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Ambev: Analistas divergem sobre qualidade dos resultados, mesmo com lucro subindo 34%
A Ambev (ABEV3) teve aumento de 35,7% no lucro líquido no quarto trimestre de 2022, quando chegou a R$ 5,083 bilhões, segundo relatório de balanço da empresa. A receita líquida foi de R$ 22,693 bilhões no período, alta de 3,1% em comparação ao resultado do último trimestre de 2022.
No ano de 2022, o lucro líquido aumentou 13,5% ante 2021, para R$ 14,891 bilhões. A receita líquida teve alta de 9,4%, para R$ 79,708 bilhões, ante o ano anterior, e o Ebitda teve aumento de 3,9%, para R$ 23,770 bilhões.
Mesmo com o aumento considerável do lucro, os analistas não entraram num consenso sobre a qualidade dos resultados da empresa.
A maior parte dos analistas se mostrou cética com relação aos fundamentos da empresa, o que repercutiu no mercado. Por volta das 15h10, as ações desciam 2,23%, a R$ 13,17.
BTG: resultados de baixa qualidade
Os resultados da Ambev no quarto trimestre foram fracos, de qualidade duvidosa, com efeitos não recorrentes no lucro e no resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), diz o BTG Pactual.
Os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin escrevem que o Ebitda de R$ 7,1 bilhões foi 3% abaixo do esperado e teve efeitos positivos da inflação na Argentina, ganhos tributários no Brasil e recuperação na América Central.
As vendas de R$ 22,7 bilhões foram 7% abaixo das estimativas, com os volumes no Brasil crescendo apenas 4% no ano, sugerindo que a Ambev parou de ganhar participação no mercado brasileiro.
Para esse ano, o banco destaca que a perspectiva de custos menores é positiva, mas isso precisa ser acompanhando de aumento qualitativo nas receitas, ou seja, por meio de crescimento de volumes.
O BTG Pactual tem recomendação neutra para Ambev, com preço-alvo em R$ 16. Há pouco, as ações caíam 2,67%, cotadas em R$ 13,11.
BofA: melhor que o esperado
O resultado do quarto trimestre da Ambev veio acima do esperado pelo Bank of America (BofA), apesar da gestão de custos ter impactado os volumes da companhia, que ficaram 3% abaixo das estimativas do banco.
A Copa do Mundo ajudou no crescimento de 4% nos volumes de cerveja no Brasil, porém, as chuvas acima da média nas principais cidades brasileiras impediram que esse aumento fosse maior. Já as bebidas não alcoólicas apresentaram uma alta de 7% nos seus volumes, em linha com o esperado.
Olhando para o futuro, o BofA acredita que a inflação de custos comece a diminuir, levando a uma potencial recuperação nas margens. Para 2023, a Ambev estima que o custo por litro da cerveja no Brasil crescerá entre 6% e 9,9%, em linha com os 8% esperados pelo banco.
Segundo o banco, esse aumento nos custos, junto com os preços elevados da cevada, pode ser compensado pelo carregamento de preços de 2022 para 2023, repasse adicional e gerenciamento de receita para que a Ambev possa expandir as margens no Brasil no próximo ano.
O BofA mantém a sua indicação neutra sobre as ações da Ambev, com preço-alvo de R$ 16,50, uma valorização potencial de 22,5% sobre o preço atual dos papéis.
Itaú BBA: em linha com projeções
Os resultados da Ambev no quarto trimestre foram dentro do esperado, considerando estimativas já conservadoras para o período, diz o Itaú BBA. Os volumes no Brasil ficaram no piso das projeções, enquanto a recuperação na lucratividade das operações na América Central e Caribe é destaque positivo.
Os analistas Gustavo Troyano e Renan Moura escrevem que o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 7,1 bilhões foi 1% acima do esperado, com custos elevados, mas dentro do esperado, segurando o indicador.
No Brasil, os volumes de cerveja cresceram 4% no ano, abaixo do esperado, enquanto os custos também cresceram menos que as estimativas, compensando o crescimento baixo nos volumes, mas expandindo margens timidamente.
