Shein: Ações relacionadas ao site asiático disparam pelo segundo pregão seguido
Na sexta, empresas já haviam avançado consideravelmente na bolsa, derrubando as ações das principais varejistas do país
As empresas que anunciaram acordo com a Shein para nacionalizar parte importante da produção do site asiático comercializada no Brasil disparam na bolsa no começo da tarde desta segunda-feira (5).
Por volta das 12h, as ações preferenciais da Coteminas (CTNM4) avançavam 16,66% na bolsa, cotadas a R$ 3,92, a maior alta do dia até então. Apesar do desempenho, os papéis ainda possuíam volume reduzido, de R$ 640 mil movimentados no dia.
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As ações ordinárias da Springs (SGPS3) subiam 15,09%, a segunda maior alta entre todas as ações, com os papéis valendo R$ 2,44 e volume de R$ 2,3 milhões.
As ordinárias da Santanense (CTSA3) subiam 13,33%, a R$ 4,74, com pouco mais de R$ 220 mil negociados até o momento. As ordinárias da Coteminas (CTNM3) subiam 10,15%, cotadas a R$ 11,50, com negociação na casa dos R$ 140 mil ao longo do pregão.
Altas de quase 33%
Na sexta-feira, as ações ordinárias da Springs subiram quase 33%, acompanhadas à certa distância das preferenciais da Santanense e Coteminas, que avançaram 16% e 14% no final daquela sessão.
Por outro lado, as varejistas brasileiras sentiram o baque do avanço da gigante asiática no país. A Via perdeu mais de 10% do seu valor, a C&A e o Magazine Luiza perderam quase 5% cada.
Outra empresa que foi impactada negativamente pelas repercussões acerca da Shein foi a Infracommerce, que desceu 7% no pregão de sexta. A companhia é uma das principais fornecedoras de infraestrutura para e-commerces e marketplaces nacionais.
Aproximação com a Shein
As empresas que anunciaram parceria com a Shein pertencem ao industrial brasileiro Josué Gomes, que é presidente da Fiesp e foi cotado, no final do ano passado, para ser ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, posição que foi acumulada pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, após a recusa de Gomes ao cargo.
A parceria entre as brasileiras e o site asiático foi anunciada em meados de abril, no auge da discussão sobre a tributação dos e-commerces estrangeiros, que, segundo o governo, vinham utilizado de subterfúgios para pagar menos impostos. Entre as principais práticas estava a emissão de produtos ao Brasil com os benefícios garantidos apenas a pessoas físicas.
Com o cerco se fechando em torno dos sites estrangeiros, a Shein se antecipou e anunciou que pretendia internalizar 80% da produção do que é vendido ao Brasil. Na última sexta-feira (2), o presidente do grupo para América Latina, o boliviano Marcelo Claure, deu entrevista a veículos brasileiros falando sobre a ambição que tem do país ser o grande produtor do que a Shein vende para a América Latina. Além disso, Claure afirmou que as peças aqui produzidas poderão ser mais baratas que as feitas na Ásia.
Tributação
O governo brasileiro admitiu a possibilidade de acabar com a isenção de impostos sobre encomendas internacionais com valor até US$ 50, o que impactaria as vendas da Shein e outras empresas internacionais, como Shoppe e Ali Express, para o país. Com a repercussão negativa, o governo recuou.
Na última semana, o Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados (Comsefaz) decidiu unificar em 17% a alíquota sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para e-commerces e marketplaces estrangeiros. Anteriormente, alguns estados chegavam a cobrar 31%, segundo o Comsefaz.