segundo o grupo, ela finalizou 2022 com 1.270 lojas da rede Pague Menos, crescimento de 9% no ano, e 376 da bandeira Extrafarma. O tíquete médio na Pague Menos foi de R$ 77,20, enquanto na Extrafarma foi de R$ 67,88. As vendas médias por mês ficaram em R$ 621 mil na Pague Menos e em R$ 468 mil na Extrafarma.

A companhia destaca que já no quarto trimestre observaram uma melhora sequencial no desempenho das margens, que estavam pressionadas com a incorporação dos resultados da Extrafarma durante o terceiro trimestre, relacionada ao início de captura de sinergias no valor de R$ 14 milhões entre outubro e dezembro.

No acumulado de 2022, a Pague Menos registrou lucro líquido de R$ 263,7 milhões, alta de 60,3% sobre o ano anterior. Em termos ajustados, houve queda de 23,6%, a R$ 134,8 milhões. As receitas líquidas somaram R$ 9,18 bilhões entre janeiro e dezembro, alta de 22%. O Ebitda foi de R$ 1,02 bilhão no ano passado, crescimento de 56,9%.

A companhia finalizou 2022 com uma dívida líquida de R$ 1,16 bilhão, ante R$ 535,5 milhões no ano anterior, com os efeitos da aquisição da Extrafarma. A alavancagem ficou em 1,4 vez o Ebitda ajustado. O fluxo de caixa livre foi negativo em R$ 97,1 milhões no quarto trimestre.

Caso Americanas repercute no setor

A concessão de antecipação de recebíveis para fornecedores, que constitui o chamado risco sacado no balanço das empresas, diminuiu após o caso Americanas. A análise é do diretor financeiro da Pague Menos, que realizou há pouco teleconferência de resultados do quarto trimestre.

Segundo Luiz Novais, ao final do quarto trimestre do ano passado esse tipo de operação somava R$ 240 milhões na companhia. Após o escândalo contábil da Americanas, que indicava inconsistências iniciais de pelo menos de R$ 20 bilhões relativas a operações de risco sacado, o fluxo dessas operações diminuiu. “Bancos têm certa restrição para concessão”, afirma o diretor financeiro da rede de drogarias.

Por outro lado, os fornecedores também estariam recorrendo menos a antecipação de recebíveis, refletindo em uma queda de adesão. Luiz Novais afirma que o risco sacado é uma operação comum e adotada por diversos tipos de parceiros.

“Temos multinacionais, temos fornecedores locais menores, todo e qualquer tipo de fornecedor faz adesão a esse tipo de ferramenta para seu fluxo de caixa”, afirmou o executivo.

No relatório de resultados do quarto trimestre, a Pague Menos afirma que o risco sacado foi reclassificado da linha “fornecedores” para “empréstimos e financiamentos”. De acordo com a companhia, o objetivo é dar mais destaque e transparência a esse tipo de operação.

Inaugurações chegaram perto da meta

A Pague Menos realizou a abertura de 118 lojas durante o ano passado, enquanto a meta era de 120 novas lojas. A companhia realizou há pouco teleconferência de resultados do quarto trimestre.

O diretor-presidente da Pague Menos, Mário Queirós, considera que a meta foi relativamente cumprida, visto que as duas aberturas restantes foram realizadas em janeiro de 2023.

Ainda de acordo com o executivo, a companhia está caminhando para aumentar sua participação de mercado, a medida em que os concorrentes vêm desacelerando a expansão. Ao final do ano passado, a participação de mercado foi de 6%, com destaque para as regiões Nordeste (19,1%) e Norte (15%).

Um dos impulsionadores, segundo Queirós, será o desenvolvimento das novas unidades. “As lojas que a gente abriu ao longo dos últimos dois anos estão começando a contribuir mais com o resultado”, afirma.

O percentual de lojas maduras da rede Pague Menos ao final de 2021 era de 9,3%, enquanto ao final do ano passado o indicador era de 6,1%.

Outra importante avenida de crescimento, na visão do diretor-presidente da companhia, é a oportunidade de expansão das operações digitais nas regiões Norte e Nordeste.

As televendas, que representam 25% das operações da Pague Menos, ainda são amplamente utilizadas nessas regiões em detrimento do on-line, de acordo com Queirós.

Extrafarma terá break-even ‘em pouco tempo’

A Extrafarma já apresentou um bom nível de captura de sinergias com a Pague Menos, especialmente nos indicadores de margem bruta, de acordo com o diretor financeiro Luiz Novais. A Pague Menos realizou há pouco teleconferência de resultados do quarto trimestre de 2022.

A expectativa do executivo é de que a Extrafarma atinja o ‘break-even’, ou seja, equilíbrio das operações, “em pouco tempo”. A companhia, porém, afirma que não deve revisar suas projeções para a rede antes do terceiro trimestre deste ano.

No último trimestre a Extrafarma ainda registrou resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização negativo, embora o desempenho tenha avançado sequencialmente. A integração das operações também representou uma queda de lucro líquido anual para a Pague Menos.

Uma das iniciativas já em prática foi a unificação dos programas de fidelidade das duas redes no Sempre Bem.

O programa permite agora a assinatura do pacote Sempre Bem Ouro+ por R$ 19,90 mensais, incluindo benefícios como atendimento por telemedicina. Até então, o Sempre Bem Ouro era restrito para clientes com gastos semestrais acima de R$ 1,2 mil.

Falhas na cadeia de suprimentos

O diretor-presidente da Pague Menos, Mário Queirós, afirma que as falhas na cadeia de suprimentos permanecem como um obstáculo no cenário macroeconômico global. A companhia realizou teleconferência de resultados há pouco.

Queirós afirma que recentemente esteve nos Estados Unidos e verificou falhas de estoque em redes varejistas como o Walmart. No Brasil, a companhia tem enfrentado problemas com o fornecimento de itens como antibióticos.

De acordo com Queirós, a Pague Menos está recebendo da indústria farmacêutica carregamentos de amoxicilina, por exemplo, bem abaixo da quantidade solicitada. “O mercado está voltando aos poucos”, afirma o executivo.

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