Ações de Americanas (AMER3) caem 66% com anúncio de fim de ‘guidance’ e novas ações em circulação

Além da situação específica de Americanas, o setor de varejo vem enfrentando dificuldade em elevar margens, sofrendo pressão inflacionária e de juros

Vista da fachada da Lojas Americanas (AMER3), em Petrópolis (RJ). Foto: Davi Corrêa/Futura Press/Estadão Conteúdo
Vista da fachada da Lojas Americanas (AMER3), em Petrópolis (RJ). Foto: Davi Corrêa/Futura Press/Estadão Conteúdo

As ações de Americanas (AMER3) abriram em forte queda nesta quinta-feira e já entraram duas vezes em leilão, recurso acionado na B3 quando há volatilidade excessiva ou falta de liquidez.

Às 11h30, chegaram a R$ 0,10 e, agora, são negociadas a R$ 0,11, com recuo de 66% frente ao fechamento de R$ 0,33 do dia anterior. A cotação é a nova mínima histórica do papel.

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Segundo analistas, dois fatores puxaram a forte queda. Em fato relevante no fim da noite de quarta-feira, a empresa informou que não divulgará mais suas projeções (“guidance”) de resultados.

“Tal decisão foi tomada de forma a permitir que a companhia reavalie a expectativa de desempenho futuro em razão da divulgação, na data de hoje, dos seus resultados do exercício social findo em 31 de dezembro 2023 e dos trimestres findos em 31 de março de 2024 e 30 de junho de 2024”, afirma a empresa.

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Sem guidance, sem lock-up

“Sem o guidance os investidores ficam ainda mais no escuro, o que compromete o processo de recuperação da confiança frente ao histórico de fraude”, comenta um deles, que pediu para não ser identificado. “Então, o mercado está exigindo mais prêmio de risco”, completou.

Além da situação específica de Americanas, o setor de varejo vem enfrentando dificuldade em elevar margens, sofrendo pressão inflacionária e de juros. “Numa análise relativa, a bolsa tem alternativas melhores no setor, menos arriscadas, mais seguras e mais claras para se investir”, acrescenta.

Além disso, com o fim do “lock-up” de R$ 18,8 bilhões em ações nas mãos de credores que aceitaram trocar a dívida que tinham a receber por esses papéis, houve um grande aumento das ações em circulação. O “lock-up” é uma cláusula contratual que estipula um prazo no qual os investidores não podem vender as ações de uma empresa, sob pena de multa.

A expectativa era de que estes credores despejassem as ações no mercado, já que se tornaram acionistas de maneira forçada e, dessa forma, podem recuperar parte do que perderam com as dívidas não pagas.

Forte aposta na queda do papel

Contribui ainda para a desvalorização um forte movimento de aposta na queda do papel, com grande procura por aluguel das ações iniciada em julho que chegou a elevar a cotação em até 129%, mas a partir do último dia 5 a pressão dos “vendidos”, ou seja, dos que apostam na queda, foi mais forte.

A operação de aluguel acontece quando o investidor acredita que o preço de uma ação vai cair, mas não tem o papel. Então ele aluga e paga uma taxa por isso. Ao fim do contrato ele tem que devolver as ações ao dono original. Como ele espera que o preço caia, o ganho acontece quando compra o papel mais barato do que vendeu, para devolver.

No caso de Americanas, o volume financeiro de contratos de aluguel da ação subiu de R$ 80 milhões em junho para R$ 161 milhões em julho e, em agosto até dia 12, a R$ 164,8 milhões, segundo levantamento feito por Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, a pedido do Valor. Cerca de 4% das ações de Americanas em circulação no mercado estão envolvidos nessas operações, o que é relevante, dado o baixo volume de negociação do papel.

A taxa pela operação saiu de uma média em torno de 30% ao ano em 2024 até maio, para 84% em junho, 240,73% em julho e 419% em agosto (até dia 12). Com isso, o volume médio diário de negociação subiu de R$ 7,3 milhões em maio e R$ 7,4 milhões em junho para R$ 28 milhões em julho. Em agosto até dia 12, a média está em R$ 20 milhões.

Reagrupamento no fim de agosto

No próximo dia 26 de agosto, as ações da companhia serão agrupadas na proporção de 100 para 1, que elevaria a cotação para R$ 11, se considerada a cotação de hoje.

Na noite de quarta-feira, a varejista divulgou prejuízo de R$ 2,27 bilhões em 2023, frente a resultado negativo de R$ 13,2 bilhões no ano anterior. No segundo trimestre, a perda chegou a R$ 1,86 bilhão, 48,1% maior frente ao mesmo período de 2023.

Com informações do Valor Econômico

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