Carrefour: entrar, sair ou segurar as ações para lucrar com o fechamento de capital?

Prêmio para quem investir nas ações do Carrefour (CRFB3) pode ser de 5,5%. Não é desprezível, mas será que vale o risco?

Empresas citadas na reportagem:

As ações do Carrefour (CRFB3) ainda são opções para colocar na carteira para tentar um ganho em cima da hora, antes do fechamento de capital da empresa? Ou o melhor é ficar longe e, quem tem os ativos, se desfazer rapidamente? Analista ouvidos pela Inteligência Financeira avaliam o que fazer com CRFB3.

O prêmio para quem investir hoje nas ações do Carrefour pode ser de 5,5% ao final de quatro ou seis meses, período esperado para que seja concretizado o fechamento de capital. A Selic deve dar algo próximo de 1% ao mês no mesmo período na média. O cálculo é de Marco Noernberg, líder de renda variável da Manchester Investimentos.

Assim, investir nas ações do Carrefour ou no CDI tendem a ter rentabilidade parecida, segundo análise de Noernberg. Contudo, a cobrança de Imposto de Renda para ações é menor que a da renda fixa, 15% contra 22,5%.

Ganho com Carrefour pode acontecer

O analista diz que o ganho “não é super expressivo” se comparado a investimentos conservadores no mesmo período, como um CDB que pague 100% do CDI. “Não parece ser um supernegócio”, avalia.

Agora, para quem acredita no potencial de longo prazo do Carrefour SA (controlador do Carrefour Brasil), “manter os BDRs pode ser uma opção interessante, com possível valorização futura”. A avaliação é de Hayon Silva, analista da Nova Futura Investimentos.

“Vender parcialmente e manter BDRs também pode ser uma boa estratégia para balancear risco e exposição, caso o investidor queira garantir parte do prêmio e ainda se beneficiar de eventuais ganhos com a controladora”, acrescenta Silva.

Incertezas podem atrapalhar desempenho do CRFB3

Acilio Marinello, sócio-fundador da Essentia Consulting, diz que “não é o momento para entrar”. Ele diz que sempre que há uma saída da bolsa, existem incertezas relacionados às implicações burocráticas. E isso pode causar volatilidade nos ativos ao longo do processo.

Nesse sentido, “quem já está comprado, existe grande oportunidade de vender”, diz o especialista. Mas ele pondera que essa decisão será positiva caso o investidor já tenha realizado algum lucro”.

Por outro lado, se o investidor entrou no papel num momento de queda e não conseguiu números positivos até agora, a melhor opção talvez seja vender parte dos ativos e transformação do restante em BDR.

Ainda assim, há riscos. Isso porque o BDR do Carrefour SA não tem tanta liquidez. “Pode ser que (o investidor) tenha alguma dificuldade para depois liquidar a operação”, diz Marinello.

E se a operação azedar?

Por fim, caso tenha algum desencontro entre conselho e acionistas, “o principal evento de imediato seria uma volatilidade desses papéis”, diz o sócio-fundador da Essentia Consulting. Assim como a ação teve alta expressiva, pode haver queda importante também.

Silva, da Nova Futura, diz que há sempre o risco de que as negociações não avancem ou sejam rejeitadas pelos acionistas minoritários. “Se isso ocorrer, pode resultar em volatilidade nas ações, com uma possível desvalorização, dado que o mercado já precifica uma possível concretização da transação”. Contudo, esse cenário é improvável neste momento.

Assim, se de fato acontecer a OPA, o preço deve começar a subir de maneira mais linear, “cada dia um pouquinho, até esse limite (de R$ 7,70)”, acrescenta Noernberg, da Manchester.

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