“Por enquanto mantemos uma visão cautelosa sobre Ambev porque precisamos de sinais mais fortes na expansão de margem da companhia”, comentam. Inflação de custos menor em 2023 pode ser o gatilho desse movimento, pondera o banco.
O Itaú BBA tem recomendação neutra para Ambev, com preço-alvo em R$ 18. Há pouco, as ações caíam 2,38%, cotadas em R$ 13,15.
Citi: 4º tri misto
A Ambev reportou receita líquida abaixo das estimativas no quarto trimestre, de acordo com o Citi, enquanto o lucro líquido superou as projeções. O banco espera que o mercado tenha reação mista nesta quinta-feira.
De acordo com o relatório, assinado pela equipe do analista Sergio Matsumoto, a principal surpresa positiva foi a expansão da margem Ebitda do cone sul da América do Sul (LAS) para 40,4%, resultado do mix de marcas positivo e da gestão de preços.
Por outro lado, a margem Ebitda do Brasil foi prejudicada pelo volume abaixo do esperado na Copa do Mundo, que se refletiu em menor diluição de custos fixos.
A receita da Ambev no último trimestre, que somou R$ 22,69 bilhões, ficou 5,9% aquém das projeções do Citi. O lucro bruto veio 3,2% abaixo das estimativas, enquanto o lucro líquido superou em 28,5% as projeções, impulsionado por efeitos tributários.
A recomendação do Citi para Ambev é de compra, com preço-alvo de R$ 18,50, potencial de alta de 41% ante a cotação registrada há pouco.
Credit Suisse: resultados pressionados por volumes baixos
Os volumes de cerveja da Ambev no quarto trimestre decepcionaram, crescendo no Brasil apenas 4% no ano, abaixo de estimativas já conservadoras, sendo pressionada pelo cenário macroeconômico mais desafiador, diz o Credit Suisse.
As analistas Marcella Recchia e Fernanda Sayão escrevem que mesmo com os volumes menores, a companhia apresentou crescimento nas margens, superando os custos que permanecem em patamares elevados.
“Em números consolidados, novamente uma performance mais fraca nas operações internacionais compensou desempenho melhor no Brasil, resultando em números abaixo das expectativas”, comentam.
O banco nota que o lucro líquido de R$ 5 bilhões superou expectativas, mas é de qualidade baixa, uma vez que foi sustentado por efeitos tributários positivos após pagamento de juros sobre capital próprio.
As metas para 2023 também não apresentaram surpresas, com continuidade no foco da recuperação de crescimento nos volumes e menores custos, o que deve impulsionar lucro neste ano.
O Credit Suisse tem recomendação de compra para Ambev, com preço-alvo em R$ 18, potencial de alta de 33,6% sobre o fechamento de ontem.
XP: acima das expectativas
Os resultados de quarto trimestre da Ambev vieram acima do esperado, com bom desempenho nas operações do Brasil, apresentando uma esperada evolução, ainda que tímida, em suas margens, diz a XP.
Os analistas Leonardo Alencar e Pedro Fonseca escrevem que os volumes de cerveja no país cresceram 4% ao ano, mesmo com o clima mais ameno, impulsionado pela Copa do Mundo e consumo fora de casa.
A corretora destaca o crescimento de 20% nas marcas premium da Ambev, o que levou a um aumento de 12% nas receitas por hectolitro, acima do esperado, sustentando crescimento de 17% na receita total.
“As unidades internacionais, no entanto, continuam desapontando e os sinais de melhoria no curto prazo ainda são frágeis”, comentam. América Central, Caribe e América do Sul apresentaram evolução sequencial nos resultados.
O lucro líquido da Ambev também surpreendeu, a R$ 5,3 bilhões, ajudado por efeito tributário positivo, menor efeito negativo de derivativos e outros ajustes que acabaram impulsionando o número.
A XP tem recomendação de compra para Ambev, com preço-alvo em R$ 18,10, potencial de alta de 34,3% sobre o fechamento de ontem.
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